domingo, 23 de fevereiro de 2014

Medo de Crescer

Foto retirada da internet - google imagens.
Foto retirada da internet - google imagens.

Muitos conhecem a história de Peter Pan, o menino que não queria cresce, pois certo dia escutou seus pais conversando sobre o futuro dele quando adulto. Peter decidiu que não queria assumir as responsabilidaidades da vida adulta e apenas se divertir; então foi em busca da “Terra do Nunca”, onde poderia realizar esse sonho. O personagem pertence a a história de James Matthew Barrie e está no livro “Peter Pan in the Kensington Gardens”, de 1904. 

Em 1983 a chamada “Síndrome de Peter Pan” foi aceita no universo da psicologia devido a publicação do  livro “The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up” (em portugues - Peter Pan, síndrome do homem que nunca cresce), escrito pelo Dr. Dan Kiley.

Crescer pode ser assustador
 
Crescer pode ser encantador e ao mesmo tempo assustador para algumas crianças. Principalmente aquelas que são estimuladas pelos pais, a permanecer no mundo infantil.
 
As crianças pequenas têm uma grande dependência dos pais ou dem quem as cuida.  Isso é perfeitamente natural, tendo em vista que elas não conseguem lidar sozinhas com situações diversas do dia a dia.  Esse vínculo criado entre crianças e adultos é importante para o desenvolvimento da criança e para sua segurança e formação da personalidade; porém é importante lembrar que uma das condições necessárias para que uma criança possa viver plenamente a sua infância é permitir que ela cresça em segurança e com apoio.

Pequenos exploradores

Crianças gostam de explorar o mundo, conhecer coisas novas e libertar-se das antigas experiências. É fundamental que elas se sintam confiantes e prontas para os próximos passos, e essa confiança é um aprendizado estimulados por nós pais. Representamos para os nossos filhos a proteção, defesa e a garantia de que eles poderão viver e experimentar o que quiser, e em segurança. Aos poucos, as crianças vão percebendo que conseguem fazer coisas sozinhas e, sentem-se felizes com isso, pois afinal aprender a “se virar só” é algo necessário para a manutenção da vida.  

Aos seis anos toda criança começa a perceber cognitivamente que está crescendo; e insconsciente, ela sabe que crescer significará se afastar de seus pais e de alguns “mimos”. Com isso, crescer poderá provocar sentimentos contraditórios. Oras podem estar felizes com a ideia, noutra com medo. Felizes porque crescer significa ganhar independência, experimentar coisas antes nunca feitas; mas também significa perder algumas regalias que só os “bebês” têm. O processo de crescimento não é um mix de sentimentos apenas para elas, alguns pais, em especial as mães, também sofrem muito com isso.

Tomando consciência

Certo dia eu me dei conta de como meu filho de nove anos está diferente. Sua voz, atitudes e maneira de se expressar também. Percebendo essas mudanças, fiz um comentário de que já não era mais o meu bebezinho de antes. Ele, sensível e perspicaz como é, percebeu a minha emoção camuflada por traz da minha fala descontraida e me disse: “Lamento mãe por eu estar crescendo e não ser mais um bebê”.  Aquela fala foi um beliscão que me acordou das minhas veladas lamentações maternas. É lógico que meu filho não precisa lamentar-se por estar crescendo, mas sei que ele percebeu que para mim, e para ele, crescer significava perdas. 

Impedindo seu filho de crescer

Muitos pais enfrentam momentos de crise quando percebem que seus filhos estão crescendo e começam a atrapalhar esse processo trazendo-os de volta para as fases que já não fazem mais parte do cotidiano da criança ou mantendo-os nelas. Fazemos isso em coisas simples, mas extremamente prejudiciais, como por exemplo:

- Uso de mamadeira e chupeta em crianças acima de 2 anos,
- Superproteger em situações que eles precisam aprender a lidar sozinhos;
- Escolhendo suas roupas e amigos (no caso de crianças acima de 6 anos);
- Não permitindo que expressem opiniões e pensamentos;
- Criando castigos humilhantes, mas que dão aos pais a sensação de controle e superioridade.

 Ajudando seu filho a crescer 

Em qualquer idade podemos estimular nossos filhos a caminhar com suas próprias pernas. Quanto mais velha a criança, mais responsabilidades e liberdade elas vão adquirindo.  

É importante aceitarmos que eles não nos pertencem, e sim ao mundo, e é para ele que devemos prepará-los. Estimular os filhos a permanecer numa fase da vida é um ato egoísta e prejudicial aos mesmos, e poderá prejudicar toda uma vida adulta.  
 
Precisamos ter claro em nossas mentes que nós pais devemos sim estar juntos de nossos filhos desde os primeiros passos, apoiando, encourajando e estimulando a continuar sozinhos a partir de um determinado momento da vida. Devemos criar uma atmosfera saudável, onde nossos filhos compreendam que estaremos sempre ao lado deles  para ampará-los em momentos de necessidades, o que não significa impedir que caiam ou que caminhem com suas próprias pernas.