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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Relacionamento: Rir com o outro ou rir do outro?


Dizem que é mais difícil arrancar risadas do que lágrimas e que poucos têm talento para transformar uma situação complicada em comédia. Quem consegue, garante que a vida fica mais leve. Porém esta é uma arte para poucos e requer um enorme bom senso e uma imensa capacidade de perceber até onde vai o seu limite e começa o do outro.

Cuidado para não extrapolar

Piada também tem limite. Há uma enorme diferença entre rir com alguém e rir de alguém. Lembro-me de meus pais me dizendo: “Quando você falar algo supostamente engraçado observe se você é a única que está rindo, se for, tenhas certeza de que algo está errado”. Tudo muda quando somos o motivo da piada. Por isso, é bom ficarmos atentos com o que dizemos para as pessoas que amamos.

Geralmente rir do outro começa quando termina o carinho, o respeito e a consideração. Rir do outro, magoa, constrange e gera insegurança.  Então, porque casais insistem em manter essa linha de relacionamento?  Já presenciei muitos casais fazendo piadas sobre o outro, onde apenas uma parte ria e a outra constrangida e séria estava.

Procurei no dicionário o significado da palavra respeito e encontrei dentre outros, os seguintes: apreço, consideração, acatamento, deferência, referência, relação. Casais que se amam e se respeitam e desejam serem cuidadosos um com o outro, escolhem outro formato de relacionamento.  Escolhem rir juntos.

Culturalmente falando

Nós brasileiros aprendemos a driblar a dor com o humor, fazemos piadas sobre situações difíceis e assimilamos que esta é uma maneira de aliviar o que é quase insuportável. “Rir é o melhor remédio” já diz a frase popular. Bem, metaforicamente falando, se o remédio for um alopático, ele provavelmente terá efeitos colaterais e poderá provocar mais dor oriunda do suposto “humor”.

Em muitos relacionamentos, o preconceito, a raiva, o incômodo ou a necessidade de dizer algo ao outro pode vir revestido de humor.  Cuidado! Dessa maneira,  a “graça” disfarça a seriedade de um tema e assim a consciência pode dormir tranquila acreditando que não magoou a outra pessoa.  A mensagem foi dita, mas quem a compreendeu? Ela gerou algum aprendizado para a relação? Ou apenas gerou risos de um dos lados?

Você está falando sério ou é brincadeira?

Se em um relacionamento, as piadas ou brincadeiras são as principais maneiras de dizer algo ao outro, falar sério passa a ser uma grande dificuldade. Ninguém tende a dar muito crédito ao sujeito “bem humorado”.

Forma de expressão

 Do meu ponto de vista há várias explicações para uma pessoa ser engraçadinha. É uma forma criativa de desenvolver-se socialmente ou ainda pode ser uma maneira de compensar a baixa autoestima ou a insegurança. O bom humor é uma ótima qualidade, desde que essa não seja a única forma de uma pessoa se relacionar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os Filhos e o Divórcio

A crença dos filhos em relação aos pais é que eles viverão juntos para sempre. Dificilmente passa pela cabeça desses pequenos que os pais podem um dia vir a se separar. Porém sabemos que o divórcio acontece e que na maioria das vezes não é bom para os filhos.

Existem escritores que tentam amenizar a dor da separação, escrevendo dicas sobre como lidar a situação. Os argumentos são distintos, mas a realidade é que nenhum filho gosta dessa idéia.

Obviamente existem filhos que afirmam que a separação dos pais foi a melhor decisão para a vida do casal diante da vida que levavam, mais isso não signfica que aprovam a idéia de separação. Muito provavelmente eles iriam preferir ter os pais juntos e vivendo felizes.

Os corações mudam, os objetivos do casal tornam-se diferentes e a cada dia vai ficando mais pesado e dificil levar uma vida a dois. Este é um ponto de decisão: separar-se ou tentar reconstruir a relação. Bem, geralmente os casais que decidiram se separar, já tentaram a reconciliação e já deram chances para a relação. Tendo elas esgotado e nada mudado, a separação passa a ser o objetivo final.

Sabemos que o divórcio é quase sempre o ponto final em anos de desentendimentos, expressos ou velados, entre os pais. Há pais que se orgulham do fato de não ter havido muitas brigas antes da separação. “Nunca discutimos na frente das crianças” Bem, isso não é garantia de que a separação será menos dolorosa para os filhos, pois as crianças sabem que os desentendimentos existem. Elas têm um incrível radar para captar o que está oculto.

