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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Bater não educa e nem disciplina os filhos

 
Quem me conhece sabe que eu sou uma defensora da “NÃO palmada”, e sempre que possível escrevo sobre o tema no intuito de esclarecer aos pais e cuidadores que bater não ajuda a educar e nem a disciplinar uma criança, e sim as torna tristes, agressivas e inseguras.
 
Eu entendo que através do bater, muitos pais tem a intenção de diminuir o mau comportamento da criança ou adolescente. No entanto, bater a longo prazo normalmente aumenta o comportamento agressivo e o distanciamento entre pais e filhos.
 
Por décadas estudiosos da saúde mental tem pesquisado sobre os efeitos negativos da palmada e dos castigos corporais em crianças; com isso, não nos faltam provas e informações sobre a ineficácia desse método de disciplinar filhos. No entanto, muitos pais ainda continuam a usar a agressividade dentro de casa, lugar esse que deveria servir de proteção aos filhos e não de abuso.
 
Eu costumo dizer que bater em crianças para educá-las é o mesmo que gritar para pedir silêncio. Não faz o menor sentido.
 
Caso você deseje ajudar o seu filho a ter um comportamento melhor, deixo abaixo algumas sugestão.
  • Utilize o reforço positivo:  Todo mundo gosta de elogios e incentivo, não? E as crianças adoram ter a tenção dos pais quando elas fazem algo bom e correto, e ser elogiado por isso é algo que as deixa orgulhosas de si mesmas. Ex: caso a criança tenha o hábito de brigar com os amigos, elogie quando ela não se comportar assim. “Percebi que você não brigou com seus amigos hoje. Ter se esforçado para se relacionar bem com eles foi fantástico
Obs: evite usar os termos “estou feliz/orgulhoso de você”, pois o bom comportamento das crianças não deve ser para agradar aos pais e sim para prepará-los para a vida.
  • Estabeleça conseqüências:  Comportamentos indesejados geram consequencias a quem os cometeu, e não castigos físicos ou agressivos. Deixe claro aos seus filhos que você não aprova o fizeram; explique porque não aprova e fale sobre as consequencias da atitudes. Ex: “Você ter brigado com seus amigos não foi a melhor maneira de resolver o problema. Você tem feito isso ha muitos dias e não tem se esforçado para melhorar. Devido a isso, você não receberá a sua mesada este mês”.
Obs: as consequencias precisam ter um efeito de “perda ou de pagar por”, caso contrário não surtirá efeito. É mais ou menos como dirigir sem cinto e não levar multa, apenas advertência do guarda.
  • Estabeleça recompensas:  Comportamentos desejados geram recompensas a quem os praticou. Ex: “Você tem se esforçado para se relacionar bem com seus amigos, e percebi que nessa semana você foi gentil e educado com eles. Acredito que esse é um sinal de maturidade. Com essa atitude positiva, você ganhará uma hora mais para brincar de video game nos finais de semana.”

Disciplinar e educar filhos com atitudes positivas, baseadas no diálogo e sem agressividade ou violência, vai gerar crianças e adultos mais saudáveis e confiantes. Essa é uma receita de sucesso, então está na hora de colocá-la em prática.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Filhos e os dramas da vida

drama
Foto retirada da net
Todo inicio de um novo ano as esperanças são renovadas. Essa é a magia deste momento de transição numérica; acreditamos na possibilidade de mudanças, de que coisas boas irão acontecer. Acreditar é preciso, é vital e importantíssimo para nos mantermos conectados com sonhos e objetivos.
 
Para quem vive a experiência da maternidade e paternidade sabe que as esperanças são extendidas aos filhos. Desejamos mais a eles do que a nós mesmos. Se pudéssemos criaríamos um mundo perfeito para que os filhos habitassem e fossem poupados dos dramas da vida e jamais teriam de enfrentar situações que causam dor, tristeza e nem seriam expostos ao mal. Mas não se pode criar filhos como se estivessem na terra do nunca.
 
Sabemos que no mundo real há morte, tristeza, decepções e dor; tudo isso causa impacto nas crianças. A criança pequena não entende que a morte é um processo irreversível, elas assistem desenhos onde os personagens são “imortais” e num outro episódio estão vivinhos para uma nova história.
 
Lembro-me da primeira vez que meu filho tomou consciência da morte. Ele me fez inúmeras perguntas, ficou pensativo por minutos e depois se emocionou.  As crianças vão aos poucos tomando consciência do mundo ao redor delas e precisamos estar preparados para explicar e responder as perguntas que elas inevitavelmente irão nos fazer.
 
Tem uma história bem inspiradora que muitos já conhecem, mas que vale a pena ser relembrada. É a do joven canadense Ryan Hreljac, hoje já um adulto, mas que aos 6 anos de idade tomou conhecimento através da escola, da situação das crianças na África. Ele soube que várias morriam de sede e ficou muito comovido com isso. No Canadá temos fartura de água e para o menino era difícil imaginar que pessoas não tinham acesso ao precioso líquido. Sede e falta de água não fazia parte da realidade dele, mas ter acesso a esse drama de muitas pessoas e crianças fez a diferença. O menino perguntou a professora quanto custaria para levar água áquelas pessoas. A professora disse que um pequeno poço poderia custar cerca de 70 dólares. Ryan pediu o dinheiro para a mãe e fez trabalhos domésticos para conseguir mesada. Quando juntou a quantia em dinheiro pediu à sua mãe que o acompanhasse à sede da WaterCan para comprar seu poço para os meninos da África. Lá desobriu que o custo real da perfuração de um poço era de 2.000 dólares. Sabendo que a mãe não teria tanto dinheiro pra lhe dar, Ryan com apenas seis anos, começou a convencer os amigos, vizinhos, parentes e todo o bairro onde morava sobre a necessidade de levar água à Africa; com serviços prestados e doações conseguiu juntar os 2 mil dólares.
 
