domingo, 8 de dezembro de 2013

A vida muda num instante



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Normalmente a nossa perspectiva sobre a "mudança" é desenvolvida com base em eventos marcantes na vida, como a perda de um emprego, um movimento em todo o país, um casamento ou divórcio, o nascimento de uma criança ou de um grave problema de saúde. Mas a maior mudança é sutil e acontece durante um período de tempo, por isso, na verdade, leva um pouco de prática para percebermos as coisas e as pessoas que estão mudando ao nosso redor.
 
Quantas pessoas já passaram por separações conjugais sem perceber que o(a) parceiro(a) havia mudado? Inúmeras. O relato é sempre o mesmo: “Não percebi que você não me amava mais”. A vida pode passar por nós sem que tomemos consciência dela.
 
Muitas vezes pensamos ter controle sobre as nossas vidas, mas na verdade não temos. Fazemos planos para daqui a um mês, um ano ou dez, mas não sabemos o que vai acontecer no minuto seguinte. Se pararmos para pensar na constante surpresa que é a vida, vamos nos deparar com um universo de possibilidades que desconhecemos.
 
Outras mudanças são bruscas e nos tiram o chão. Quem já leu o livro “O ano do pensamento Mágico” da autora Joan Didion vai compreender sobre esse tipo de mudança. Algumas vezes pessoas que amamos saem das nossas vidas sem aviso prévio e nunca mais tornamos a vê-las. A morte provoca esse tipo de mudança.
 
Existem as mudanças físicas, aquelas que começam inevitavelmente a aparecer com o decorrer do tempo. Crianças que dão um salto de crescimento do dia para a noite e adultos que acordam com cabelos brancos. Vamos envelhecendo e por mais que não queiramos pensar muito sobre isso ou que usemos os recursos que a tecnologia nos oferece, não evitaremos a ação do tempo sobre nossos corpos.
 
Falo também sobre a mudança de pensamentos. E que bom que ela existe, pois nos permite pensar e perceber a vida de maneiras diferentes a partir do momento em que assumimos que nossos pensamentos e crenças não são fixos. Como já diz a velha frase de Thomas Dewar: “A mente é como um paraquedas, só funciona quando aberto”.
 
E não posso deixar de mencionar a mudança entre gerações. Como é nítido perceber que o tempo correu entre elas e que muitas coisas novas apareceram durante o salto de uma para a outra; porém mesmo que todos reconheçam que essas mudanças aconteceram, acontecem e continuarão acontecendo, ainda é possível ouvir frases do tipo: “No meu tempo não era assim”. Claro que não era, pois mudou.
 
Muitas pessoas dizem: “Precisamos estar preparados para as mudanças”; mas como estar preparados para algo que desconhecemos? Pois não sabemos como, em que, quando e de qual maneira algo ou alguma coisa vai mudar, certo?  Talvez precisemos estar conscientes que nada é para sempre, que tudo move, se transforma e assume outra forma. Essa maneira de pensar pode nos gerar angustia ou consolo, depende de como reagimos aos pensamentos de mudança. Quanto mais desejamos ter controle sobre a vida, mais as mudanças gerarão angustia e ansiedade; quando nos entregamos a esse processo natural da vida, podemos nos tornar mais receptivos para o que a vida tem a nos oferecer, seja o que for.

domingo, 24 de novembro de 2013

A crítica e o ego ferido



Foto retirada da net
Foto retirada da net
 
Críticas fazem parte da vida, e quem se propõe a conviver com outras pessoas correm o risco de ser criticadas. Para algumas pessoas receber uma crítica é o fim do mundo, elas se sentem ofendidas, julgadas e analisadas. Outras as acolhem e analisam, tirando proveito do que há de positivo nelas, descartando o excesso que julgam “inúteis”.
 
