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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Bater não educa e nem disciplina os filhos

 
Quem me conhece sabe que eu sou uma defensora da “NÃO palmada”, e sempre que possível escrevo sobre o tema no intuito de esclarecer aos pais e cuidadores que bater não ajuda a educar e nem a disciplinar uma criança, e sim as torna tristes, agressivas e inseguras.
 
Eu entendo que através do bater, muitos pais tem a intenção de diminuir o mau comportamento da criança ou adolescente. No entanto, bater a longo prazo normalmente aumenta o comportamento agressivo e o distanciamento entre pais e filhos.
 
Por décadas estudiosos da saúde mental tem pesquisado sobre os efeitos negativos da palmada e dos castigos corporais em crianças; com isso, não nos faltam provas e informações sobre a ineficácia desse método de disciplinar filhos. No entanto, muitos pais ainda continuam a usar a agressividade dentro de casa, lugar esse que deveria servir de proteção aos filhos e não de abuso.
 
Eu costumo dizer que bater em crianças para educá-las é o mesmo que gritar para pedir silêncio. Não faz o menor sentido.
 
Caso você deseje ajudar o seu filho a ter um comportamento melhor, deixo abaixo algumas sugestão.
  • Utilize o reforço positivo:  Todo mundo gosta de elogios e incentivo, não? E as crianças adoram ter a tenção dos pais quando elas fazem algo bom e correto, e ser elogiado por isso é algo que as deixa orgulhosas de si mesmas. Ex: caso a criança tenha o hábito de brigar com os amigos, elogie quando ela não se comportar assim. “Percebi que você não brigou com seus amigos hoje. Ter se esforçado para se relacionar bem com eles foi fantástico
Obs: evite usar os termos “estou feliz/orgulhoso de você”, pois o bom comportamento das crianças não deve ser para agradar aos pais e sim para prepará-los para a vida.
  • Estabeleça conseqüências:  Comportamentos indesejados geram consequencias a quem os cometeu, e não castigos físicos ou agressivos. Deixe claro aos seus filhos que você não aprova o fizeram; explique porque não aprova e fale sobre as consequencias da atitudes. Ex: “Você ter brigado com seus amigos não foi a melhor maneira de resolver o problema. Você tem feito isso ha muitos dias e não tem se esforçado para melhorar. Devido a isso, você não receberá a sua mesada este mês”.
Obs: as consequencias precisam ter um efeito de “perda ou de pagar por”, caso contrário não surtirá efeito. É mais ou menos como dirigir sem cinto e não levar multa, apenas advertência do guarda.
  • Estabeleça recompensas:  Comportamentos desejados geram recompensas a quem os praticou. Ex: “Você tem se esforçado para se relacionar bem com seus amigos, e percebi que nessa semana você foi gentil e educado com eles. Acredito que esse é um sinal de maturidade. Com essa atitude positiva, você ganhará uma hora mais para brincar de video game nos finais de semana.”

Disciplinar e educar filhos com atitudes positivas, baseadas no diálogo e sem agressividade ou violência, vai gerar crianças e adultos mais saudáveis e confiantes. Essa é uma receita de sucesso, então está na hora de colocá-la em prática.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Somos pais agressivos ou assertivos?

 
Foto retirada da net
 
A assertividade e a agressividade estão sempre presentes na nossa vida. Em geral desenvolvemos mais uma do que a outra, e passamos a utiliza-la no nosso dia a dia, tornando-a quase um estilo de vida.
 
Ser Assertivo
 
Eu costumo dizer que a assertividade é um jeito de ser e de expressar o que sentimos e pensamos, sem que tiremos os direitos de outras pessoas de expressar o que sentem.
 
A assertividade é o ingrediente dos relacionamentos proveitosos. Numa relação onde a base é a assertividade, os pais não deixam de se impor aos seus filhos. Eles ajudam os filhos a pensar por eles próprios, reforçando com isso a autoestima e a capacidade de diferenciar entre o certo e o errado e de focar em objetivos.
 
Algumas pessoas  confundem assertividade com agressividade e dizem: “Eu sou sincero e digo mesmo tudo o que penso”. Na verdade elas estão sendo inseguras e agressivas.  Outras não assumem seus pensamentos, pois desejam manter “a paz e não criar atrito”, mas na realidade estão sendo passivas, abafadas pelo próprio medo.
 