Ryan voltou na WaterCan (empresa de perfuração de poços de água) para comprar seu poço, que foi perfurado em janeiro de 1999 em uma vila ao norte de Uganda. Começava alí um trabalho humanitário que não parou mais de crescer até hoje. Ryan não parou de arrecadar fundos e de viajar o mundo buscando apoios. Em 2000 ele conseguiu viajar para conhecer de perto o povoado onde havia sido perfurado seu poço. Foi recebido com festa e ficou supreso ao saber que todos lá sabiam seu nome.
 
Criamos e educamos filhos para o mundo, então precisamos permitir que eles saibam o que acontece no planeta em que habitam. É claro que toda informação tem seu tempo certo para ser acessada, e é preciso bom senso, sensibilidade e limites para ir introduzindo os filhos aos dramas da vida. Tornar nossos filhos conscientes e sensíveis aos dramas alheios nos dá a esperança de um mundo melhor e mais humano.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A continuação do Abuso


Foto retirada da net e editada por mim.
Foto retirada da net e editada por mim
 
Tenho visto essa foto circulando pela mídia e percebo que ela tem chocado os mais conscientes e extraído risos dos que ainda não percebem além do senso comum.
Quando vi a imagem pela primeira vez, uma pergunta me veio à mente: “O que poderia estar pensando e sentindo a pessoa que tirou a foto?”.
 
A nossa sociedade vem vivendo a perpetuação de uma cultura de abuso. Os pais que estimulam esse tipo de comportamento em seus filhos ou com outras crianças, provavelmente têm feridas antigas de abuso.
 
Uma vez falando sobre esse tema, uma pessoa me perguntou: “Todos nós temos traumas de infância, então porque não agimos da mesma maneira?”. Dentre muitas possíveis respostas, escolhi uma: “Porque percebemos e digerimos as experiências de maneiras diferentes.”
 
Deformando Personalidades
 
Experiências traumáticas podem deformar a nossa personalidade. Por isso é importante buscarmos ajuda para cicatrizar as nossas feridas antigas.
 
A tomada de consciência e o conhecimento da verdade que nos assombraram (ou assombram) podem ser libertadores e nos ajudar a caminhar em harmonia conosco e com os que dependem de nós.
 
Criança Ferida
 
Todo adulto tem dentro de si uma criança ferida. Em muitos há feridas enormes que deformam personalidades, tornando adultos cruéis e insensíveis; e são estas feridas que promovem a perpetuação do ciclo do abuso.
 
Algumas pessoas que foram vítimas de abusos (sejam físicos, emocionais ou sexuais) durante a infância, podem não ter tido a oportunidade de desenvolver uma qualidade essencial para a vida em sociedade, a empatia. E tornaram-se como soldados prestes a atirar, puxa o gatilho na primeira oportunidade que tem para descarregar a dor de dentro de si.
 
Pessoas profundamente machucadas e sofridas são como bombas relógio que inconscientemente estão prestes a explodir. A explosão é uma maneira de extravazar a raiva, o medo e o abuso sofrido.
 
Ciclo do Abuso
 
O ciclo do abuso pode ser identificado de diversas maneiras, como por exemplo: Nos pais que abusam de seus próprios filhos; nos profissionais da lei que abusam de seu poder; nas mulheres que não valorizam seu corpo e os expõem em excesso ou colocam-se em risco sem a menor consideração ou respeito por elas mesmas; no excessivo uso de álcool e no consumo de drogas, etc. São muitas as maneiras que permitimos equivocadamente, sair de dentro de nós, o medo, o terror e a repulsa por abusos sofridos.
 
Tomada de Consciência
 
Uma das mais eficazes maneiras de romper com o ciclo de abuso é a tomada de consciência. Quando agimos sem nos questionar, nos tornamos robotizados e passamos em frente os nossos medos na tentativa de curá-los. A teoria do trauma fala bem sobre isso: Quando vivenciamos uma situação traumática (toda experiência que não digerimos bem e que consideramos inacabadas, como uma perda, um acidente, uma doença), tendemos a repeti-la inconscientemente na tentativa de resolvê-la de vez.
 
O nosso inconsciente tem uma sabedoria, ele entende que não vamos viver em paz enquanto determinados traumas dentro de nós estão inacabados. Traumas geram mais traumas e abusos geram mais abusos. É um ciclo. Por isso é importantíssimo a tomada de consciência e o encerramento dos ciclos. Caso contrário, continuaremos perpetuando-os de maneira errada, como expondo crianças em cenas abusivas e nos divertindo com elas, assim como quem nos abusou no passado se divertiu e nos expôs.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pare de gritar com seus filhos

grito
 
Gritar é a parte escondida e disfarçada, mas que acontece num número considerável de vezes na relação entre pais e filhos. Muitos pais gritam com seus filhos num ambiente que deveria ser de aconchego, segurança e conforto: o lar.
 
O estresse do dia a dia, uma dose extra de impaciência e a sobrecarga com problemas pessoais, são alguns dos gatilhos que disparam gritos que ecoam pela casa.
 
Os gritos são ineficientes, terríveis e não ajudam em nada na educação ou disciplina dos filhos; muito pelo contrário, eles cortam vínculos, criam barreiras e alimentam uma mágoa que ao longo do tempo pode se transformar em raiva e desamor.
 
