quarta-feira, 28 de março de 2012

Bilinguismo


Este texto faz parte da Blogagem Coletiva do Blog Maes Internacionais Visite o site para saber mais sobre filhos bilíngues.
Tenho um garotinho de sete anos de idade.  Quando ele chegou ao Canadá, falava muito pouco o inglês, e a minha preocupação era como ele iria se adaptar a nova escola, a novos amigos e a nova língua.  Todos me diziam que em seis meses ele estaria se comunicando com mais facilidade e começando a dominar a língua.  De fato foi o que aconteceu.  Após os seis primeiros meses ele estava mais confiante para se expressar em inglês e para interagir com outras pessoas.  Porém, os meus questionamentos sobre a adaptação à língua eram só o começo de vários que estavam por vir.  Frequentemente as pessoas me perguntam como vou educar o meu filho em duas línguas e qual a melhor maneira para fazer isso. Eu não posso indicar qual a melhor maneira, mas posso falar sobre como venho fazendo isso.  Creio que não existe uma regra geral, pois cada criança e família têm as suas particularidades. É claro que os pais vão encontrar seu próprio caminho, porém por experiência própria, acredito que devemos entrar em um acordo familiar sobre como queremos ensinar as diferentes línguas as nossas criança; o conflito de opiniões pode gerar ansiedade não só nelas, mas em todos os envolvidos nesse processo; sem falar que esses pequenos podem querer atender as expectativas dos pais e desviar a atenção do processo natural para aprender outra língua. O meu filho acabou ajudando na decisão sobre qual língua falaríamos com ele dentro de casa; optando por falar o português quando estamos com ele, pude perceber que isso não afetou o seu desenvolvimento cognitivo do inglês. Aliás, pude notar o seu bom desenvolvimento nas duas, inclusive no que diz respeito a vocabulário.  Hoje ele assiste desenhos e lê livros nas duas línguas. Ao ouvir o meu filho falando inglês sem sotaque e com a pronúncia de fazer inveja, foi inevitável o meu entusiasmo e orgulho por ele conseguir se expressar com adequada fluência. Mas aprendi que precisamos lidar com esta situação da maneira mais natural possível, elogiando cada conquista, mas sendo cuidadoso para não fazer disso um festival e gerar embaraço na criança; até mesmo porque para eles a fala é um processo natural.  Algumas crianças aprendem com facilidade uma segunda língua, porém outras precisam de um tempo maior; para estas, é fundamental uma porção a mais de paciência; paciência não só com a criança, mas com todos que fazem parte da relação familiar. Muitos parentes desejam que as crianças tenham o domínio da língua natal e se sentem no direito de exigir isso de nós. Para eu não ficar incomodada com tais cobranças, precisei ter a certeza do como gostaria de educar o meu filho em duas línguas, pois quando estamos seguros disso fica mais fácil argumentarmos ou simplesmente ignorarmos tais solicitações. Tornar o aprendizado de uma ou mais línguas, algo natural despertou em meu filho a vontade de aprender outras mais. Hoje ele fala que deseja aprender o francês, que é a segunda língua oficial no Canadá.  Sei que existem muitos artigos que falam sobre como devemos educar filhos bilíngues, leio cada um deles com muita atenção aproveitando as dicas que para minha situação podem ser úteis, porém sempre coloco em primeiro lugar o meu bom senso e o respeito pelo meu filho. Pensar assim tem me dado a serenidade necessária para continuar educando ele com sucesso nas duas línguas.
Abraços,
Lila