Ego ofendido
 
Quem não assimila críticas ou mesmo não as aceita, tem o que chamamos de “ego ferido”, o que torna mais difícil lidar com as críticas, sendo isso muitas vezes um desafio. A pessoa com o “ego ferido” demonstra em geral os seguintes comportamentos: sente-se magoada, injustiçada, mal interpretada (isso numa atitude passiva) ou acredita que deve discutir e reagir a todas as críticas, até provar que a pessoa que criticou é que estava errada (numa atitude ativa). É claro que existem críticas que pouco nos acrescenta, mas é necessário saber lidar com essas também.
 
Inteligência Emocional

Quando usamos a nossa inteligência emocional (nossa capacidade de reagir positivamente diante de situações emocionais difíceis) diante de criticas e julgamentos, saberemos ser tolerantes e elegantes, aceitando de forma positiva a crítica feita, desconsiderando até que exista a intenção de ofensa na fala do outro. Se você age apenas emocionalmente (e não com a inteligência emocional) em relação às criticas, suas chances de entender a situação, de aprender com ela e de amadurecer diante da experiência serão diminuídas.

Dicas:
 
- Segure a primeira reação que é a de defesa. Se você tem o desejo de se defender, é porque a critica o tocou de alguma maneira, considere isso positivo e tente descobrir em qual parte da sua experiência de vida ela lhe toca.
 
- Passe a critica nas três peneiras: 1. O que tem de verdade nisso, 2. Porque para mim esta sendo difícil aceitar, 3. Escutar e aguardar para reagir (se preciso, em outro momento quando tudo estiver mais em ordem na sua mente).
 
- O ideal seria ficar em silêncio refletindo, ou agradecer pela preocupação do outro em lhe alertar, dizendo que refletirá sobre o que lhe disserem, mesmo que o outro lhe critique de forma agressiva.
 
- Procure focar apenas ao objeto da crítica. É sábio e inteligente identificar e responder somente à crítica que é o centro da questão. Não traga à conversa outras questões de conflito. Essa é uma forma de economizar energia e de evitar discussões infrutíferas que só remetem à briga.
 
- Não se justifique e nem ataque ao receber um julgamento ou uma crítica. Fica “feio” se justificar e atacar, porque demonstra insegurança e um ego ferido.
 
A imaturidade e a crítica
 
Algumas pessoas respondem de forma clamorosa a qualquer vestígio de critica ou julgamento, em geral elas possuem um aspecto infantil no seu comportamento. É como se sua forma de raciocinar fosse parecida com a das crianças: As crianças quando ressentem não possuem uma forma madura de proceder, elas 'mostram a língua, xingam ou gritam, demonstrando a sua raiva. O impulso e a excessiva emoção são quem assumem o comando da situação.
 
“A culpa é do outro que quer determinar como devo agir”, esse é o pensamento imaturo que vem a tona. A crítica pode ofender sim, mas quanto maior o orgulho da pessoa mais facilmente ela se ofende, e isso é independente da maneira, forma ou situação em que a crítica é feita.
 
A pessoa emocionalmente madura tende a pensar que a crítica traz em si oportunidades valiosas de aprendizado, o qual pode se relacionar a sua forma de agir, à forma como o outro costuma se comportar, sobre uma melhor maneira de realizar um trabalho, educar os filhos e etc. Receber positivamente uma critica, determina maturidade e bom senso e que a pessoa permite ser percebida pelos outros por diferentes pontos de vista, aceitando a versão de que o mundo tem muitos olhares que vão além do seu próprio.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A continuação do Abuso


Foto retirada da net e editada por mim.
Foto retirada da net e editada por mim
 
Tenho visto essa foto circulando pela mídia e percebo que ela tem chocado os mais conscientes e extraído risos dos que ainda não percebem além do senso comum.
Quando vi a imagem pela primeira vez, uma pergunta me veio à mente: “O que poderia estar pensando e sentindo a pessoa que tirou a foto?”.
 
A nossa sociedade vem vivendo a perpetuação de uma cultura de abuso. Os pais que estimulam esse tipo de comportamento em seus filhos ou com outras crianças, provavelmente têm feridas antigas de abuso.
 
Uma vez falando sobre esse tema, uma pessoa me perguntou: “Todos nós temos traumas de infância, então porque não agimos da mesma maneira?”. Dentre muitas possíveis respostas, escolhi uma: “Porque percebemos e digerimos as experiências de maneiras diferentes.”
 
