Não é novidade que nós pais somos os responsáveis pela educação e formação geral de nossos filhos; porém nesse texto quero enfatizar a influência feminina sobre os filhos, sem absolutamente excluir a importante e fundamental participação masculina.
Nós pais podemos formar (ou deformar – como diz a autora Alice Müller) a vida emocional dos nossos filhos. E nós mães sem a menor dúvida, temos uma influência enorme sobre as nossas “crias”.
A responsabilidade materna
Tornar-se mãe é uma decisão que passa por diversas variáveis e vai exigir muito de quem deseja educar e não apenas criar os filhos. O que observo é que muitas mães sem ao menos se dar conta, usam a maternidade com propósitos egoístas. Certa vez escutei de uma mãe o seguinte comentário: “Precisamos ter pelo menos dois filhos, pois será difícil deixar nas costas de um a responsabilidade de cuidar da gente (pais) na velhice”. Tenhamos em mente algo: Filho não é plano de aposentadoria! Porém, muitos pais fazem essa inconsciente relação.
Que relação é essa?
As mulheres carregam os filhos no ventre por no máximo nove meses e esse é sem dúvida, um tempo para uma ligação além de visceral; mas energética, mental e emocional. Nós mães somos o primeiro contato de qualquer ser humano com o mundo. Olhem a grandeza e importância dessa experiência.
Quem dera todas as mães pudessem ser amorosas e emocionalmente equilibradas. Seria quase perfeito e provavelmente teríamos uma sociedade mais saudável. Mas para chegarmos próximo desse ponto é preciso trilhar um longo caminho que começa a ser percorrido desde a infância.
Mãe, eu vejo o mundo com os seus olhos
Quero falar de algo que muitos ainda duvidam ou duvidavam, mas quando mencionamos que a “ciência comprova”, tudo passa a ter um novo e diferente crédito. Então vamos lá...Comprovados estudos, mostram que a partir do terceiro mês de gravidez, o feto já consegue absorver sensações maternas arquivando-as em suas memórias perinatais (dentro do útero). Essa é uma maneira que o feto e futuro bebê, começa a formar a sua percepção de mundo, e isso tem seu início através da mãe.
Ego discriminador...O que é isso?
Como dito acima, o primeiro contato do bebê com o mundo é través da mãe e, as nossas percepções, ações, crenças, comportamentos e etc passam a ser também as de nossos filhos. Isso significa que temos uma enorme responsabilidade em nossas mãos. E, para tornar a grande aventura da maternidade algo mais emocionante, ainda vamos lidar com o seguinte aspecto: a ausência do ego discriminador durante a infância. O *Ego discriminador, em um breve resumo, é a capacidade humana de separar o que é meu e o que é do outro. Quando uma criança escuta a mãe dizendo: “Você é chato e pare de me atrapalhar!” Ela vai realmente pensar que é uma criança chata e que atrapalha a mãe. A criança não consegue entender, separar e assimilar que naquele momento em que mãe lhe diz isso, é porque ela está estressada ou com raiva e que está descarregando a emoção dela em cima da criança. A criança entende: “Eu sou!” e não: “Ela sente isso!” Somente a partir dos 12 anos que a criança começa a descobrir a sua identidade, podendo quem sabe, iniciar a responder à pergunta “Quem sou eu?”.
*Ego: De acordo com a psicanálise, o Ego é responsável por manter o equilíbrio do nosso aparelho psíquico.
Por que devemos educar as nossas meninas?
Pelo simples e importante fato de que elas serão as futuras mães, e elas estarão educando as próximas gerações; e seus filhos, educando as seguintes e assim por diante. Tudo o que vivemos durante a nossa infância estará nos guiando na fase adulta. Se tivermos vivido situações dramáticas, difíceis ou excessivamente tristes, ou mesmo alegres, respeitosas e íntegras, estas experiências serão a nossa referência de mundo e são elas que ensinaremos aos nossos filhos.
“Eu apanhei e não morri”
Quando sofremos abusos durante a infância e sobrevivemos a eles, temos o nosso corpo físico vivo, mas provavelmente o nosso corpo emocional está fragmentado, doente e sofrido.
Já conversei com muitas mães que se sentiram pressionadas pelas “cobranças atuais sobre educação de filhos”. Elas frequentemente me diziam: “Hoje em dia tudo é proibido – bater, castigo e etc. Na minha época eu apanhei e não foi pouco, e estou aqui viva e inteira para contar a história!” -
Compreendo perfeitamente o que elas dizem e como se sentem. Mas em geral após esses comentários terem sido ditos, eu fazia a seguinte pergunta: “Se você pudesse ter escolhido entre apanhar ou não, entre ter tido pais amorosos ou estressados, o que você escolheria?” - Adivinhem as respostas.
Sobreviventes emocionais
É claro que nenhuma criança quer apanhar ou mesmo sofrer castigos. Quem sobrevive a pais abusadores são chamados de “sobreviventes”, literalmente falando (Rosa Cukier fala melhor sobre esse tema em seu livro Sobreviventes Emocionais) E como tais possuem sequelas, dores armazenadas e sufocadas no íntimo de seu ser, e essas irão se manifestar mais cedo ou mais tarde sem o olhar atento de quem vê a verdade dentro de si mesmo.
Vidas em ciclo
Pensem em quantas mulheres que foram surradas durante a infância e que se casaram com homens que continuaram a bater nelas e com isso, perpetuaram esse ciclo batendo em seus filhos ou mesmo permitindo que eles apanhassem de outras pessoas, seja o pai, avós ou tios.
Pensem em quantas mulheres que foram sexualmente abusadas e que hoje são descuidadas com suas filhas meninas, fazendo “vista grossa” para que o abuso com elas aconteça dentro de casa por aqueles que deviam protegê-las.
Pensem em quantas mulheres que sofreram com as inúmeras chantagens emocionais de suas mães, devido a carência, imaturidade ou transtornos psiquicos que elas sofriam e, que hoje tem dificuldades para cuidar de si mesmas sem se sentirem culpadas por estarem abandonando a mãe para viverem as suas próprias vidas.
Precisamos urgentemente cuidar de nossas meninas. Precisamos encerrar o ciclo de abusos. Preisamos libertar as futuras gerações para uma vida emocionalmente saudável. Precisamos de homens equilibrados que serão frutos de mães conscientes e responsáveis. Precisamos gerar uma nova sociedade e, isso começará dentro de um ventre.
é a primeira vez que venho no seu blog e achei maravilhoso este texto. Não sou mãe mas gostaria de compartilhar o texto com a minha família e amigos. Existe algum problema?obrigada.
ResponderExcluirOi Verônica. Bem vinda!
ResponderExcluirPor favor fique a vontade e compartilhe os textos que desejar. Agradeço que você faça isso, assim mais e mais pessoas podem obter essa informação, dentre outras.
Grata!
Abraços,
Lila