Uma das vantagens de ser assertivo é lidar melhor com os conflitos. Quanto mais assertivo você for, menos estresse terá e saberá agir com mais tato em diversas situações. Melhorará sua credibilidade na sua relação com seus filhos e saberá lidar com as tentativas de manipulação ou chantagem emocional.
 
A assertividade precisa ser desenvolvida, e para isso temos que ter autoconhecimento e melhor compreensão dos outros. A convivência em grupo facilita esse aprendizado quando baseada na empatia.
 
Ser Agressivo
 
A agressividade também a defino como um jeito de ser e de expressar o que sentimos e pensamos, mas tirando o direito da outra pessoa de expressar o que sente.
 
Ser assertivo parece ser mais coerente e, gerar melhores resultados numa relação interpessoal, então porque será que encontramos mais pais agressivos do que assertivos?
 
A questão é que aprendemos a ser agressivos desde muito cedo. O comportamento agressivo é instintivo e útil para nossa sobrevivência em determinadas situações. Agredimos para não sermos feridos. Ser agressivo também é um comportamento reforçador, pois através dele conseguimos o que queremos, mesmo que por um curto período de tempo.
 
Numa relação baseada na agressividade, não nos damos conta que humilhamos as pessoas fazendo com que se sintam mais fracas do que nós e com menos capacidade de expressar o que sentem, pensam ou desejam.
 
A agressividade gera “resultados rápidos” num conflito entre pais e filhos. Quanto menor a criança e quanto mais agressivos forem os pais, maior o medo gerado e o controle sobre os pequenos. Só que a agressividade tem os seus dias contados nessa relação. Os filhos crescem e, ter sido agressivo com eles tornou-se uma bomba que está prestes a explodir.
 
Muitos pais se queixam que os filhos adolescentes estão rebeldes, não dão ouvidos ao que lhes é dito e tornam-se agressivos. Acontece que nessa fase, eles se sentem mais fortalecidos e com capacidade de se defender de todas as agressões sofridas anteriormente. A autoridade, respaldada na agressividade, não tem mais espaço nessa relação. “Agora eu já posso me defender”, disse uma adolescente de 14 anos.
 
Para termos filhos saudáveis e conscientes de suas emoções, com capacidade de expressar o que sentem de maneira clara e objetiva e respeitando os outros, é fundamental que sejamos pais assertivos e que eduquemos por meio da própria assertividade

quarta-feira, 30 de março de 2011

Bullying - Caso Casey Heynes


Para quem não conhece o termo, Bullying são agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas repetidamente por um ou vários colegas. Geralmente se apresenta na forma de ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.

O caso do adolescente Casey Heynes, tomou a atenção da mídia nos últimos dias. Cansado de sofrer bullying desde a infância, em um determinado momento decidiu se defender. A sua defesa foi uma reação vinda de seu medo crescente e de seu desespero. Foi uma necessidade de colocar um basta em tanta humilhação sofrida ao longo dos anos em sua vida.
Casey sofria bullying por estar acima do peso, mas principalmente porque se tornou um alvo fácil de ameaças e intimidações. Os praticantes do bullying escolhem as suas "vitimas" com atenção, e os escolhidos são os mais tímidos e, principalmente os que possuem baixa capacidade de autodefesa.  Quando Casey decidiu se defender, as ameaças acabaram. Por isso, em vários textos sobre bullying que já publiquei neste blog e as várias respostas que dou aos pais me escrevem sobre o tema, eu aconselho a ensinar os filhos a prática da autodefesa. Isso não significa que vamos ensinar aos nossos filhos a bater ou agredir, mas a definir o seu espaço de respeito entre os colegas. Os nossos filhos precisam  aprender a se impor diante dos conflitos e a pedir ajuda quando não conseguem fazer isso sozinhos. É nosso dever como pais, ficarmos atentos ao que acontece com eles na escola, entre os amigos e dentro de casa.
Casey pensou em suicídio e seu pai nem ao menos sabia o que estava acontecendo com ele. As vítimas de bullying mudam o comportamento e se tornam mais introspectivas, tristes, deprimidas e sem vontade de ir à escola. Fique atento a qualquer mudança de comportamento em seus filhos e procure saber o que está acontecendo com eles, pois as vítimas de bulying precisam de ajuda urgente.
Assistam ao vídeo para entender o caso.
Abraços,
Lila 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bullying através da internet

Em outros posts, já escrevi sobre o tema Bullying nas Escolas (ver arquivos de agosto de 2009 e maio de 2010). Neste, venho falar sobre outra forma de bullying que a maioria dos pais não conhece:
O “cyberbullying” ou bullying online. Trata-se de uma forma de violência psicológica propagada através da internet.
Sabemos que a internet pode ser uma ferramenta de pesquisa maravilhosa, mas não é tão positiva como algumas pessoas que a usam. Infelizmente o bullying encontrou uma nova casa na internet que permite ao bullies perseguirem as suas vítimas em seus próprios lares.

