segunda-feira, 25 de março de 2013

Você mente para os seus filhos?

pinoquio
“Eu não quero que meus filhos mintam” – Essa é a expressão do desejo de todos os pais.
 
Pesquisa sobre a mentira
A maioria dos pais mente para os filhos em uma tentativa de mudar o seu comportamento, segundo um estudo feito entre famílias americanas e chinesas, que registrou as mentiras mais frequentes contadas nesses dois países. O estudo, publicado no "International Journal of Psychology", foi feito por pesquisadores dos departamentos de psicologia da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, da Zhejiang Normal University, na China, e da Universidade de Toronto, no Canadá.
 
Ele analisou a utilização da "mentira instrumental" em cerca de 200 famílias, registrando histórias inventadas pelos adultos que vão desde a fada do dente até ameaças de que as crianças podem ficar cegas se não comerem alguns legumes. A mentira mais frequente observada no estudo foi a de pais que ameaçavam abandonar os filhos sozinhos na rua ou outro local público se eles não se comportassem.
 
Outra mentira comum tanto nos Estados Unidos quanto na China é a falsa promessa de comprar um brinquedo em um ponto indefinido no futuro: "Não trouxe dinheiro comigo hoje. Podemos voltar outro dia", costumam dizer alguns pais.
 
Segundo o estudo, os pais em geral aceitam que mentiras devem ser contadas para fazer com que os filhos adotem um comportamento social desejável. Por exemplo, a mentira de que "quem come brócolis cresce mais" termina sendo um incentivo a hábitos alimentares saudáveis.
 
Ensinando sobre a verdade
As crianças precisam ser ensinadas a não mentir e os pais são os principais mestres, muito mais com o que mostram em suas atitudes do que com suas palavras.
Pais que costumam mentir criam filhos que mentem. Pais que usam da verdade, que assumem a responsabilidade por aquilo que fazem e dizem, criam filhos responsáveis e éticos.
 
Com qual idade a criança mente?
Não tão cedo. Aos três ou quatro anos as crianças tendem a confundir a realidade com a fantasia. Quantas crianças já contaram sobre viagens surpreendentes que fizeram, quando passaram o fim de semana em casa? Fantasiar é diferente de mentir no universo infantil. Nesses casos para nós pais está lançada a missão de buscar descobrir as razões do desejo fantasioso da criança. Isso pode nos levar a grandes aprendizados sobre os nossos filhos.
 
Quando a possibilidade de mentir pode ser evitada
Com o passar dos anos, um pouco mais tarde, a criança pode começar realmente a mentir. Elas geralmente mentem para tentar escapar de um problema. Sabem que fizeram algo que não deviam e, quando confrontadas, mentem. Muitos pais, sem saber, favorecem tal tipo de situação. Se você perguntar: “Você bateu no seu irmão?” ou “Você fez a lição d ecasa?”. Por impulso e por medo das consequências, a criança mente.
  • Dica: Ao invés de perguntar, com segurança e sem impor medo, afirme: “Eu sei que você bateu no seu irmão”, “Eu sei que você não fez a lição de casa”. Dessa maneira, você abre espaço para uma conversa sem a necessidade de mentiras. Essa é uma grande oportunidade para ensinar aos filhos sobre assumir responsabilidades.
A mentira numa idade mais avançada
A mentira consciente, planejada, que tem como objetivo trazer vantagens, surge na terceira infância a partir dos oito anos. Com raras exceções pode aparecer na segunda infância, em torno dos cinco anos de idade. Esse tipo de mentira é felizmente, mais rara, sendo geralmente sintoma de um problema no desenvolvimento emocional da criança.
 
Ética
Aprender a lidar com “nãos” e a tolerar frustrações, não é tarefa fácil para nenhuma criança. Elas tentam manipular o ambiente para conseguir satisfação de todos os seus desejos e, para isso tendem a mentir, fingir, burlar regras, enganar, omitir, etc.
 
Em se tratando de crianças, isso é perfeitamente natural, até mesmo porque o ser humano não nasce dotado de ética. No início da sua experiência de vida, a criança não sabe o que é certo ou errado, o que lhe faz bem e o que não faz. Somos nós os pais quem vamos ensinar e transmitir princípios, normas e regras, que possam definir a conduta dos filhos daqui para frente.
 