Bomba caseira
 
Já escutei de uma menininha de cinco anos a seguinte frase: “Não acredito que a mamãe gosta de mim. Ela diz que me ama, mas ela grita muito comigo e isso não é amor”. A mesma voz que dá boa noite aos filhos antes de deitar é a voz que grita durante o dia.
 
Pais que tentam disciplinar com gritos, geralmente são pais que sentem culpa no final do dia, pois mais uma vez gritaram e não conseguiram controlar a raiva e o mau humor.
 
O poder e sua voz
 
Muitos pais pensam que por serem “os pais” tem o direito de alterar o tom de voz num nível que os vizinhos consigam também ouvir. Eles tendem a pensar: “eu sou a mãe/pai e apenas eu posso fazer isso. Não permito que ninguém, além de mim grite com meus filhos.” Particularmente acho esse modo de pensar e agir um contrassenso. Os pais teoricamente deveriam ser os únicos a nunca fazer isso, e, são os que mais fazem. Essa é uma visão distorcida sobre o poder materno/paterno. Quando eu grito com uma criança eu assumo que ela é igual a mim e que pode se defender no mesmo nível em que está recebendo a agressão, porém, os pais que gritam com seus filhos, não admitem nenhuma alteração de voz dos mesmos.
 
Por trás dos gritos
 
Em geral pais que gritam são pais estressados; mas o estresse não é o único vilão da história, ele tem vertentes que permeiam nas famílias desestruturadas emocionalmente, nos problemas financeiros e amorosos, numa má educação recebida pelos próprios pais, nos traumas infantis - como ter apanhado e ouvidos gritos durante a infância – e uma total falta de noção sobre como educar filhos. Essas são matérias primas criadoras de pais gritões.
 
Controlando os gritos
 
Você gostaria de controlar seus gritos e começar a disciplinar seus filhos por meios mais saudáveis? Então fique atento para:
 
- Toda vez que sentir vontade de gritar vá até a cozinha e tome um copo com água. Este é um pequeno truque que tem duas vantagens: vai lhe dar tempo de mudar a emoção impulsiva do momento e, a água lhe ajudará a trazer o controle emocional para seu corpo, pois hidratando o mesmo, você oxigena o cérebro e pensa melhor, deixando a emoção negativa de lado.
 
- Sempre pense que seus filhos não tem o mesmo nível de experiência e maturidade que  você e que eles estão aprendendo sobre disciplina e respeito com você, então o que deseja ensinar à eles?
 
- Quando sentir vontade de gritar pense sobre porque você tem filhos e o que deseja que eles se tornem no futuro. Os seus gritos irão ajudar a formar ou deformar a personalidade deles.
 
- Observe que o seu dia a dia e suas frustrações podem ser geradores de gritos, então tente colocar cada coisa em seu lugar: se você está com problemas financeiros, foque em resolver eles e não em descarregar seus receios e medos nos seus filhos.
 
Perceba que quanto menos você gritar, mais disciplinados eles irão se tornar. Então se você deseja filhos mais “comportados”, então comece a se comportar também e pare de gritar, afinal a comunicação existe e a cada dia se torna mais cheia de ferramentas e recursos e gritar torna-se cada vez mais um gesto primitivo e que demonstra um baixo nível de educação e tolerância.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Precisamos educar as nossas meninas


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Não é novidade que nós pais somos os responsáveis pela educação e formação geral de nossos filhos; porém nesse texto quero enfatizar a influência feminina sobre os filhos, sem absolutamente excluir a importante e fundamental participação masculina.  
 
Nós pais podemos formar (ou deformar – como diz a autora Alice Müller) a vida emocional dos nossos filhos. E nós mães sem a menor dúvida, temos uma influência enorme sobre as nossas “crias”.
 
A responsabilidade materna
 
Tornar-se mãe é uma decisão que passa por diversas variáveis e vai exigir muito de quem deseja educar e não apenas criar os filhos. O que observo é que muitas mães sem ao menos se dar conta, usam a maternidade com propósitos egoístas. Certa vez escutei de uma mãe o seguinte comentário: “Precisamos ter pelo menos dois filhos, pois será difícil deixar nas costas de um a responsabilidade de cuidar da gente (pais) na velhice”. Tenhamos em mente algo: Filho não é plano de aposentadoria! Porém, muitos pais fazem essa inconsciente relação.
 
Que relação é essa?
 
As mulheres carregam os filhos no ventre por no máximo nove meses e esse é sem dúvida, um tempo para uma ligação além de visceral; mas energética, mental e emocional. Nós mães somos o primeiro contato de qualquer ser humano com o mundo. Olhem a grandeza e importância dessa experiência.
 
Quem dera todas as mães pudessem ser amorosas e emocionalmente equilibradas. Seria quase perfeito e provavelmente teríamos uma sociedade mais saudável. Mas para chegarmos próximo desse ponto é preciso trilhar um longo caminho que começa a ser percorrido desde a infância.
 
Mãe, eu vejo o mundo com os seus olhos
 
Quero falar de algo que muitos ainda duvidam ou duvidavam, mas quando mencionamos que a “ciência comprova”, tudo passa a ter um novo e diferente crédito. Então vamos lá...Comprovados estudos, mostram que a partir do terceiro mês de gravidez, o feto já consegue absorver sensações maternas arquivando-as em suas memórias perinatais (dentro do útero). Essa é uma maneira que o feto e futuro bebê, começa a formar a sua percepção de mundo, e isso tem seu início através da mãe.
 