O que é Cyber Bullying?
Essencialmente Cyber bullying é o mesmo que Bullying, mas ele pode ocorrer via telefone, e-mail ou sites de conversação. Por esses meios, os valentões provocam, insultam e ameaçam as suas vítimas. O Cyber bullying pode ser tão simples como uma brincadeira ou grave como ameaças. É muito comum vermos postagens embaraçosas como fotos, boatos e provocações. Este tipo de bullying provoca um impacto maior do que os ocorridos dentro das escolas, pois a vítima não pode escapar às provocações mesmo em seu próprio quarto.

Seu filho está sendo intimidado?
As crianças e adolescentes vitimas de bullying online geralmente não contam para ninguém. É um sofrimento silencioso que precisa de atenção e solução imediata. Então, como podemos saber se o nosso filho está sendo vítima de cyberbullying?

Esta lista de verificação de sintomas pode ajudar
- O seu filho parece relutante em usar o computador ou verificar suas mensagens?
- Parece nervoso ou ansioso quando verifica e-mails ou mensagens de telefone?
- Parece infeliz, depois de ter usado o computador ou o telefone?
- Eles estão tendo problemas para dormir ou vem tendo pesadelos?
- É um sofrimento ir para a escola?
- Eles estão evitando socialização com os amigos fora da escola?

A sua criança está praticando o cyberbullying?
Todos os pais odeiam pensar que seu filho pode estar sendo intimidado, mas também é difícil reconhecer um comportamento de bullying nos próprios filhos. Se o seu filho é um bully do cyber você precisa primeiramente admitir esta possibilidade para poder ajudá-lo.

Como você pode identificar e combater este tipo de comportamento do seu filho?
Primeiro passo é observar o comportamento dele e o mundo que o cerca. A maioria dos praticantes de Cyberbullying tem várias contas de e-mail e podem ter mais de um celular. Os e-mails e telefones serão ambos registrados em nomes de outras pessoas. O Cyber bullie vai usar o computador com freqüência, e geralmente exibe entusiasmo pelo que está fazendo online. Se você passa pelo seu filho enquanto ele está no computador e este tenta esconder o que está fazendo trocando de tela ou minimizando o seu navegador de internet, então eles estão escondendo algo de você. A maioria dos bullies Cyber vão ser evasivos sobre o que estão fazendo na net. Uma proposta de solução para identificação do que está acontecendo quando você vira as costas, é instalar um software que monitora o uso do seu filho na internet. Consulte um técnico para isso. Atenção, para alguns só o fato de estarem sendo monitorados já inibe este tipo de comportamento, para outros pode apenas empurrar o comportamento para fora de casa ou para um telefone secreto sobre os quais você tem menos acesso e controle.

Se você acredita que seu filho é praticante de cyberbullying é sua responsabilidade ajudá-lo a sair disso e a resolver o seu problema de comportamento. Cyber bullying pode ter consequências extremas que provavelmente ele (a) não pensou. Torne-o consciente de seus atos e do impacto de suas ações para si e para o outro. Pesquisas no mundo inteiro mostram que muitas vítimas de cyberbullying desenvolvem algum tipo de transtorno emocional e muitas vezes podem vir a cometer suicídio.

Vocês já ouviram falar do Formspring? Caso não, fiquem atentos a esse tipo de rede social bastante nova, mas muito utilizada por adolescentes no mundo inteiro. Este site permite aos usuários uma interação anônima. Todos podem enviar perguntas, comentários e ameaças para quem está cadastrado na rede. O site tornou-se um parque de diversão para o cyber bullie. É uma combinação perigosa entre anonimato e hostilidade.

Muitos pais optam que seus filhos não tenham acesso à internet na privacidade do seu quarto, já que isso impede a monitorização. Mas também não adianta “cortar o mal pela raiz”, impedindo que os filhos tenham acesso à Internet. Esta medida pode, inclusive, ser contraproducente, já que potencia o conflito entre pais e filhos.

