terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ensinando e transmitindo empatia aos filhos

Amizade 2
Tenho um filho de 9 anos que me ensina todos os dias sobre a arte da maternidade. Com esses aprendizados tenho percebido que meus argumentos com ele precisam ser mais consistentes e que a minha empatia precisa ser mais eficaz, pois em muitos momentos ele me questiona ordens e atitudes minhas, e em outros me faz pensar sobre como ele se sente em determinadas situações. Já escutei ele me questionar: “Você já parou para pensar como eu me sinto?”. Minha resposta para ele sempre é: “Claro filho, eu sempre penso sobre como você se sente”. Ai ele me presenteou com a seguinte frase: “Então sinta o que eu sinto”.
 
Os nossos filhos frequentemente nos “cobram” empatia, mesmo não tendo a clareza de que o estão fazendo. Eles anseiam por compreensão e entendimento, e nós pais somos os responsáveis para ensinar isso a eles. O que é a empatia? Empatia fala sobre “Ver através dos olhos do outro”. Essa é uma boa e simples definição, mas que para ser um pouco mais completa é importante ter a continuação: “Colocar-se no lugar do outro”. Ver o mundo do outro pelo olhar dele e colocar-se temporariamente no lugar e perceber como a pessoa se sente, é um excelente exercício de empatia.
 
Empatia é diferente de Simpatia
 
Algumas pessoas confundem empatia com simpatia. Apesar da quase similaridade das palavras, o significado é completamente diferente. A simpatia é um sentimento de piedade por outra pessoa; ser empático é entender a perspectiva da outra pessoa, colocar-se no lugar dela e ver o mundo através dela.
 
Pais e Filhos Empáticos
 
Na relação pais e filhos, a empatia significa que quando os pais interagem com seus filhos, eles acabam treinando os mesmos a ter e receber empatia; isso se o fizermos da maneira correta. Muitos pais se consideram empáticos e se enchem de orgulho dizendo: “Somos empáticos com nossos filhos e sempre olhamos o mundo pelos olhos deles”. Será?
 
Ao longo do meu trabalho com pais e filhos, descobri que é muito mais fácil sermos empáticos com aqueles que pensam e agem de acordo com o que queremos e acreditamos. A parte desafiadora vem quando precisamos ser empáticos em momentos em que não concordamos com o ponto de vista, ação ou atitude de nossos filhos.
 
Pense numa vez que ficou chateado com seus filhos devido a algo que eles fizeram que você não gostou ou não concordou. Como agiu? Você foi empático? Ou simplesmente ficou aborrecido e esqueceu de pensar sobre como eles estavam se sentindo? Ou melhor, deixou de sentir como eles se sentiam.
 
Se quisermos que nossos filhos nos escutem e aprendam conosco, se desejamos que eles desenvolvam uma personalidade confiante e sejam empáticos, então precisamos pensar sobre como os abordamos e como as nossas palavras e ações são percebidas por eles.
 
O que a empatia nos oferece?
 
Com e através dela, podemos com mais clareza entender a visão e o mundo de nossos filhos e a reagir de uma maneira a criar um clima no qual eles aprendam conosco ao invés de se ressentirem. Filhos magoados e tristes não costumam pensar nos pais como exemplos para a vida, na verdade eles pensam em como não desejam ser. Isso poderia ser positivo se não estivesse vindo de uma relação entre pais e filhos. Em outros relacionamentos pode até funcionar. Por exemplo, alunos que não gostam da postura de um professor e decidem para si mesmos que não agirão assim quando se tornarem adultos e profissionais é uma maneira positiva desse aprendizado “não quero fazer e nem ser como você faz e é”. Mas na relação parental, se os filhos veem os pais apenas como modelos a não seguir, eles perdem a referência para uma vida adulta, e podem se sentir sozinhos e perdidos.
 
Nós pais somos a base, o alicerce para os nossos filhos. Costumo usar uma metáfora para definir essa relação: Todo prédio é construído sobre um alicerce que depois de pronto não a vemos mais, mas ela continua ali. Se o prédio se manteve de pé, firme e majestoso por anos, então sabemos que ele foi construído em bases sólidas. Mas se o prédio desaba sabemos que algo durante o processo de construção não foi bem feito. Assim é a nossa relação com nossos filhos e a empatia nos ajuda a dar uma base sólida para ela.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mãe de Menina

meninas
Certo dia eu estava conversando informalmente com a mãe de uma menina de 11 anos e ela começou a me contar um pouco da relação dela com a filha; falávamos sobre como ela se sentia sendo mãe de uma menina e como achava que a filha lhe via como mãe.  No meio de muitos tópicos, um deles me chamou atenção: “O que minha filha pensa sobre mim”. Ela lançou esta pergunta e estava receosa de perguntá-la à filha; porém ela tinha muitas hipóteses como respostas, sendo que nem uma delas lhe agradava.
 
Essa conversa me fez pensar nessa relação entre mãe e filha que é intensa e cheia de altos e baixos; e me fez ter vontade de perguntar às mães de meninas: “O que sua filha pensa sobre você?”.  
 
O que sua filha pensa sobre você?