Prováveis consequencias da separação
 
Casais que brigam muito e que se divorciam, podem gerar em seus filhos estresse e um sentimento de impotência, pois eles não desejam que tudo acabe, mas sabem que não podem fazer nada. E, o que é pior, as crianças às vezes acreditam que a separação dos pais aconteceu porque elas não foram boas o suficiente, sentem como se fosse culpa delas. Esse tipo de crença pode persistir, mesmo que os pais digam o contrário.

A separação sob a perspectiva do adolescente
 
Diante da separação, os adolescentes podem perder a credibilidade antes depositada nos pais. Já ouvi uma garota de 15 anos se referir aos pais separados da seguinte maneira: “Como posso confiar neles? Eu pensei que se amavam, e de repente se separam e nem se importam com o que penso sobre isso”.

Dados de pesquisa

Um estudo observou por vinte e cinco anos crianças cujos pais haviam se separado. Descobriu-se que tais crianças apresentavam muito mais dificuldade no amor, em sua vida íntima e no comprometimento com seu casamento, do que um grupo de controle cujos pais não haviam se divorciado. Além disso, os filhos de pais divorciados tinham muito mais dificuldade de exercer seus papeis de pais.

Você pode estar se perguntando: Já que separar-se é ruim e ficar numa relação com brigas também. O que devo fazer? Se o divórcio é inevitável, procure dar o maior apoio possível para os seus filhos. Isso poderá diminuir o impacto da sua decisão sobre eles.

Algumas dicas:
 
- Evite coloca-los contra o pai/mãe. Lembre-se: é você que está se separando, não eles;
- Não tente fazer de seus filhos um álibe ou suporte emocional. Essa decisão e suas conseqüências, você terá que assumir sozinho(a);
- Permita que eles expressem o que pensam e sentem sobre o assunto, por mais que seja doloroso para você ouvir. Isso alivia muito o mal estar causado pela separação.
- Ao começar a namorar de novo, poupe seus filhos no início da sua relação. Apresente a eles somente quando a relação já estiver estável e com grandes chances de dar certo.
- Aceite e acolha os sentimentos que podem surgir em seus filhos com a separação (raiva, medo, angústia, depressão, etc.) Caso você não consiga lidar bem com eles, procure ajuda profissional para você e para seus filhos.
- Você está separando(a) do seu marido/esposa, não de seus filhos, então procure estreitar as relações e aumentar o vínculo.

Abraços,
Lila
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Sugestão de leitura: Meus pais se separaram. E agora? Cyntia MacGregor. Ed. Novo Século

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Segredo do Casamento

Este pequeno texto de Stephen Kanitz fala um pouco sobre o casamento. É no mínimo uma reflexão com descontração. Boa leitura!
"Meus amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui ficar casado trinta anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo.
Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.

Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue.

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua de mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?
Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos num único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo?

Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou marido por trinta anos com a mesma
roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas, e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal "estabilidade do casamento", nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma "relação estável", mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensando fazer no início do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, por que não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto, descubra o novo homem ou a nova mulher que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par".
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Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Editora Abril, Revista Veja, edição 1922, ano 38, nº 37, 14 de setembro de 2005, página 24.

domingo, 28 de junho de 2009

Quando separar-se é necessário...


Adoro a minha profissão de Psicóloga, pois ela me proporciona conhecer pessoas, histórias, sonhos e realizações. Ser parte da vida dessas pessoas é para mim, algo muito especial. Sou diariamente tomada por um profundo respeito, carinho e admiração pelos que eu atendo. O texto abaixo foi escrito por uma mulher muito especial, que busca incansavelmente encontrar a si mesma. Tenho o grande privilégio de compartilhar da sua vida como terapeuta e de presenciar o seu crescimento dia após dia. Com profunda autenticidade ela escreveu o texto para ser postado neste Blog. Seu desejo é de dividir com outras pessoas a sua rica experiência.
"Caro Leitor,