Deformando Personalidades
 
Experiências traumáticas podem deformar a nossa personalidade. Por isso é importante buscarmos ajuda para cicatrizar as nossas feridas antigas.
 
A tomada de consciência e o conhecimento da verdade que nos assombraram (ou assombram) podem ser libertadores e nos ajudar a caminhar em harmonia conosco e com os que dependem de nós.
 
Criança Ferida
 
Todo adulto tem dentro de si uma criança ferida. Em muitos há feridas enormes que deformam personalidades, tornando adultos cruéis e insensíveis; e são estas feridas que promovem a perpetuação do ciclo do abuso.
 
Algumas pessoas que foram vítimas de abusos (sejam físicos, emocionais ou sexuais) durante a infância, podem não ter tido a oportunidade de desenvolver uma qualidade essencial para a vida em sociedade, a empatia. E tornaram-se como soldados prestes a atirar, puxa o gatilho na primeira oportunidade que tem para descarregar a dor de dentro de si.
 
Pessoas profundamente machucadas e sofridas são como bombas relógio que inconscientemente estão prestes a explodir. A explosão é uma maneira de extravazar a raiva, o medo e o abuso sofrido.
 
Ciclo do Abuso
 
O ciclo do abuso pode ser identificado de diversas maneiras, como por exemplo: Nos pais que abusam de seus próprios filhos; nos profissionais da lei que abusam de seu poder; nas mulheres que não valorizam seu corpo e os expõem em excesso ou colocam-se em risco sem a menor consideração ou respeito por elas mesmas; no excessivo uso de álcool e no consumo de drogas, etc. São muitas as maneiras que permitimos equivocadamente, sair de dentro de nós, o medo, o terror e a repulsa por abusos sofridos.
 
Tomada de Consciência
 
Uma das mais eficazes maneiras de romper com o ciclo de abuso é a tomada de consciência. Quando agimos sem nos questionar, nos tornamos robotizados e passamos em frente os nossos medos na tentativa de curá-los. A teoria do trauma fala bem sobre isso: Quando vivenciamos uma situação traumática (toda experiência que não digerimos bem e que consideramos inacabadas, como uma perda, um acidente, uma doença), tendemos a repeti-la inconscientemente na tentativa de resolvê-la de vez.
 
O nosso inconsciente tem uma sabedoria, ele entende que não vamos viver em paz enquanto determinados traumas dentro de nós estão inacabados. Traumas geram mais traumas e abusos geram mais abusos. É um ciclo. Por isso é importantíssimo a tomada de consciência e o encerramento dos ciclos. Caso contrário, continuaremos perpetuando-os de maneira errada, como expondo crianças em cenas abusivas e nos divertindo com elas, assim como quem nos abusou no passado se divertiu e nos expôs.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ensinando e transmitindo empatia aos filhos

Amizade 2
Tenho um filho de 9 anos que me ensina todos os dias sobre a arte da maternidade. Com esses aprendizados tenho percebido que meus argumentos com ele precisam ser mais consistentes e que a minha empatia precisa ser mais eficaz, pois em muitos momentos ele me questiona ordens e atitudes minhas, e em outros me faz pensar sobre como ele se sente em determinadas situações. Já escutei ele me questionar: “Você já parou para pensar como eu me sinto?”. Minha resposta para ele sempre é: “Claro filho, eu sempre penso sobre como você se sente”. Ai ele me presenteou com a seguinte frase: “Então sinta o que eu sinto”.
 
Os nossos filhos frequentemente nos “cobram” empatia, mesmo não tendo a clareza de que o estão fazendo. Eles anseiam por compreensão e entendimento, e nós pais somos os responsáveis para ensinar isso a eles. O que é a empatia? Empatia fala sobre “Ver através dos olhos do outro”. Essa é uma boa e simples definição, mas que para ser um pouco mais completa é importante ter a continuação: “Colocar-se no lugar do outro”. Ver o mundo do outro pelo olhar dele e colocar-se temporariamente no lugar e perceber como a pessoa se sente, é um excelente exercício de empatia.
 
