terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Blogagem Coletiva: 12 situações que marcaram o meu 2011

O blog Conversando com os pais esteve “fora do ar” por um tempo, e está voltando em 2012 com uma pequena análise das coisas que marcaram a minha vida no ano que passou. Esse tema faz parte da Blogagem Coletiva do site Mães Internacionais
Quando li o tema proposto pelo MI (Mães Internacionais), pensei: Será que tenho doze coisas que marcaram a minha vida em 2011? A princípio me pareceu ser um número enorme diante do curto período de tempo, um ano. Mas quando parei para fazer uma análise mais criteriosa, percebi que tenho mais que doze coisas para relatar. Vivi e aprendi muito mais que isso durante o último ano. Como a vida é dinâmica, por mais que a princípio não pareça. Conclui que não precisamos de coisas grandiosas para marcar a nossa vida, como uma viagem a terras históricas ou perdas que nos deixaram arrasada, apesar de que essas coisas definitivamente, nos marcam para sempre. Podemos ter marcas feitas por pequenas e significativas experiências.
Aqui, irei definir as minhas 12 experiências marcantes de 2011 como lições aprendidas.

  • Então, puxe uma cadeira, tome uma xícara de chá e seja muito bem vindo ao meu pequeno mundo de descobertas. Espero que lhe pareça interessante!
1. A lição do Medo - Sempre me considerei uma pessoa corajosa, capaz de lidar com todas (ou quase todas) as adversidades, porém no último ano, pude me deparar com um sentimento comum a todos: o medo! Não um medo de escuro ou da morte, mas um medo de não conseguir manter o meu filho perto de mim o suficiente para poder protegê-lo. Para a minha felicidade e grande surpresa, aprendi que não preciso protegê-lo, pelo menos não da maneira que eu fantasiava, pois ele é capaz de proteger a si mesmo a partir do momento em que eu o incentivo a fazer isso e que ele passa a acreditar que é capaz. Ouvi do meu filho a seguinte frase: “Mamãe, eu já tenho sete anos, eu já sei me cuidar” me fez tomar consciência de que preciso deixá-lo ir aos poucos tomando conta de si mesmo.

2. A lição da Perda: Todas as pessoas que já mudaram de casa, de cidade, de país, de condição de vida, puderam perceber que as perdas são inevitáveis. Com tantas mudanças nos últimos anos, pude aprender que no final perdemos tudo, mas o que realmente importa para nós, jamais perdemos. Por mais que eu tenha me esforçado, eu não consegui encontrar a permanência nas coisas, exatamente porque ela não existe. Uma hora ou outra tudo se vai: pessoas e coisas, mas eu precisei aprender a aceitar isso, pois a perda é inevitável. Em 2011 me despedi de amigos queridos que foram morar em outros países, vivi o luto pela perda de um grande mestre, mas também reencontrei um amigo que há mais de 20 anos não tinha notícia. Pessoas vêm e pessoas vão. É a dança da vida.

3. A lição da Amizade: Amigos são de extrema importância na nossa vida e todos sabem disso (ou deveriam saber), mas eles não nos pertencem. Podemos “tê-los” por um determinado tempo, mas podemos “perdê-los” em outro. Aprendi que amigos aparecem nos momentos em que mais precisamos deles e que podem desaparecer quando estamos mais fortalecidos. Para mim, amigos são como anjos que nunca nos deixam só, por mais que não o vejamos, não o tenhamos sempre por perto ou que não consigamos falar constantemente com eles, sabemos que eles estão lá, em algum lugar. Basta chamar! Em 2011, participei de um curso valiosíssimo, não apenas pelo conteúdo teórico, mas principalmente porque dele surgiu um grupo de encontro e desse grupo, nasceu uma amizade com seis mulheres maravilhosas, que hoje em dia fazem muita diferença na minha vida.

4. A lição de ser mulher e não apenas mãe: Aqui no Canadá, temos médico de família e aprendi a gostar desse formato de atendimento médico, pois a relação médico/paciente torna-se mais íntima. Certo dia, lá estava eu conversando com a minha médica sobre como gostava de manter tudo em ordem na minha casa e dedicar atenção ao meu filho e como isso tomava o meu tempo, sobrando muito pouco para cuidar de mim mesma. Espontaneamente, minha médica olha para mim e fala sorrindo: “Pare com essa neurose e vá cuidar de você! Quanto tempo durante o seu dia, você dedica a si mesma?” Fiquei por alguns segundos, olhando para ela e pensando sobre o que tinha acabado de ouvir... Depois, caímos em gargalhada juntas e desde então, dedico muito mais tempo a mim mesma.


5. A lição da Torre de Babel: Vivo em uma cidade onde encontro gente do mundo inteiro. No ano passado pude conhecer e me relacionar com pessoas do México, Colômbia, Equador, Irã, Iraque, Afeganistão, China, Taiwan, Japão, Rússia, África, Koréia, Bulgária, Canadá, Índia, Filipinas, Inglaterra, Portugal, Escócia, dentre outros. E desses encontros, surgiram interessantes conversas e mudanças de percepção em relação ao meu mundo e do outro. Esta vivência com diferentes culturas reforçou a minha crença na psicologia diferencial, onde ela fala das diferentes formas de assimilar uma “mesma” experiência. Quantos aprendizados com essas pessoas maravilhosas.