Com essa pergunta em mente, falei com algumas mães de meninas que permitiram que eu escrevesse aqui o depoimento delas.
  • “Minha filha pensa que sou infeliz e amargurada, pois geralmente estou de cara fechada e sem muito ânimo para conversar ou fazer qualquer coisa com ela”.
  • “Minha filha pensa que sou desleixada, que não cuido da minha aparência e não me preocupo com meu corpo e peso”.
  • “Minha filha pensa que sou inteligente e que sei sobre diversos assuntos, pois tenho resposta para tudo o que ela me pergunta”.
  • “Minha filha pensa que sou autoritária e pouco amigável, pois tenho horário para tudo e, imponho o meu ritmo de vida para ela”.
  • “Minha filha pensa que sou amável e amiga, pois estou sempre presente e nunca tivemos uma briga que abalasse a nossa relação”. 
 
Como conversar com as meninas
 
Caso você venha tendo problema para conversar e se relacionar com a sua filha, vou citar algumas dicas que podem facilitar essa relação.
  •  Meninas gostam de conversar, então use essa possibilidade a seu favor. E quando for começar uma conversa, fale sempre por você e permita que ela fale por ela. Por exemplo: “Eu estou preocupada com o que vem acontecendo”. Nunca diga: “Você está me deixando preocupada. Percebe a diferença?
  • Acolha os sentimentos, sejam eles de raiva ou tristeza ou qualquer outro. Nós nos revelamos através de sentimentos e interprete esses momentos emocionais como boas oportunidades para uma conversa.
  • Elogie a sua filha. Fazê-la se sentir bem e admirada por você abrirá portas para boas conversas e uma relação de qualidade.
  • Evite afirmações acusativas ou rótulos: “Você é preguiçosa”, “Você é como todas as meninas que conheço”. Ninguém gosta de ser rotulado e as chances de uma menina se relacionar bem com quem a rotula é quase nula.
  • Nunca generalize, pois assim você está evitando que ela tenha chance de se defender e isso fará com que ela não queira conversar com você: “Você não faz nada direito”, “Tudo para você é ruim”.

Meninas precisam de modelo para aprender a se tornar mulher. Então pense sobre que tipo de modelo feminino você está sendo. Caso você nunca tenha parado para pensar nisso, saiba que elas costumam observar tudo nas mães; desde o jeito de andar, falar e tratar as pessoas, ou a maneira como se vestem, como cuidam de si mesmas e de suas aparências e como se sentem em relação a vida. Algumas atitudes e comportamentos, as filhas tomarão como verdade e copiarão outras elas irão querer descartar e nunca agir de igual maneira.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O que os filhos realmente querem?

abraço
Eles pedem para a gente um monte de coisas, não? Iphone, iphod, roupas, sapatos, brinquedos e muito mais. Mas o que eles de fato querem é mais barato que videogame e mais saudável que sorvete. O que será?
 
Uma descoberta
 
Antes de tudo quero contar uma história sobre um médico que em 1945, durante o término da segunda guerra mundial ficou responsável por pesquisar a melhor maneira de cuidar das crianças órfãs da guerra. Ele viajou toda a Europa e visitou muitos tipos de lugares que cuidavam dessas crianças para ver qual obtinha maior sucesso nesse trabalho. Ele viu muitas situações extremas. Em alguns lugares ele viu campos hospitalares montados e os bebês colocados em berços de aço limpos e enfermarias higienizadas, sendo alimentados em horários regulares por enfermeiras uniformizadas. Em outro local mais afastado, ele viu um caminhão chegando com quase cinquenta bebês órfãos sendo deixados para os moradores da vila criarem. O médico suíço tinha uma maneira simples de comparar as diferentes formas de cuidado. Ele não tinha tempo de pesar, medir ou checar a coordenação motora deles, ele usava uma simples estatística: a taxa de mortalidade. Com as epidemias se alastrando na Europa naquela época, muitas pessoas e crianças estavam morrendo; porém as crianças da vila estavam se desenvolvendo melhor do que as dos hospitais.
 
A ciência comprovando o amor
 
O médico descobriu algo que há muito tempo as mães mais experientes já sabiam: as crianças precisam de amor para viver. As crianças dos hospitais tinham tudo menos afeto e estímulos, já as da vila tinham abraços, alegria, pessoas por perto, coisas para aprender e ver.
Naquela época os cientistas afirmaram pela primeira vez algo que hoje sabemos ser fundamental na vida de nossos filhos: “As crianças precisam de contato humano e afeto, e não apenas alimentos e higiene. Se não receberem esses ingredientes humanos, podem facilmente morrer.”
 
Além do contato físico
 
Os bebês adoram ser tocados e receber carinho, as crianças maiores passam a ser mais seletivas e os adolescentes começam a panfletar que não gostam, mas lá no fundo é só o que querem. Os adultos adoram, mas escolhem para quem dar e de quem receber. A verdade é que todo mundo gosta e precisa de afeto. O afeto tem muitas nuances, é uma delas é expressa por palavras. Quando dizemos eu "te amo" ou "você é especial" ou qualquer outra frase amorosa, estamos demonstrando nosso afeto num nível muito profundo.  Dar e receber afeto é importante pois todos nós precisamos ser reconhecidos, queridos, cuidados e amados.
 
Quem não gosta de receber um elogio sincero? Quem não gosta de ouvir palavras amigáveis e gentis? Quem não gosta de ter suas ideias ou opiniões ouvidas? As palavras podem construir ou destruir pessoas, então é necessário tomar cuidado com o que sai da nossa boca.
 
É importante que cuidemos das nossas crianças dando alimento, casa, educação e entretenimento, mas se só fizermos isso, elas vão sentir falta de alguma coisa. Elas tem necessidades psicológicas essenciais como: conversas, elogios, afeto, carinho e contato físico (abraços e beijos). Se isso for dado espontaneamente, com amor e cotidianamente, certamente teremos crianças mais saudáveis e felizes.