Pais que costumam mentir criam filhos que mentem. Pais que usam sempre da verdade, que assumem a responsabilidade por aquilo que fazem e dizem, criam filhos responsáveis e éticos. Só se ensina aquilo que se é.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Violência Sexual

Banner Pedofilia
 
Ao longo da história da humanidade, crianças têm sofrido todo tipo de violência independentemente da cultura ou classe social em que vivem.
 
Há pouco tempo falar abertamente sobre abuso sexual* de crianças e adolescentes era um verdadeiro tabu (assunto delicado que gera incômodo em algumas pessoas quando se fala sobre).  A grande maioria dos casos de abusos eram escondidos pela vítima por vergonha e medo.  Hoje a realidade está um pouco diferente. Algumas poucas vítimas ou testemunhas, se permitem falar, denunciar ou relatar o que vem acontecendo com elas. Porém, muitos adultos, pais das vítimas, ainda preferem manter o silêncio fazendo de conta que nada está acontecendo. Preferem não expor os fatos e nem enfrentar a situação de forma aberta e corajosa. Eles sabem que isso implicaria em mexer numa ordem familiar estabelecida, pois a maioria de casos de abusos ocorrem dentro de casa. O lar que deveria ser o lugar mais seguro para uma criança, muitas vezes é o cenário de momentos de terror.
 
É importante que tenhamos em mente o conceito sobre Abuso Sexual: Abuso sexual é todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual entre um ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por finalidade estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa.
 
A violência sexual contra crianças e adolescentes pode se manifestar de diversas formas como:
 
- com contato físico por meio de toques,
- carícias, manipulação de genitais,
- relações com penetração anal, vaginal,
- sexo oral;
- sem contato físico como o voyerismo,
- assédio,
- exibicionismo,
- utilização da criança para elaboração de material pornográfico ou obsceno;
- com contato físico com violência nos casos de estupro, brutalização, muitas vezes chegando ao assassinato das vítimas.
 
Por conta do interminável sigilo das testemunhas, vítimas e algozes, as crianças e os adolescentes tornam-se involuntariamente cúmplices de sua própria dor, sendo obrigadas a assumirem sozinhas as terríveis conseqüências físicas e psicológicas do abuso.
 
Cenário em que acontecem os abusos
 
Em geral, o abuso sexual acontece sempre que as crianças ou os adolescentes estão sozinhos.  A experiência que vivenciam, os momentos de medo e de incapacidade diante do que vai acontecer ou aconteceu, torna o cotidiano e a vida de muitos deles, quase insuportável.  Manter tudo isso em segredo é um peso a mais, mas as vítimas sabem o quanto ele é difícil de ser partilhado.
 
O medo e a descrença silencia
 
Tanto a criança quanto o adolescente temem a punição ou não acreditam na capacidade do adulto de protegê-los. Se não conseguem falar é porque não tem mais confiança no adulto. Outros, quando falam, são desacreditados e acusados de sedução. Para um vitima não há nada pior do que se abrir para algum que duvida dela.
 
Síndrome de Acomodação
 
R.C. Summit (1983) descreveu a "Síndrome de Acomodação" da criança e adolescente vítimas de abusos sexuais: “Se o diagnostico de abuso não foi feito, e se as pessoas não acreditam na criança ou no adolescente, os distúrbios são mais discretos e eles aprendem a aceitar a situação e sobreviver a ela, sob o risco de as conseqüências só se manifestarem mais tarde na forma de graves problemas de personalidade”.
 
As nossas crianças e os nossos adolescentes estão sequelados pelo excesso de abuso que sofrem e é o nosso dever ajudá-los. Romper com o silêncio e acreditar na vítima do abuso é um primeiro e importante passo.
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* A Organização Mundial de Saúde define o abuso sexual da seguinte maneira: “A exploração sexual de uma criança ou adolescente implica que esta seja vítima de um adulto ou de uma pessoa sensivelmente mais idosa do que ela com a finalidade de satisfação sexual desta. O crime pode assumir várias formas: ligações telefônicas obscenas, ofensa ao pudor e voyeurismo, imagens pornográficas, relações ou tentativas de relações sexuais, incesto ou prostituição de menores”.