Quero compartilhar com você a minha experiência de vida: Quando eu era bem pequena fiz uma promessa, que por alguns anos ficou “esquecida”, mas que agora começa a ser cumprida...Certo dia prometi pra mim mesma que seria feliz. Sei que pode parecer estranho esse tipo de promessa, porque ser feliz é algo inerente às pessoas, é algo tão básico e normal de se querer, que o fato de se prometer algo como isso soa, no mínimo, estranho. Mas para alguém que nunca soube o significado dessa palavra é a grande conquista de uma vida toda.
Cresci numa família desestruturado, com um pai alcoolista e bastante violento. Eu não conseguia compreender o porquê de tanta crueldade, não entendia como alguém que deveria amar e cuidar de sua família nos fazia passar por todo tipo de violência física e emocional. A única coisa que eu entendia claramente era a profunda tristeza que eu via nos olhos da minha mãe, eram olhos sem brilho, infelizes de uma profunda apatia. Foi vendo a tristeza naqueles olhos que eu tanto amava que prometi pra mim mesma que eu seria feliz, que buscaria o amor e a verdade pra minha vida.
Duas décadas mais tarde estava eu me olhando no espelho, quando, de repente, vi refletido aquele mesmo olhar que eu via ao olhar para minha mãe. Comecei a me perguntar o que havia acontecido com a minha promessa de ser feliz. Onde foram parar os meus sonhos? E as coisas que eu acreditava?Estava então casada. Meu marido era um bom homem, uma pessoa honesta, tranquila, dedicado à nossa família. Tínhamos uma casa modesta e confortável. Tínhamos também nossos empregos, ou seja; uma vida tranquila. Em tese eu tinha tudo pra ser uma pessoa feliz e realizada. No entanto, não era. Carregava na alma uma tristeza profunda.
Por muitas e muitas noites, durante anos, deitava a cabeça no travesseiro à noite e as lágrimas desciam sem que eu pudesse controlá-las, chorava baixinho pra que meu marido não percebesse, levava as mãos à boca para abafar um grito que poderia sair a qualquer momento. Durante àquele choro silencioso a pergunta se repetia: O que é que eu fiz da minha vida? O que havia acontecido com minha promessa? O que mais me fazia sofrer era não amar o meu marido. Na realidade nunca o amei. Nos dois primeiros anos do nosso casamento cheguei a me enganar imaginando que o amor viria com a convivência, que eu conseguiria ser feliz mesmo vivendo um relacionamento sem paixão.
Imagino que você, deve estar se perguntando como eu me casei mesmo sem amor, sem paixão. Na realidade acredito que a principal razão foi porque aquele homem me trazia muita tranquilidade. Ele me deu um lar calmo (bem diferente do que vivi quando criança). Eu tentava me conformar e ser grata pela vida que eu tinha. No entanto, quanto mais eu tentava, maior era o meu sofrimento e maior a certeza de que eu não conseguiria.
Em meio a esses e outros conflitos comecei a fazer terapia. Já se vão cinco anos desde o primeiro atendimento. Aqueles encontros eram para mim como um alívio, um lugar seguro onde eu podia dizer absolutamente tudo o que sentia. Muitas vezes quando eu ia me aproximando da clínica já começava a chorar. As lágrimas desciam sem que eu pudesse contê-las e quando sentava na frente da minha terapeuta não falava uma só palavra, apenas chorava copiosamente. Aquelas lágrimas aliviavam o meu espírito, me deixava mais forte pra seguir o meu caminho. Durante as sessões eu sempre falava que queria ser livre. Queria poder ser feliz de verdade, fazer minhas próprias escolhas de forma consciente e verdadeira. Não queria estar num casamento apenas para dar satisfação ao mundo, ou porque meu marido era um homem bom. Queria liberdade pra poder cumprir a minha promessa.
Na terapia “descobri” que para mim, a tão sonhada felicidade estava intimamente ligada ao fato de poder fazer minhas próprias escolhas, a ser livre para aprender e viver todas as experiências que a vida pode me proporcionar.
Imagino que você deve estar se perguntando se por acaso eu estava com um revólver na cabeça sendo obrigada a dizer sim perante o juiz, afinal, fui eu mesma, por livre e espontânea vontade, que escolhi o noivo, a data do casório e todos os móveis da casa. É, fui eu que fiz tudo, ninguém me forçou a absolutamente nada. No entanto, hoje percebo que eu não estava de fato fazendo escolhas, estava apenas brincado do “jogo do contente”.Qual de nós já não leu ou conhece aquele famigerado livro chamado Poliana? Há décadas este é o livro que algumas mães dão às filhas para ler quando estão entrando na adolescência (como uma espécie de ritual de iniciação à vida adulta). Pois bem, o joguinho era muito simples, consistia apenas em parecer ser feliz diante das situações mais adversas. Perceber que por pior que seja a situação sempre há algo de bom. Foi exatamente isso que fiz comigo, eu não estava casando com que eu amava, mas pelo menos podia agradecer por ter um companheiro, uma casa tranquila... Não tinha paixão