A grande maioria das crianças e adolescentes tem hoje um contacto regular com a Internet. Para muitos desses jovens, este meio de comunicação é imprescindível. Para muitos, quase não dá para viver sem o computador. Há 20 ou 30 anos atrás os jovens “lutavam” para poder ir à casa dos amigos ou ficarem horas ao telefone, hoje é a Internet que potencia o contacto entre amigos e colegas de escola. O que precisamos fazer é cuidar para que o uso da internet traga benefício aos nossos filhos e não problemas.
Abraços,

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Autismo e seus sintomas


Existe muita pesquisa sobre o autismo na América do norte e uma delas chamou a minha atenção. Ela fala que nos lugares frios e úmidos existe um maior número de crianças com autismo. A pesquisa tem tentado identificar a real consequência do frio no desenvolvimento psiconeurológico de crianças menores de três anos.

O que é o autismo? É uma alteração no cérebro que compromete o desenvolvimento da criança, afetando a sua capacidade de se comunicar, compreender e falar, assim como o seu convívio social. Os sintomas aparecem antes dos três anos, podendo ser identificado a partir dos 6 meses de vida.

Se o seu filho for diagnosticado com autismo, a intervenção precoce é fundamental para que você possa tirar o máximo proveito de todas as terapias existentes.

Fique atento aos seguintes sintomas que conforme a ASA ( Autism Society of American) aparecem nos primeiros anos de vida da criança.

1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças
2. Riso inapropriado
3. Pouco ou nenhum contato visual
4. Não quer ser tocado
5. Isolamento, modos arredios
6. Girar objetos
7. Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos
8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
10. Aparente insensibilidade à dor
11. Acessos de raiva - demonstram extrema aflição sem razão aparente
12. Poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após toca-la de uma determina maneira)
13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
15. Age como se estivesse surdo
16. Dificuldade de comunicação para expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras
17. Não tem real noção do perigo
18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos


Visite:

Fontes de apoio: Autism Speaks Canadá e Autism Society of American

domingo, 26 de setembro de 2010

O que você faria se alguém batesse nos seus filhos? E se esse alguém fosse você?



(Frases da imagem: "Abuso é Real" - "Essa imagens ofendem você?" - "Você já viu o suficiente?" - "Não há desculpas para o abuso" - "Você vai ajudar?" - "Quantas crianças irão sofrer antes de todos nós fazermos a nossa parte?" - "Você vai fazer de conta que não viu?" - "Por favor ajude!")


Uma história contada pela escritora americana Astrid Lindgren, ilustra de maneira afetiva a irracionalidade do castigo físico e de como ele é visto pelos olhos de uma criança. "Certa vez, uma senhora contou que quando era jovem não acreditava no castigo físico como uma forma adequada de educar uma criança, apesar do pensamento comum da época incentivar o uso de um fino galho de árvore para corrigir a criança. Um dia, o seu filho de 5 anos fez alguma coisa que ela considerou muito errada e, pela primeira vez, sentiu que deveria dar-lhe um castigo físico. Ela disse para ele que fosse até o quintal de sua casa e encontrasse uma varinha de árvore e trouxesse para que ela pudesse aplicar-lhe a punição. O menino ficou um longo tempo fora de casa e quando voltou estava chorando e disse para a mãe: Mãezinha, eu não consegui achar uma varinha, mas achei uma pedra que você pode jogar em mim. Imediatamente a mãe entendeu como a situação é sentido do ponto de vista de uma criança: Se minha mãe quer bater em mim, não faz diferença como e com o quê; ela pode até fazê-lo com uma pedra. A mãe pegou seu filho no colo e ambos choraram abraçados. Ela colocou aquela pedra em sua cozinha para lembrar sempre: Nunca use violência!".

O título deste post é uma tentativa de reflexão para nós pais e cuidadores: Por que ficamos furiosos quando outra pessoa destrata os nossos filhos? E porque não nos importamos quando somos nós mesmos que o fazemos? Por que somos os pais? Essa condição nos dá o direito de abusar de nossos filhos?

