quarta-feira, 30 de julho de 2014

Viciados em "Selfie"


selfie
Selfie foi eleita a palavra em inglês do ano.
Foto by DRJays.com
 
 
 
 
Muito além de uma simples foto tirada de si mesmo, o viciado em selfie (a tendência de tirar fotos pessoais através dos smartphones) busca aprovação e reconhecimento através de suas fotos.
Os que postam esse tipo de foto, buscam obter o reconhecimento público e sentem-se frustados ou motivados de acordo com o números de comentários e curtidas em suas fotos.
 
As redes sociais estão cheias deles, e o comportamento tem chamado a atenção de estudiosos da saúde mental, pois pode estar diretamente relacionado a problemas de saúde mental, tais como depressão, obsessão ou mesmo paranóia. 
 
Os adolescentes mostram maior tendência ao vício, mas a coisa não para neles: adultos que apresentam baixa autoestima,  ou sentem-se envelhecendo e não aceitam bem o fato, tendem a postar muitos “selfies” em redes sociais também. Eles sentem a necessidade de reconhecimento social e da “afirmação”, vinda pelos elogios, de que continuam “belos e jovens”.
 
O que se observa é que as fotos 'selfies' tem tido um impacto emocional na vida das pessoas. A recompensa dos que as publicam, são os elogios e “likes” em suas fotos.  Sem eles, os viciados em selfie, podem se sentir rejeitados pelos amigos ou familiares, afetando relações sociais e a autoimagem.
 
Existe também um comportamento compulsivo por trás da ação de postar muitos selfies, e eles podem gerar outros disturbios mentais como o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC - se refere a preocupação excessiva por um defeito corporal mínimo ou por defeitos corporais imaginários) e o TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo – refere a repetição de um comportamento e obsessão de pensamentos).
 
Isto é simples de entender: se fazemos algo e encontramos uma pequena recompensa, voltaremos a repetir a ação. A recompensa dessa ação seria a aceitação social. Alguns contentam-se obtendo poucos 'likes', outros necessitam atingir o máximo que puderem e ficam "viciados" neste reconhecimento social.
 
A pessoa que não atingir a quantidade de apoio esperado, invariavelmente irá optar por publicar uma nova foto 'selfie'. Se a resposta continuar a ser negativa isso poderá afetar a autoconfiança ou criar pensamentos negativos sobre si mesmo.
 
Confira os sintomas:
  • Você presta demasiada atenção às suas fotografias publicadas?
  • Controla quem as vê ou a quem agrada ou comenta?
  • Entra inumeras vezes online nas redes sociais para conferir as vizualizações de suas fotos?
  • Fica ansioso com a esperança de atingir o maior número de 'likes'?
  • Caso não atinja o reconhecimento desejado, deleta a sua foto?
  • Você tira inumeras fotos de si mesmo em várias situações e lugares e as posta nas redes sociais?
  • Perdeu a motivação por outras atividades e tem estado demasiadamente preocupado com a aparência?  
  • Perdeu a noção do “bom senso” do que é público e privado e publica fotos “selfies” em situações como: ao acordar, no banho, tomando café, etc?  
Um caso clínico
selfie
Danny Bowman Foto by TV2.no
 
Um jovem britânico de 19 anos tentou cometer suicídio depois que ele não conseguiu obter o “selfie perfeito”. Danny Bowman ficou tão obcecado em capturar a foto perfeita, que passou 10 horas por dia tirando fotos de si mesmo. Ele perdeu quase 30 quilos, abandonou a escola e não saiu de casa por seis meses em busca da sua imagem perfeita. Logo ao acordar, ele já tirava umas 10 fotos suas.
 
Frustrado em suas inúmeras tentativas, Bowman, eventualmente, tentou tirar a própria vida por uma overdose, mas foi salvo por sua mãe. Ele disse: "Eu estava constantemente em busca da foto perfeita e quando eu percebi que eu não poderia obté-la eu queria morrer. Perdi meus amigos, meu ano letivo, minha saúde e quase a minha vida "
 
Uma das maneiras de evitar cair no vício é estar atento aos sintomas e perguntar a si mesmo, antes de publicar uma foto selfie, o porquê de estar fazendo isso.  Escute as respostas, elas darão a você uma boa noção do que é bom senso ou do que ultrapassa a barreira do estranho e sem sentido. Caso você sinta que a situação está ficando fora de controle, procure ajuda médica.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Frustração, como lidar com ela?



O tema me pareceu propício para o momento atual na vida de alguns brasileiros. Muitos estão demasiadamente frustrados com a derrota da seleção de futebol, e alguns estão agindo com a imaturidade de quem não sabe lidar com as frustrações da vida.  Esse é um aprendizado contínuo e precisa de prática e persistência, pois caso contrário, podemos nos tornar adultos mimados que “quebram” tudo quando não são atendidos em seus desejos.
 