naquela relação, mas tinha segurança, alguém pra me apoiar quando precisasse. É impressionante como não apenas eu, mas muitas pessoas brincam do jogo do contente e nem se dão conta. Sou capaz de apostar que você está brincando dele agora. Vamos testar? Imagino que você deve detestar seu trabalho, que todos os dias de manhã quando acorda é acometida de um desânimo enorme. E aí qual é seu primeiro pensamento? Bom, pelo menos eu tenho um trabalho. Imagino que você deve estar noiva, namorando, ou enrolada com alguém; não importa. Você já se perguntou se ama de verdade esse alguém, ou será que está brincando do tal joguinho, dizendo para si mesma: “Não morro de amores, mas ao menos não estou no grupo das encalhadas”. Eh! Minha cara. É por essas e outras, que detesto aquele manual de fazer Amélias chamado Poliana. Durante os nossos encontros minha terapeuta me deu outro livrinho pra ler chamado “Complexo de Cinderela”. Já li muitas coisas nessa vida, mas nunca, jamais, li algo que me trouxesse tanta lucidez. Esse livro fala da dependência emocional das mulheres com relação aos homens. Por mais que nós mulheres, tenhamos nos tornado referência no mercado de trabalho, quer sejamos sinônimo de competência e competitividade. Que, apesar de atualmente a maioria dos lares serem sustentados por mulheres, por mais que tenhamos conquistado nosso espaço de igual para igual com os homens, no que diz respeito ao lado emocional nós somos absolutamente dependentes. Não vou fazer maiores comentários sobre o livro por receio de ser simplista demais levando em consideração a inteligência e maestria da escritora. O que de fato pretendo dizer é que apesar de eu saber onde estava a raiz do meu sofrimento, apesar de ter condições financeiras para me separar, ainda assim, eu não conseguia fazer absolutamente nada.
Fiquei durante cinco anos chorando diante da terapeuta dizendo que não conseguiria que não seria capaz, que não tinha forças para recomeçar a vida do jeito que eu queria. Sabe o que certa vez ela me falou? “Se você não tomar as rédeas da sua vida ninguém mais o fará”. A partir daquele momento tudo ficou claro pra mim. O que estava acontecendo é que eu estava há anos chorando a espera de alguém, de um príncipe encantado que me viesse “salvar” da minha vida sem cor e sem brilho. Entendi que o que me deixava na mais absoluta inércia era o que o livro tão sabiamente chamava de dependência emocional. Percebi que, ou eu fazia algo pra mudar minha realidade, ou ficaria durante muitos anos chorando sem que nada mudasse.
Não me pergunte como, mas a verdade é que após muitas noites insones, muitas lágrimas e anos de terapia, um belo dia resolvi que era chegada à hora de cumprir a promessa de ser feliz, de buscar a verdade pra minha vida, de ser totalmente independente (inclusive emocionalmente). Separei-me e posso garantir a você que não foi um processo fácil, muito pelo contrário, apesar de viver numa relação falida foi muito difícil reconhecer que de fato eu sempre estive só e sair de casa era apenas a concretização de algo que eu já vivia.
O dia da minha saída foi terrível. Quando comecei a desarrumar minhas coisas e colocá-las em caixas um medo enorme começou a tomar conta de mim. A pressão que eu sofria por parte da minha família e alguns amigos para não pôr fim à relação começou a me sufocar. Minha mãe que na noite anterior havia dormido na minha casa, pela manhã tomou o seu café e foi embora, não me ajudou, não me perguntou como eu me sentia e nem me desejou boa sorte, simplesmente foi embora. Meu único irmão que mora na cidade e que havia prometido me ajudar com os móveis durante a mudança na hora marcada, não me ligou, não me ajudou, não apareceu... Naquele momento eu me senti absolutamente abandonada, fragilizada e só. Não demorou muito e as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Eram lágrimas de decepção.
Apesar de tudo eu tinha uma certeza: Não iria desistir, sabia que a dor fazia parte do processo que eu estava passando. Tentava me focar na certeza de estar tomando a melhor decisão.Eu ficaria horas falando a respeito de tudo que passei e senti durante os primeiros dias após a minha separação. Os primeiros dias são complicados, a cada dia o aprendizado é intenso. Mas o importante é dizer que estou realmente feliz e realizada. Moro sozinha, meus parentes vivem longe, sou eu que pago as minhas contas. Estou reaprendendo a fazer amigos e posso garantir que nunca fui tão feliz em toda minha vida, a sensação de independência emocional é maravilhosa. A separação é recente, estou descobrindo como é ser feliz comigo mesma, sem esperar que os outros me faça feliz e cada dia desse aprendizado me surpreende em constatar que diferentemente do que eu imaginava, longe de me sentir solitária e fragilizada, cada dia vivido desde minha separação tem sido dias cheios de paz, plenitude e felicidade em saber que dei o primeiro passo em busca da felicidade".