Ego discriminador...O que é  isso?
 
Como dito acima, o primeiro contato do bebê com o mundo é través da mãe e, as nossas percepções, ações, crenças, comportamentos e etc passam a ser também as de nossos filhos. Isso significa que temos uma enorme responsabilidade em nossas mãos. E, para tornar a grande aventura da maternidade algo mais emocionante, ainda vamos lidar com o seguinte aspecto: a ausência do ego discriminador durante a infância. O *Ego discriminador, em um breve resumo, é a capacidade humana de separar o que é meu e o que é do outro. Quando uma criança escuta a mãe dizendo: “Você é chato e pare de me atrapalhar!” Ela vai realmente pensar que é uma criança chata e que atrapalha a mãe. A criança não consegue entender, separar e assimilar que naquele momento em que mãe lhe diz isso, é porque ela está estressada ou com raiva e que está descarregando a  emoção dela em cima da criança.  A criança entende: Eu sou!” e não: “Ela sente isso!” Somente a partir dos 12 anos que a criança começa a descobrir a sua identidade, podendo quem sabe, iniciar a responder à pergunta “Quem sou eu?”.
*Ego: De acordo com a psicanálise, o Ego é responsável por manter o equilíbrio do nosso aparelho psíquico.
Por que devemos educar as nossas meninas?
 
Pelo simples e importante fato de que elas serão as futuras mães, e elas estarão educando as próximas gerações; e seus filhos, educando as seguintes e assim por diante. Tudo o que vivemos durante a nossa infância estará nos guiando na fase adulta. Se tivermos vivido situações dramáticas, difíceis ou excessivamente tristes, ou mesmo alegres, respeitosas e íntegras, estas experiências serão a nossa referência de mundo e são elas que ensinaremos aos nossos filhos.   
 
“Eu apanhei e não morri”
 
Quando sofremos abusos durante a infância e sobrevivemos a eles, temos o nosso corpo físico vivo, mas provavelmente o nosso corpo emocional está fragmentado, doente e sofrido.
Já conversei com muitas mães que se sentiram pressionadas pelas “cobranças atuais sobre educação de filhos”. Elas frequentemente me diziam: “Hoje em dia tudo é proibido – bater, castigo e etc. Na minha época eu apanhei e não foi pouco, e estou aqui viva e inteira para contar a história!” -
Compreendo perfeitamente o que elas dizem e como se sentem. Mas em geral após esses comentários terem sido ditos, eu fazia a seguinte pergunta: “Se você pudesse ter escolhido entre apanhar ou não, entre ter tido pais amorosos ou estressados, o que você escolheria?” - Adivinhem as respostas.
 
Sobreviventes emocionais
 
É claro que nenhuma criança quer apanhar ou mesmo sofrer castigos. Quem sobrevive a pais abusadores são chamados de “sobreviventes”, literalmente falando (Rosa Cukier fala melhor sobre esse tema em seu livro Sobreviventes Emocionais) E como tais possuem sequelas, dores armazenadas e sufocadas no íntimo de seu ser, e essas irão se manifestar mais cedo ou mais tarde sem o olhar atento de quem vê a verdade dentro de si mesmo.
 
Vidas em ciclo
 
Pensem em quantas mulheres que foram surradas durante a infância e que se casaram com homens que continuaram a bater nelas e com isso, perpetuaram esse ciclo batendo em seus filhos ou mesmo permitindo que eles apanhassem de outras pessoas, seja o pai, avós ou tios.  
 
Pensem em quantas mulheres que foram sexualmente abusadas e que hoje são descuidadas com suas filhas meninas, fazendo “vista grossa” para que o abuso com elas aconteça dentro de casa por aqueles que deviam protegê-las.
 
Pensem em quantas mulheres que sofreram com as inúmeras chantagens emocionais de suas mães, devido a carência, imaturidade ou transtornos psiquicos que elas sofriam e, que hoje tem dificuldades para cuidar de si mesmas sem se sentirem culpadas por estarem abandonando a mãe para viverem as suas próprias vidas.   
 
Precisamos urgentemente cuidar de nossas meninas. Precisamos encerrar o ciclo de abusos. Preisamos libertar as futuras gerações para uma vida emocionalmente saudável. Precisamos de homens equilibrados que serão frutos de mães conscientes e responsáveis. Precisamos gerar uma nova sociedade e, isso começará dentro de um ventre.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Férias da criançada e o consumismo


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As férias escolares estão batendo à porta, e crianças com tempo livre demais são “um pé” para o consumo descontrolado; seja o consumo ilimitado de comida, excessivos passeios aos shoppings, horas a mais em frente ao computador ou na televisão.

Existe algo que nós pais precisamos apreender: a ensinar aos nossos filhos a curtir o tempo livre sem que a relação entre ele, versus lazer e o consumo venha imediatamente à mente.

Sabemos que devido à agitação do dia a dia e ao bombardeio de alternativas consumistas ao nosso redor, esquecemos que bons momentos também podem estar atrelados a atividades simples como idas ao parque, museus, caminhadas pela praia, jogos no quintal e etc.

É claro que se você for perguntar aos seus filhos: filho(a) você quer caminhar no parque ou ir ao shopping comprar algo? Eles vão optar pela segunda. Porém, é claro que ninguém vai se atrever a fazer essa pergunta, certo?

Novo público consumista

Sabemos a criança é alvo de muitas empresas que desejam atraí-la desde cedo para ser um possível consumidor amanhã. Hoje em dia podemos encontrar diversas linhas de produtos feitas especialmente para crianças até 12 anos de idade, pois até essa idade, elas são mais suscetíveis à propaganda, devido a falta de senso crítico para entender o significado real da publicidade.