6. A lição da época do Natal: Eu simplesmente amo a época do Natal e, para quem me conhece sabe o significado que ele tem na minha vida. Enfeito a minha casa e me preparo para esta data que espero durante todo o ano, porém sempre ouvi algumas pessoas falando que odiavam essa época do ano, que se sentiam tristes e deprimidas, que não viam nenhum sentido nisso tudo. Confesso que apesar de todo o esforço para entender o ponto de vista diferente do meu, eu no fundo não entendi como alguém poderia ficar triste numa época tão “feliz”... Só que neste ano eu pude compreender. Sem motivo suficiente, além da saudade de pessoas queridas que estavam longe de mim, pude me conectar com esta tristeza que tanto ouvi falar e nunca entendi. É mais fácil compreender a dor do outro quando você a experiência. Ainda amo o Natal, mas agora entendo além de cognitivamente, que ele não tem o mesmo significado emocional para todos.

7. A lição do Abraço: Brasileiro adora abraçar e quem é brasileiro sabe o valor que ele tem. Só que por aqui essa prática não é muito bem vinda, então tive que aprender a expressar o meu carinho pelas pessoas sem tocá-las. Confesso que o meu desejo continua sendo de dar aquele abraço gostoso, mas tem sido interessante aprender outra forma de me conectar com as pessoas sem precisar invadir seu espaço físico. Sobre isso, uma amiga japonesa me deu uma explicação interessante: “Nós adentramos ao espaço físico do outro apenas quando somos convidados, por isso nos saudamos a distância. É uma maneira de dizermos um ao outro que respeito a sua individualidade e a sua vontade”. Lindo!

8. A lição da Viagem de Trem: Viajar de trem para os Estados Unidos foi uma experiência única. Ela durou quatro horas e confesso que não senti o tempo passar, pois o trem era extremamente confortável e fazia um percurso lindo, brindando seus passageiros com uma paisagem espetacular. Em cada cidade que parava para embarcar novos passageiros, pude aprender um pouco sobre os diferentes modos de viver do povo norte americano.

9. A lição do exercício e da boa alimentação: Todos nós sabemos que essa dupla é importantíssima, só que a minha dedicação a ambos era superficial. Sempre tentei me alimentar bem e praticar exercícios, mas encarava isso como uma obrigação. O grande diferencial em 2011 foi que me dediquei praticamente o ano inteiro, a aprender a pratica saudável dos dois. Aprendizado lento, mas que surtiu e continua surtindo melhoras consideráveis na minha saúde e disposição.

10. A Lição das Palavrinhas Mágicas: Sempre aprendi que deveria dizer “Por favor, Com licença e Obrigada” em diversas situações cotidianas. Para mim, usar essas palavras é muito fácil. Só que por aqui, as pessoas costumam se desculpar por tudo. Desculpam-se por muito mais do que eu aprendi que deveria. Por aqui, é muito fácil você ouvir um: “Sorry!” só porque alguém atravessou o seu caminho. Noutro dia, estava eu caminhando pela rua e tropecei em uma placa, espontaneamente disse “sorry!” para a mesma. Cômico, não? Esse é o vício de ser educado (risos).

11. A lição do Voluntariado: Em julho deste ano, fiz um serviço voluntário para uma instituição brasileira, num país onde o toque é visto como algo ligeiramente incômodo. Trabalhei na rua pintando carinhas de crianças e adultos. Adorei a experiência, pois ela me pôs em contato com um público variado de diferentes culturas. Eu tive que chegar bem perto do rosto de cada um, tocar a face e fazer o meu melhor nas pinturas para agradar aquelas pessoas que nem ao menos eu conhecia. Fiz um grande esforço para me conter e não apertar as bochechas lindas daquelas crianças fofinhas.


12. A lição da Igualdade: A cada dia nesse país eu aprendo uma coisa nova. Certo dia em 2011, lá estava eu no metrô observando as pessoas como de costume. Vi um elegante homem conversando com uma moça vestida com roupas de ciclista e segurando a sua bike. Aparentemente eles não se conheciam, mas falavam sobre algo em comum. Próximo a mim, havia um rapaz mal vestido e mal cheiroso. Ele se levantou e foi em direção a dupla que conversava e começou a dar opiniões sobre o assunto. Na hora pensei: “Pronto, vai dar confusão”. Para a minha surpresa, o homem e a mulher deram a maior atenção ao jovem e ao que dizia, riram juntos e continuaram conversando por muito tempo. Em nenhum momento houve demonstração de desprezo por aquele homem maltrapilho; muito pelo contrário, ele foi acolhido como se estivesse vestido para uma festa de gala. Adoro esse país. Aqui somos todos iguais!
 Beijos,
Lila