Não é novidade que a  vida é cheia de frustrações; das pequenas irritações de perder algo até o problema maior do fracasso de um objetivo desejado. O que esquecemos é que muitas coisas que realmente queremos sempre vão trazer consigo um grau de frustração, pois as expectativas são sempre diferentes da realidade. Ser capaz de administrar esse sentimento nos permite permanecer felizes e positivos, mesmo em circunstâncias difíceis.
 
A frustração deve ser levada a sério, pois pode ter um impacto altamente negativo sobre o nosso estado de espírito, humor e vida. Ela pode transformar uma pessoa positiva em uma pessoa que vê quase tudo como um problema. Pode atrapalhar ou inibir o progresso pessoal, e às vezes imobilizar completamente as nossas ações e atitudes. 
 
Entendendo a frustração 
 
A frustração é uma emoção que ocorre nas situações em que somos impedidos de alcançar um resultado desejado. Em geral, sempre que chegamos a um dos nossos objetivos, nos sentimos satisfeitos e felizes, e sempre que somos impedidos de alcançar qualquer objetivo podemos sucumbir à frustração e nos sentir irritados, tristes ou com raiva.
 
Quanto mais importante for seu objetivo, maior será a sua frustração ou raiva se ele não se realizar; e quanto mais frustrações sofremos, começamos a perder a confiança nos nossos objetivos e em nós mesmos.
Frustração3 
 
Os dois lados da frustração
 
Frustração não é necessariamente algo ruim. Podemos usá-la como um indicador dos problemas na nossa vida e como um motivador para mudar de estilo de vida ou mesmo de objetivos. No entanto, quando a frustração resulta em raiva, irritabilidade, estresse ou ressentimento, ela torna-se uma espiral descendente e passamos a ter um sentimento de renúncia ou desistência, o que pode levar a depressão profunda ou mesmo a autodestruição.
 
Tipos de frustrações 
 
Basicamente existem dois tipos de frustrações: as internas e as externas.
 
A frustração interna geralmente começa quando não podemos ter o que queremos, como resultado de deficiências reais ou imaginárias, como por exemplo a falta de confiança em nós mesmos, o medo diante de situações sociais ou o excessivo auto-julgamento.
 
A externa envolve condições fora do controle da pessoa, tais como barreiras físicas que encontramos na vida incluindo outras pessoas ou situações que atrapalham o alcance de nossos objetivos. Estas podem ser inevitaveis, o que não significa que precisamos nos entregar a situação sem agir. Podemos aprender que aceitar a dança da vida é um dos segredos de evitar a frustração.  Lutar para que as coisas “ruins” desapareçam é desejar que tudo seja do nosso jeito, do nosso modelo de vida e pensamentos e isso só gera mais e mais frustrações.
 
Frustração1
Respostas típicas a frustração
 
  • Raiva: A frustração gera raiva e raiva gera agressão. A raiva e a agressão proveniente da frustração, é direcionada para algo ou alguém que tenha poucas chances de reagir.
  • Desistir: Tornar-se apático, sem vida, desistir do objetivo de uma maneira passiva.  Se nos frustramos várias vezes, podemos abandonar a escola, sair de empregos ou nos afastar de pessoas.
  • Perder a confiança: A perda da confiança é um terrível efeito colateral que vem acompanhando do desistir diante de um objetivo não alcançado. Quando perdemos a auto-confiança e auto estima,  podemos ter dificulade para planejamos uma proxima meta, e podemos não ser capazes de avaliar com precisão a nossa capacidade de realizá-la. 
  • Estresse: O estresse é o "desgaste" do nosso corpo e da nossa mente quando não alcançamos os nossos objetivos. Quando temos dificuldade em aceitar que nosso ambiente está em constante mudança, podemos experimentar sinais de irritabilidade, raiva, fadiga, ansiedade, dores de cabeça, depressão, dores de estômago, hipertensão, enxaquecas, úlceras e até ataques cardíacos.  
  • Depressão: Ah! a depressão! Essa é um dos maiores sinais de que você não está lidando muito bem com as frustrações da vida. A vida não está como você quer, então você deprime, se entrega, abandona seus objetivos, deixando de acreditar na vida.
Lidando com a frustração
 
Frustração e raiva são emoções fundamentais que todos experienciamos de vez em quando. Elas fazem parte da vida e por isso precisamos aprender a lidar com essas emoções se queremos viver com qualidade e nos desenvolver emocionalmente.  Eu costumo dizer que ou nós controlamos a nossas frustrações, ou elas controlam a nossa vida.
 
Lembrar que não podemos eliminar as frustrações de nossa vida é um primeiro passo para aprender a lidar com elas. Entender que apesar de todos os nossos esforços, as circunstâncias da vida nem sempre estarão sobre o nosso controle e irão acontecer numa ordem que nem sempre é a nossa.
 
A vida é cheia de frustração, dor, perda, e de ações imprevisíveis de outras pessoas. Não podemos mudar isso; mas podemos mudar a nossa maneira de deixar tais eventos nos afetar.
 
Frustração2
Fotos retiradas da internet