Além da mídia envolvente, as crianças ainda enfrentam a pressão que vem do grupo em que estão inseridas, que muitas vezes é forte a ponto de ser irresistível. Por exemplo, dentro das escolas é bem comum ter crianças que são líderes natas, que têm influência forte sobre as outras e ditam moda e comportamentos; as demais que não estão “dentro do esquema” tendem a ser excluídas do grupo. Isso é uma pressão enorme para qualquer criança, jogando-as nos braços do consumismo.

E as férias como ficam?

Quando o assunto são as férias de verão ou final de ano, novos tópicos vêm à tona: para onde você vai viajar e o que vai comprar passam a ser as perguntas do momento. Dupla atenção para isso! É importante lembrar aos filhos que férias são para relaxar, aproveitar momentos juntos, não ter a preocupação com o relógio e conhecer lugares antes não visitados. Férias não são excursões de compras.

Consumo em excesso

Há alguns anos atrás, tive a oportunidade de ver fotos de uma menina de 11 anos que viajou para a Disney. Eu fiquei impressionada com a quantidade de malas que ela sozinha trouxe da viagem. Ela viajou com uma mala pequena e voltou com quatro grandes. Eu perguntei para ela o porquê de tantas malas e ele me respondeu que eram todas as coisas que ela havia comprado na viagem de 10 dias.

Reaprendendo

Precisamos urgentemente inverter os valores relacionados ao consumo. Não apenas para o bem de nossos filhos, mas da sociedade e do planeta. Afinal, quanto mais consumimos, mais lixo produzimos. Não me refiro apenas ao lixo material, mas ao mental. Uma mente consumista é uma mente vazia de propósitos.

Vamos ensinar aos nossos filhos que momentos descontraídos, onde o riso, o abraço e a conversa sem objetivo valem mais que qualquer presente material que nós possamos lhes oferecer. Esse é um aprendizado que pode levar um tempo e vai precisar de muita dedicação da sua parte, mas que com certeza valerá a pena. Esse formato de relacionamento desvinculado do consumo, pode ser resumido numa frase: “as melhores coisas na vida não são coisas”.  

quarta-feira, 8 de maio de 2013

É permitido Errar

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Errar faz parte da vida e, como não poderia ser diferente, faz parte do processo de educar os nossos filhos. “Filho não vem com manual de instrução” diz o velho e conhecido dito popular. Exatamente por isso que é importante reconhecer que não vamos acertar sempre. Permitir que os erros se tornem aprendizados valiosos é dar a grande chance a si mesmo para acertar da proxima vez.
 
Mantenha os 3
 
Bom senso, tranquilidade e ser menos exigente consigo mesmo são três pequenos e valiosos ítens necessários na bagagem de todos os pais.
  • O bom senso nos permite fazer escolhas sensatas e adequadas para cada situação. Uma boa forma de exercitar o bom senso é nos colocarmos no lugar da criança. Pense como se você tivesse a idade que os seus filhos tem, isso ajuda a dar mais leveza para situações irritantes aos olhos dos adultos.
  • A tranquilidade que demonstramos ao lidarmos com nossos filhos em diversas situações, nos ajuda a transmitir à eles que é possível manter uma relação saudável e livre de inquietações; e o melhor de tudo é que permite com que nossos filhos se sintam mais seguros.
  • Exigir menos de si mesmo. Não se permitir errar é naufragar diante das falhas. Quando não estamos preparados para nos permitir errar, não ajudamos aos nossos filhos a lidar com os erros deles. Acredite, qualquer “falha” que você cometa é possível ser corrigida.
 
Educar é estar se relacionando
 
É importante que tenhamos em mente que educação é relacionamento e relacionamento é uma experiência sempre nova e completamente cheia de variáveis.
 
Algumas vezes não estamos num bom dia para nos relacionarmos seja lá com quem for, e isso pode dificultar a nossa capacidade de avaliarmos bem uma determinada situação. Se isso acontecer o mundo não vai acabar. Reconheça o erro e repare a situação lá na frente. Diga algo como: ”Filho, me enganei e peço desculpas. Vamos tentar fazer isso novamente?”
 
Ajudar um filho a reparar um erro é algo que poucos pais fazem. Quando você reconhece seu erro e mostra aos seus filhos que está tentando consertá-los, você está dando uma grande e positiva lição de como eles podem lidar construtivamente com os erros deles.
 
Se você durante muito tempo agiu de uma determinada maneira e, ao longo dos anos foi mudando de idéia ou opinião, fique atento para não tornar isso maior do que na verdade é. Não há nada de mais em dizer aos seus filhos: “ Até agora eu pensei e agi dessa maneira, mas vejo que isso não estava muito certo e quero mudar”.
 
Lembre-se que os erros não precisam ser penalizados e sim apenas reparados.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Melhore a comunicação com seus filhos adolescentes

 
A comunicação com o adolescente é extremamente importante, mas muitas das mudanças típicas que ocorrem durante a adolescência tendem a interferir com a eficácia e a qualidade da interação entre eles e seus pais. Embora os adultos tenham muito mais experiência de vida do que o adolescente, esses geralmente não aceitam ou não acreditam no fato. Por esse motivo, o conselho, a sabedoria, e as orientações dos pais deixam de ser valorizados.
 