Sabemos que a punição física é uma prática "educativa" que sempre foi muito utilizada por pais. Ela começa com a velha e "inocente" palmada e facilmente se tornar um abuso físico. Os pais que batem, acreditam estar corrigindo o comportamento da criança ou adolescente. A grande questão é que bater não educa, apenas gera revolta, medo, tristeza... Como não educa, o comportamento que queríamos "eliminar" nos nossos filhos se repete e, a cada nova tentativa de "educar batendo" você vai precisar agregar mais força, gritos, chantagens, etc para que algo aconteça. Essa é a receita da agressão!

Uma observação importante: No processo de aprendizagem, a repetição é fundamental. Por isso, nossos filhos repetem muitos comportamentos até que eles tenham a certeza de tê-los apreendido.
Exemplo: Uma criança ao beber água, derruba na roupa. Você diz à ela: Tome cuidado ao beber água para não se molhar. Na próxima vez que ela beber água, provavelmente vai se molhar novamente e você precisará repetir a informação. Isso poderá acontecer várias vezes e a cada vez que acontecer você vai precisar dar a mesma informação. Faça isso pacientemente! Não terá nenhum resultado no processo de educação se você gritar ao dizer: "Eu já falei para você tomar cuidado ao beber água e não se molhar, seu idiota!"

Cuidado! Num suposto misto de raiva e ou medo de não ser respeitada e ou desejo de disciplinar, você pode se tornar um(a) abusador(a) de seus próprios filhos.
Não perca o controle com os seus filhos!


 

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sobre Meninos e Lobos

"Soldados americanos conversando com crianças afegãs em Maruf-Kariz Distrito de Dand"

"Oito jovens acusados de envolvimento no incêndio a ônibus que matou 14 pessoas no domingo são presos em El Salvador"

"Menino Afegão brincando com uma velha roda. Atrás, um soldado afegão"

"Bombeiro em resgate na região atingida por temporais em Alagoas"

Pego emprestado o título em português do filme de Clint Eastwood (Mistic River) e a história para o título deste post. Lendo o jornal, algumas manchetes e fotos me chamaram a atenção. Jovens violentos, meninos curiosos, soldados, bombeiros. Cada um com uma ação diferente. Uns ajudando, outros provocando dor.

No filme de Clint, a história conta sobre três amigos de infância que voltam a se reunir depois que um deles vive uma tragédia familiar. Tudo começa em um flashback mostrando o trio na adolescência, brincando na rua e escrevendo seus nomes em uma calçada de cimento fresco. Dois homens que se identificam como policiais surpreendem os garotos, repreendem o ato e levam o mais ingênuo do grupo, Boyle. O problema é que ele na verdade é sequestrado e abusado sexualmente pelos farsantes. Um fato que marcará profundamente não só sua vida, mas de todos os três. Trinta anos depois, cada um deles seguiu seu caminho. Boyle agora é um homem casado, mas que não esconde a imagem de um sujeito atormentado pelo passado. Jimmy é um comerciante que tem um histórico criminoso e que tenta levar a vida com a esposa e três filhas. Os dois continuam próximos, ao contrário de Sean, que se afastou e virou policial do departamento de homicídios.
O filme mostra um recorte do que acontece na vida real. Mas, o que determinou o caminho que cada um decidiu seguir? O destino? as suas experiências de vida? os seus traumas? O que torna uns homens diferentes dos outros? Porque alguns jovens se envolvem em ações violentas? É claro que a resposta não é simples, pois envolve muitas questões. Mas vou me deter a educação que damos aos nossos filhos. 

Penso que a educação, a maneira de interagir, os exemplos e ensinamentos sobre amor, solidariedade, compaixão, respeito, afeto, etc que damos aos nossos filhos, ajudam a determinar o caminho que irão seguir no futuro. Então somos responsáveis por quem e pelo que criamos? Sim! O papel de pai e mãe é o mais importante que exercemos na vida. Está em nossas mãos o desenvolvimento de um ser saudável.
Assistindo a um outro filme (Robin Hood) em uma determinada cena um soldado que estava morrendo, pede à Robin que leve a sua espada ao seu pai, pois ele o amava e o considerava demais. Robin diz ao soldado que sabia pouco sobre amor e relacionamento entre pai e filho, pois seu pai o abandonou quando ele tinha 5 anos. A cena deste filme mostra com clareza a realidade do cotidiano de muitas crianças que não aprenderam sobre amor, sobre relacionamento, sobre solidariedade e quando adultos vão reproduzir esse vazio.

