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sábado, 23 de janeiro de 2010

Mãe estressada, criança obesa

É claro que não é uma regra, mas o estado emocional materno pode afetar o apetite dos filhos. Nós adultos identificamos facilmente a ligação entre o estresse e a alimentação: O fato de nos sentirmos mais ansiosos determina quase sempre alterações no comportamento alimentar. Para alguns, a subida dos níveis de ansiedade implica na perda quase total de apetite; mas para outros o stress é responsável pelo aumento do apetite e, quase invariavelmente, pelo aumento de peso.

Hoje em dia, muito se fala sobre a obesidade infantil e sobre a necessidade de os pais se responsabilizarem por hábitos de vida saudáveis – que incluem uma alimentação variada e a prática regular de exercício físico – é divulgado um estudo interessante que mostra que em famílias menos favorecidas, mas, em que a comida é suficiente, o estresse da mãe pode contribuir para a obesidade dos filhos. Quanto maior é o nível de ansiedade da mãe, maior é a probabilidade de as crianças se tornarem obesas. Curiosamente, esta probabilidade decresce no caso das famílias em que há carências alimentares.

Num ambiente estressante, a comida serve de alguma forma, para confortar, seja através do aumento da quantidade de alimentos ingeridos, seja através da alteração no tipo de alimentação. A influência é mais significativa em crianças com menos de 10 anos, pois nessa fase da vida, os filhos costumam fazer refeições em casa. Na adolescência, quando o contato com os amigos aumenta, os hábitos alimentares são alterados. A “independência” dos adolescentes proporciona alternativa de alimentação, além de mais recursos sociais e emocionais para lidar com o estresse maternal. Pelo contrário, as crianças pequenas tendem a interiorizar mais essa ansiedade.

Observe como está o seu estado emocional e como os seus filhos se comportam diante dele. Ficam tristes? com apetite? irritados? Agora tente se acalmar e observe novamente. Você verá uma enorme diferença. Experimente! 

domingo, 28 de junho de 2009

A estética ideal pode ser uma armadilha.

“Disse alguém que a verdadeira elegância não é sequer notada. Não andemos tão longe. Mas é necessário convir que não é pela atenção que se chama que se pode avaliar elegância. De fato, muitas mulheres crêem que, quanto mais jóias, mais bela ficarão. Não saber parar de se enfeitar é como não saber parar de comer. Só que, na elegância, a indigestão é dos olhos.Não use roupas que a incomodam. Por mais belas que sejam, ao fim de algum tempo, prejudicarão a graça dos gestos, a naturalidade, dando um ar “endomingado” a quem as use. Quem pode sorrir espontaneamente quando a cinta está tão apertada que quase tira o folêgo?De que adianta estar com um vestido bonito, se você ficar puxando a saia ou endireitando a gola ou acertando o cinto ou alisando as pregas, ou, ou, ou, etc. Um dos melhores modos de usar bem um vestido é, depois de vesti-lo, esquecer-se dele. A mulher usa roupas que lhe assentam. Mas deve também adaptar-se às roupas que usa. Por exemplo: que acha de uma jovem em vestido de noite, caminhando com passadas de quem está jogando tênis? Ou que pensa você de uma criatura vestida com saia e blusa a atravessar uma rua como se arrastasse uma longa cauda de vestido?”
A verdadeira elegância - Clarice Lispector

A beleza e a estética feminina, assuntos eternos. Historicamente a mulher pôde ser vista de diversas formas. Na Grécia Antiga a concepção de beleza incluía o exterior do indivíduo, como suas qualidades internas. Isto acontecia, em parte, porque a beleza incluía o fato de estar em boa forma física. Sabe-se que valorizavam a magreza, odiando a obesidade e para isso, após os banquetes, usavam a prática bulímica do vômito induzido, para não engordarem, uma prática legítima e socialmente aceita. Na Idade Média, a mulher era mais corpulenta, pois a gordura era considera erótica e sedutora. Já a mulher no século XIX passa a existir em dois tipos físicos: a primeira caracteriza-se por ser delicada, frágil e bela; a segunda, pesada e sensual, detentora de bustos mais fartos, quadris mais largos e pernas grossas. No século XX, a mulher se despiu, estava mais a vista para ser avaliada. Estar despida e ser avaliada trouxe um problema. A solução? Cobrir o corpo de cremes, vitaminas, silicones, plásticas e colágenos. A pele tonificada, alisada, limpa de manchas é a nova vestimenta. Começa a era do culto do corpo, fonte inesgotável de ansiedade e de frustração.

Diferentemente das nossas avós, hoje, não nos preocupamos mais em salvar as nossas almas e sim os nossos corpos. Mas salvar do quê? Da rejeição social. O tormento não é mais o “fogo do inferno”, mas a balança e o espelho.

A mídia e os meios de comunicação nos “ajudam” na nossa neurose. Temos padrões ocidentais cruéis de moda, beleza, estética, e cada vez mais meninas e mulheres insatisfeitas com o seu corpo. Colocamo-nos a serviço de nossos próprios corpos, nos tornamos subordinadas da mídia, dos cartazes da rua e das revistas.

Atualmente, vivemos um momento de grande insatisfação no que diz respeito ao nosso corpo. Submetemos-nos a cirurgias desnecessárias, e mesmo assim acabamos infelizes, pois alcançarmos os padrões pré-estabelecidos da beleza torna-se uma meta impossível. Perdemos de foco a nossa identidade, personalidade, os nossos desejos naturais e sonhos como ser humano.

Começamos a viver num mundo onde o discurso de beleza feminina como promessa de prestígio, felicidade e ascensão social, reitera uma representação passiva do “ser feminina”. Insistimos na submissão, agora não somente às pessoas externas, mas a nós mesmas.

Infelizmente o que nos encarcera ao mito de embelezamento não é o fato de desejarmos cuidar da nossa aparência, mas, sim, as representações que este mito nos cria e faz com que nos sintamos invisível ou incorreta se não atingirmos os padrões estipulados para nosso tempo. É uma prisão cuja chave está na nossa mão.
Aproveitem!
Com afeto,
Lila
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Fontes que ajudaram nas Postagens: ANDRADE, Sandra dos Santos. Saúde e beleza do corpo feminino. Algumas representações no Brasil do século XX – Revista Movimento, Porto Alegre, v.9, n.1, janeiro/abril de 2003.GARCIA, Wilton. Corpo, Mídia e Representação: estudos contemporâneos. São Paulo: PioneiraThomson Learning, 2005.