Fale apenas para estar conversando
 
Uma meta importante para melhorar a comunicação com os adolescentes é: apenas falar com eles, sem tentar fazer outra coisa do que falar. Na hora de uma conversa leve e descontraída, não há espaço para sermões.
Grande parte da interação verbal que temos com os jovens é projetado para obter um ponto de vista ou para ensinar algo. Tentamos mudar a atitude deles, assim como tendemos a dizer o que eles estão fazendo de errado e mais, já ensinamos o suposto caminho certo. Convencer passa a ser a nossa meta numa conversa, mostrando a importância de determinadas atividades. Em outras palavras, quando falamos com eles, estamos tentando realizar algo mais do que uma conversa simples e agradável, estamos tentando ensiná-los algo que eles não estão nos pedindo no momento.
Quando queremos conselhos nós pedimos, certo? Com os adolescentes funciona do mesmo jeito. Se eles não pedem para você, irão pedir para outra pessoa.
 
A semente do diálogo deve ser plantada na infância
 
Se você deseja ter um adolescente que converse mais com você, comece a desenvolver o diálogo com ele desde a infância. Se você não conversou com seus filhos quando eram pequenos, o que lhe faz pensar que os mesmos irão fazê-lo justamente na adolescência?
 
Não transforme uma conversa numa palestra
 
Alguns adolescentes relatam que quando falam com seus pais sobre várias coisas, a conversa geralmente termina em palestras ou pregações: "Quando eu estou falando com eles é só para ter uma conversa, eles usam o que eu digo, quer para me mostrar seus pontos de vista, para me ensinar algo ou para explicar certas coisas."
 
Conversando com um adolescente de 16 anos, ele me contou que que tentou falar com a mãe sobre seu amigo que foi trabalhar num restaurante fast-food e que por isso ele havia deixado a escola. O adolescente estava tentando falar sobre como estava triste por perder o amigo na escola e a mãe não perdeu a chance de aconselhar, mas perdeu a chance de escutar e aproximar-se do filho. Quando os adolescentes tentam conversar com seus pais e recebem esse tipo de resposta, a comunicação com eles vai desaparecer.
 
Seja Positivo
 
Imagine que você tem um chefe ou colega que está constantemente criticando seu desempenho na empresa. O que você faria? Evitaria essa pessoa ou a convidaria para almoçar todos os dias? Para os adolescentes ter pais “palestrantes ou julgadores” de valores é uma chatice. Eles vão evitar ao máximo qualquer interação verbal e física. Mas não pensem que essa é uma atitude exclusiva dos adolescentes; todos nós tendemos a evitar situações que produzem sensações negativas. Portanto, se a maioria de sua interação com o adolescente é negativa, ele vai tentar evitá-lo.
 
Pense nas últimas dez conversas que você teve com seus filhos adolescentes. Será que a maioria delas envolveu algum tipo de correção ou discussão que enfatizou o que eles estavam fazendo de errado? ou foi uma conversa agradável, dando espaço para expressão de sentimentos, sem a necessidade de dar a sua experiente e valorosa opinião? Caso a resposta tenha sido a segunda, parabéns você está sendo um bom ouvinte de seus filhos adolescentes. Caso tenha sido a segunda, está na hora de começar a pensar em mudar algumas atitudes. Afinal ter filhos que confiam em você, que conversam e se sentem seguros é uma conquista da relação e não uma tarefa a ser cumprida ou obrigação a ser aceita.
 
Lembre-se que na medida em que os filhos vão crescendo, eles vão se libertando das nossas amarras e, lá na frente a única coisa que vai “prendê-los” a nós será a relação construída quando eles ainda viviam “embaixo das nossas asas”.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Meninos e Meninas na Escola

Foto by Lila Rosana
Foto by Lila Rosana
 
As diferenças entre o cérebro feminino e masculino são mais facilmente percebidas na escola, principalmente quando observamos o desempenho escolar das crianças.
 
Pelo o quê eles/elas se interessam?
 
Nos primeiros anos na escola, as meninas, se interessam pela leitura e escrita. Artes em geral são mais agradáveis para elas do que para os eles. Meninas se interessam mais por cores e pinturas, enfeitam os cadernos com desenhos e adesivos, capricham na letra e gostam de manter o material escolar limpo. Já os garotos, que preferem outras áreas como o esporte, a música e atividade mais dinâmicas, tendem a não dar muita importância para os detalhes relacionados à ordem e beleza do material escolar. Para eles, caderno, lápis e borracha, são apenas utensílios com determinados objetivos. Devido a isso, quando paramos para observar os meninos e as meninas na escola, podemos precipitadamente inferir que as meninas estão aprendendo mais do que os meninos. Ledo engano. Eles estão assimilando aquilo que precisam aprender.
 
Evite isso!
 
Fazer observações do tipo: “Sua irmã desenha melhor do que você” ou “Veja a bagunça que é o seu caderno!” não traz nenhum benefício para os garotos. Na verdade esse tipo de atitude só fará com que os meninos se sintam menosprezados.  Entender essas diferenças entre os sexos é fundamental e necessária.
 
Virada do jogo
 
Conforme os meninos avançam em direção ao ensino médio, seu desempenho escolar melhora. Como eles têm mais habilidade para o raciocínio lógico e se saem bem na solução de problemas numéricos, a matemática, física, química e geometria têm os meninos como seus melhores seguidores. Já as meninas, além de ter menos afinidade com essas matérias, tornam-se mais dispersas, pois nessa fase, começa nas meninas, o interesse por formação de grupos, a falar sobre meninos, a trocar bilhetinhos e a namorar. Essa mudança de comportamento e interesse das meninas, afeta de maneira considerável o desempenho escolar delas. E aí é a vez dos pais das meninas se preocuparem com seu baixo desempenho na escola, enquanto os meninos estão recuperando o ouro perdido lá atrás.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ciúmes do Irmãozinho

 
É normal um filho único se ressentir da chegada de um irmãozinho. Afinal, de uma hora para outra, ele deixa de ser o centro das atenções e precisa aprender a compartilhar, o que não é nada fácil para uma criança.
 
