Uma surra pode deixar uma marca na criança que é pior do que o desenho vermelho das mãos. Palmadas e outras punições corporais atrasam a inteligência infantil, segundo demonstra um novo estudo.
O Q.I. (quociente de inteligência) de crianças entre 2 e 4 anos que receberam palmadas regulares de seus pais caiu mais de cinco pontos no decorrer de quatro anos, comparado com o de crianças que não levaram palmadas.
O Quoeficiente de Inteligência apresenta queda de 5.5 pontos com palmadas. Vale ressaltar que o estímulo intelectual é mais importante, diz estudo. "O lado prático disso é que os pediatras e psicólogos precisam começar a dizer: " Não batam, sob qualquer circunstância!", diz Murray Straus ( sociólogo da Universidade de New Hampshire, em Durham) que capitaneou o estudo juntamente a Mallie Paschall (do Centro de Pesquisa e Prevenção em Berkeley, na Califórnia)
Sem desculpas
Essas não são as primeiras evidências de que bater em crianças traz um custo. Tomografias do cérebro de crianças severamente castigadas, descobriram que receber surra baixa o desempenho cerebral. No entanto, os novos pesquisadores fazem uma ligação mais forte no relacionamento de causa e efeito entre surras e inteligência.
Elizabeth Gershoff, pesquisadora de desenvolvimento infantil da Universidade do Texas, examinou crianças no decorrer de quatro anos, além de calcular muitas variáveis passíveis de confusão, como a etnia dos pais, educação e se eles faziam leituras para as crianças ou não.
Straus e Paschall analisaram dados coletados nos anos 1980 como parte de uma pesquisa nacional de saúde infantil. Em 1986, um estudo anterior mensurou o Q.I. de 1.510 crianças com idade entre 2 e 9 anos, e também observou a frequência em que suas mães as submetiam a punições corporais. Os pesquisadores repetiram os testes quatro anos depois. Os pesquisadores separaram as crianças em dois grupos de idade --2 a 4 anos e 5 a 9-- porque alguns psicólogos infantis afirmam que surras ocasionais são aceitáveis em crianças mais novas, mas não em crianças mais velhas. (Eu não concordo com esta parte)
Abaixo às palmadas
As projeções revelaram que 93% das mães bateram em crianças entre 2 a 4 anos ao menos uma vez por semana, e que 58% recorreram à disciplina física com crianças mais velhas. Quase metade das mães das crianças mais novas bateram em seus filhos três ou mais vezes por semana, apontaram Straus e Paschall.
Quatro anos depois, as crianças mais novas que jamais apanharam de suas mães tiveram um ganho de 5.5 pontos de Q.I., se comparadas com crianças que sofreram punições corporais, enquanto os mais velhos que não apanharam ganharam 2 pontos de Q.I. em relação aos que não apanharam. Estes resultados põem em dúvida a prática de surra apenas nas crianças mais novas, diz Straus. "Uma das ironias mais cruéis é que as crianças novas são mais propensas a risco porque seus cérebros têm partes de desenvolvimento ainda em formação". (Esta parte eu concordo!)
Apesar da conclusão dos cientistas, a palmada não é uma garantia de mediocridade intelectual. Nas crianças mais novas, o atributo que fez mais diferença para a pontuação do Q.I. era se as mães estimulavam ou não a capacidade cognitiva. Isto era mais importante do que qualquer outra coisa, incluindo o castigo corporal.
"Digamos que você tem uma criança que tem pais educados, que apoiam e dão estimulação cognitiva, mas que batem: estas crianças vão ficar bem de qualquer modo, poderiam ficar melhores caso não apanhassem", afirma Strauss.
Entretanto, ele tem pouca paciência com o argumento de que a surra complementa aquilo que a disciplina não cobre. "A pesquisa simplesmente não mostra isso", diz ele. "Bater não funciona melhor com crianças pequenas".