Quando vejo cenas como as das fotos acima, me compadeço desses meninos que se tornaram homens com um imenso vazio no peito, vazio que poderia ter sido preenchido com tanta coisa boa e bonita, mas não foi... Rezo para que eles encontrem pelo caminho outros homens bons e que tenham compaixão por eles.

Deixo aqui um pedido para uma reflexão sobre como estamos nos relacionando com os nossos filhos, o que estamos desenvolvendo neles. O que podemos mudar nessa relação e que façamos isso logo.
Com carinho,
Lila

domingo, 23 de maio de 2010

Transtorno de Conduta. O que é isso?

Quem assistiu ao filme Toy Story conhece bem o personagem de um garotinho chamado Cid. Ele destrói todos os seus brinquedos e os da sua irmã. Cid tem um dos comportamentos típicos de crianças e adolescentes com Transtorno de Conduta. Esses pequenos que se divertem com o sofrimento dos outros, seja um animal ou um amigo chamam a atenção pela agressividade exagerada e falta de empatia.

O que é o Transtorno de Conduta? - "É um padrão repetitivo e persistente de comportamento que viola regras sociais importantes em sua idade ou os direitos básicos alheios" (ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria)

Bem, nenhum menor de 18 anos pode ser chamado de psicopata, uma vez que sua personalidade ainda não está formada. Nesses casos, usamos o termo "Transtorno de conduta". Calma! Não quero dizer que as crianças com transtornos de conduta serão psicopatas no futuro, mas não posso deixar de ressaltar que esse transtorno revela um forte risco. Assim como nem toda criança com TC será um psicopata, mas todo psicopata sofria de TC.

Quando o comportamento de uma criança ou adolescente deve nos preocupar?
Quando mentem ou furtam com frequencia, desrespeitam regras constantemente, maltratam animais ou a outras crianças e demonstram agressividade excessiva. É claro que certo grau de malvadeza é aceitável na infância e adolescência, pois faz parte do desenvolvimento. Vamos dar um desconto! Até mesmo porque o TC é caracterizado pela repetição, e não por atos isolados. Eles podem vir acompanhados de hiperatividade e déficits graves de atenção.

Costumo dizer que não devemos cobrar nada de ninguém que a idade não permita. Por isso, não exija capacidade de julgamento (consciência do que pode ou não fazer) ou analise de limites de crianças menores de 7 anos. Somente a partir desta idade é que essa capacidade se desenvolve. Por exemplo: Quando um menino de 6 anos coloca o gato no microondas, ele não sabe o risco que está expondo o animal, mas um menino de 8 anos sabe. É claro que existem exceções em relação a idade como no famoso caso da menina inglesa de 2 anos chamada Mary Bell (1968). Já nesta idade era muito diferente de qualquer outra criança. Nunca chorava quando se machucava e destruía todos os seus brinquedos. Aos 4 anos precisou ser contida ao tentar enforcar um amiguinho na escola. Aos 5 anos, viu um colega sendo atropelado e não demonstrou nenhuma reação emocional. Depois da alfabetização, ficou incontrolável: pichava paredes na escola, incendiou a sua casa e maltratava animais. Aos 11 anos, Mary matou por estrangulamento dois meninos (3 e 4 anos) sem dó e piedade. Antes de ser julgada, Mary foi avaliada por psiquiatras e psicólogos e teve como diagnóstico um gravíssimo transtorno de conduta. Mary foi um caso clássico e raro de psicopatia na infância. Muitos psicopatas sofreram abuso na infância, seja físico, sexual ou psicológico. O caso citado reuniu todos os fatores.

O que torna uma criança com tendência a psicopatia?
Existem três fatores de risco: a predisposição genética, um ambiente hostil e possíveis lesões cerebrais no decorrer do desenvolvimento. Esses fatores não atuam sozinhos, eles precisam de terreno fértil. Quando a criança se encontra em um ambiente hostil, violento e com carência de afeto, os sintomas podem se manifestar.
Até então, não se conhece a cura para a psicopatia em adultos, no entanto existe a chance de mudar o comportamento de crianças com o transtorno de conduta e evitar que se tornem transgressores mais tarde.

Um abraço,
Lila
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Fonte & Sugestão de Leitura:
Gritos no vazio - A história de Mary Bell - Gitta Sereny. Editora: Gutenberg
Teorias da Personalidade - Howard S. Friedman & Mirian W. Schustack