Comportando-se como um bebê
 
Voltar a agir como bebê é uma forma de a criança mostrar que se sente excluída, e provavelmente ela retoma os antigos hábitos quando tiver a certeza de que continua sendo amada e valorizada pelos pais.
 
A necessidade de segurança
 
Compreender e respeitar esse sentimento da criança é o primeiro passo para ajudá-la a restabelecer a segurança. Enquanto a criança não se sentir segura, ela continuará atuando como um bebê, pois para ela, esse é o caminho para receber atenção e carinho, afinal é assim que o recém-chegado na família recebe a valiosa atenção dos pais.
 
O que fazer para ajudar?
 
Proibir ou censurar os comportamentos da criança só irá aumentar o ciúme pelo novo bebê. Então o que fazer? Faça concessões, permita que a criança expresse a sua insegurança e vá garantindo a ela através da sua atenção e dos seus cuidados, que ela continua tendo o seu antigo lugar. Explique que ela não precisa ser parecida com o bebê e valorize as qualidades dela na idade que tem. Você pode chamá-la para lhe ajudar nas tarefas simples com o novo morador da casa, mas só faça isso se ela aceitar e se sentir a vontade para tal. Experimente falas motivadoras como: “Olha só, você já foi um bebezinho como este e agora já é um garotinho que anda e fala. Você já faz muitas coisas sozinho”. Comentários como esses estimulam o diálogo e encorajam a criança a falar sobre seus medos e inseguranças que provavelmente não viriam à tona diante de uma pergunta mais direta.
 
Descobrindo caminhos
 
À medida que a criança percebe a atenção da família, ela abandonará espontaneamente as atitudes ciumentas e passará a ver o irmãozinho com novos e felizes olhos. Para os pais, o desafio será de descobrir o caminho para harmonizar as diferentes necessidades de cada um. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Palavras positivas criam filhos felizes

O que falamos aos nossos filhos tem um poder transformador.  E todos os dias, todas as horas, falamos muitas coisas para eles. Que tal usarmos as nossas palavras para criarmos filhos felizes?
Existe um limite entre educar e destruir o seu filho, então esteja sempre atento.

Você é cuidadoso(a) com o que fala aos seus filhos? 

A velha e conhecida frase “palavras o vento leva” não se aplica quando o assunto é educação de filhos.  Cotidianamente escuto adultos profundamente machucados com as duras palavras que escutaram de seus pais quando ainda eram crianças. Infelizmente é mais comum do que imaginamos pais falarem de maneira destrutiva com os seus filhos.

- Você é um burro.
- Para de me irritar, senão você vai apanhar.
- Você é igualzinho ao seu pai, um idiota.
- Você é louco ou surdo? Está me ouvindo? Eu já falei para parar com isso.
- Você está parecendo uma prostituta com esta roupa.

O quê, e como falamos com os nossos filhos faz toda diferença na formação de suas personalidades, autoestima e relações interpessoais (relacionamento deles com as outras pessoas).
Os exemplos acima são extremados e geralmente saem de forma impensada da boca de pais que estão ou são “estressados, mal humorados, mal educados e descuidados.” Muitos pais falam tais frases com uma naturalidade espantosa, como se em nada fossem afetar seus filhos. Mas a verdade é que elas afetam, podem acreditar nisso!

Profecia Auto-realizadora. O que é isso?

Tudo o que falamos aos nossos filhos é como uma programação mental, que pode ser tanto positiva quanto negativa. A programação negativa tem nome e endereço e chama-se: “Profecia Auto-realizadora”. Essa é a expectativa ou o pré-conceito que se cria de algo ou de alguém e, mesmo que ela seja errônea ou diferente da vontade do próprio indivíduo em questão, pode vir a concretizar-se.
Prestemos atenção em quantas vezes profetizamos frases, eventos ou situações para os nossos filhos. Estas vão de simples: “Você vai cair!” até “Nunca confie nos homens!”.

Palavras atravessam gerações

O pior é que estas frases ecoam não apenas na mente de cada pequeno ser que as escuta, mas elas permanecem, tornam-se verdades inconscientes e avançam gerações e gerações à frente. Se eu escutei de meus pais, provavelmente eu falarei aos meus filhos. Se não as mesmas palavras, mas com o mesmo sentido maldoso ou depreciativo. Isso acontecerá até que o ciclo seja interrompido através da tomada de consciência.

Plantando boas sementes e colhendo bons frutos

Todas as frases que ouvimos ao longo dos anos são como sementes que foram plantadas inconscientemente em nossas mentes. Elas brotam e formam a nossa autoimagem, tornando-se parte da nossa personalidade. E isso começa cedo.
Em meu trabalho clinico com crianças, eu pedia para as mesmas se descreverem, e elas me diziam: “Sou uma criança má”, “Faço tudo errado”, “Eu mereço apanhar!”, “Ninguém gosta de mim porque sou muito chata”, etc. Quando eu perguntava por que elas se descreviam dessa maneira, vinha a nada surpreendente resposta: “Oras, meus pais vivem me dizendo isso.”
Somos adultos, sabemos a verdade, não? Bem, pelo menos é isso que as crianças pensam sobre nós.  Que somos os donos da verdade. Se estivermos falando, afirmando ou declarando algo, é porque é verdadeiro. Essa é a verdade para os nossos filhos sobre nós.
Geralmente quando escuto pessoas falando frases oriundas de profecias auto-realizadora, pergunto para elas quando foi que começaram a ouvi-las. Em geral a resposta é a mesma: “Quando eu ainda era uma criança”.
 

Você tem o poder e o dever de criar filhos felizes, então faça isso direito!

Imagine como a sua vida poderia ter sido diferente se você tivesse escutado e acreditado em frases ditas pelos seus pais, como:
- Você é um menino maravilhoso!
- Sinto-me feliz por ser seu pai/mãe!
- Você é tão criativo, fico impressionada com todas as interessantes coisas que saem da sua   mente.
- Você é linda!
- Você se esforça tanto para conseguir o que quer, continue assim.
- Você será feliz fazendo o que ama.

Por que Machucamos os nossos filhos com palavras?

Muitas vezes reproduzimos em nossos filhos situações difíceis que passamos durante a nossa infância, mas temos o dever de interromper este ciclo se desejamos que nossos filhos sejam adultos saudáveis e tenham uma vida emocional equilibrada e feliz.


Interrompendo o ciclo

Se você deseja mudar a maneira de se relacionar com os seus filhos e para eles começar a falar palavras positivas, primeiro pense um pouco a respeito de si mesmo e tente responder as seguintes perguntas:
 - Você costumava escutar profecias auto-reveladora quando criança? Quais eram?  
- Se as escutava como se sentia a respeito?
- Lembrando-se sobre elas nesse momento, perceba se elas ainda fazem parte da sua vida.
- Você continua acreditando nelas?
- Por que as palavras agressivas passaram a fazer parte da educação de seus filhos?
Foto by Lila Rosana

 Criando filhos felizes

Tudo depende da maneira que escolhemos para dizer as coisas. Existe uma pequena história que gosto muito de usar como exemplo.
“Num reino distante morava um rei, sua esposa e seus filhos. De tempos em tempos o rei chamava seu conselheiro visionário para lhe falar coisas as quais o rei não detinha conhecimento. O conselheiro tendo uma visão de futuro do rei, disse: ‘Todos da sua família morrerão antes do senhor meu rei. ’ Furioso com a profecia, o rei manda cortar a cabeça do pobre do conselheiro. Após um tempo, o rei chama outro conselheiro. Este tendo a mesma visão, diz: ‘Viverás mais que todos da sua família meu rei. ’”
Percebem a diferença que faz a maneira como dizemos as coisas?
Em muitos momentos precisamos falar verdades para os nossos filhos e por vezes é necessário que sejamos diretos e francos, mas isso não significa que devemos ser duros ou terríveis com as palavras.

Existe um limite entre educar e destruir o seu filho, então esteja sempre atento.

Se você deseja ensiná-los a fazer coisas corretamente, ou discipliná-la para que se comportem bem em público ou mesmo a ter um bom relacionamento com os amiguinhos, então use positivamente o poder que todos os pais têm e torne seus filhos seres humanos dignos e necessários ao nosso planeta.

Dicas de como falar positivamente com seus filhos:

Fique atento em sempre usar palavras construtivas e nunca destrutivas.

Para disciplinar:

“Ficar chateado por que algo não saiu como você queria é natural, mas procurar outra solução e resolver o seu problema é algo que você pode fazer afinal você é um menino muito esperto.”

“A sua irmã te irrita com estas coisas que ela faz, não é? Bem, você é mais velho que ela e já aprendeu muitas coisas que ela ainda vai aprender, que tal ensiná-la a fazer isso de outra maneira?”

Quando eles se encontram com dificuldades para fazer amigos:

“Os primeiros dias de aula são os mais difíceis para você fazer amigos. Você não conhece ninguém e eles não sabem o quanto você é uma menina legal. Então aproveite este período e observe quais são as crianças que você gostaria de estar mais próxima nas semanas seguintes”

“Por mais que sejamos pessoas legais e interessantes, nem todo mundo irá gostar da gente assim que nos conhecer, dê um tempo para que você conheça as pessoas e elas conheçam você.”

Dificuldade para aprender algo:

“Você é muito esperto e esforçado e já vi você fazendo coisas incríveis, então sei que você será capaz de entender e resolver estas questões de matemática assim que você praticar e estudar mais um pouco.”

Em casos de doenças:

“Você é uma criança forte e saudável, ficar doente de vez em quando é uma maneira que o corpo tem de nos avisar que precisamos descansar um pouco. Então depois que você dormir e relaxar se sentira melhor.”

Valorizando a criança:

“Você foi muito gentil ajudando o seu amigo, tenho certeza de que ele gostou muito disso. Fiquei orgulhosa de você!”

“Você é uma menina cheia de energia e é capaz de fazer muitas coisas em poucas horas, mas que tal diminuir um pouco o ritmo agora que está quase na hora de dormir. Você vai perceber que terá uma soneca mais agradável. Vamos tentar?”

“Que roupa linda você escolheu para vestir. Você é bom para combinar cores.”

“Você toca violão muito bem, fiquei encantada com o som que você emitiu.”


Atenção!
  • Os elogios são úteis para criar crianças mais seguras de si, positivas e felizes, mas fique atento aos sentimentos delas, e não use os elogios sem o bom senso e, seja sincero sempre.
  • Ouça-as primeiro e perceba em quais momentos elogiá-las será útil.  Existem momentos em que os filhos precisam apenas de colo e carinho e um bom ouvido acolhedor. Nestas horas palavras são desnecessárias.