Empatia é diferente de Simpatia
 
Algumas pessoas confundem empatia com simpatia. Apesar da quase similaridade das palavras, o significado é completamente diferente. A simpatia é um sentimento de piedade por outra pessoa; ser empático é entender a perspectiva da outra pessoa, colocar-se no lugar dela e ver o mundo através dela.
 
Pais e Filhos Empáticos
 
Na relação pais e filhos, a empatia significa que quando os pais interagem com seus filhos, eles acabam treinando os mesmos a ter e receber empatia; isso se o fizermos da maneira correta. Muitos pais se consideram empáticos e se enchem de orgulho dizendo: “Somos empáticos com nossos filhos e sempre olhamos o mundo pelos olhos deles”. Será?
 
Ao longo do meu trabalho com pais e filhos, descobri que é muito mais fácil sermos empáticos com aqueles que pensam e agem de acordo com o que queremos e acreditamos. A parte desafiadora vem quando precisamos ser empáticos em momentos em que não concordamos com o ponto de vista, ação ou atitude de nossos filhos.
 
Pense numa vez que ficou chateado com seus filhos devido a algo que eles fizeram que você não gostou ou não concordou. Como agiu? Você foi empático? Ou simplesmente ficou aborrecido e esqueceu de pensar sobre como eles estavam se sentindo? Ou melhor, deixou de sentir como eles se sentiam.
 
Se quisermos que nossos filhos nos escutem e aprendam conosco, se desejamos que eles desenvolvam uma personalidade confiante e sejam empáticos, então precisamos pensar sobre como os abordamos e como as nossas palavras e ações são percebidas por eles.
 
O que a empatia nos oferece?
 
Com e através dela, podemos com mais clareza entender a visão e o mundo de nossos filhos e a reagir de uma maneira a criar um clima no qual eles aprendam conosco ao invés de se ressentirem. Filhos magoados e tristes não costumam pensar nos pais como exemplos para a vida, na verdade eles pensam em como não desejam ser. Isso poderia ser positivo se não estivesse vindo de uma relação entre pais e filhos. Em outros relacionamentos pode até funcionar. Por exemplo, alunos que não gostam da postura de um professor e decidem para si mesmos que não agirão assim quando se tornarem adultos e profissionais é uma maneira positiva desse aprendizado “não quero fazer e nem ser como você faz e é”. Mas na relação parental, se os filhos veem os pais apenas como modelos a não seguir, eles perdem a referência para uma vida adulta, e podem se sentir sozinhos e perdidos.
 
Nós pais somos a base, o alicerce para os nossos filhos. Costumo usar uma metáfora para definir essa relação: Todo prédio é construído sobre um alicerce que depois de pronto não a vemos mais, mas ela continua ali. Se o prédio se manteve de pé, firme e majestoso por anos, então sabemos que ele foi construído em bases sólidas. Mas se o prédio desaba sabemos que algo durante o processo de construção não foi bem feito. Assim é a nossa relação com nossos filhos e a empatia nos ajuda a dar uma base sólida para ela.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mãe de Menina

meninas
Certo dia eu estava conversando informalmente com a mãe de uma menina de 11 anos e ela começou a me contar um pouco da relação dela com a filha; falávamos sobre como ela se sentia sendo mãe de uma menina e como achava que a filha lhe via como mãe.  No meio de muitos tópicos, um deles me chamou atenção: “O que minha filha pensa sobre mim”. Ela lançou esta pergunta e estava receosa de perguntá-la à filha; porém ela tinha muitas hipóteses como respostas, sendo que nem uma delas lhe agradava.
 
Essa conversa me fez pensar nessa relação entre mãe e filha que é intensa e cheia de altos e baixos; e me fez ter vontade de perguntar às mães de meninas: “O que sua filha pensa sobre você?”.  
 
O que sua filha pensa sobre você?

Com essa pergunta em mente, falei com algumas mães de meninas que permitiram que eu escrevesse aqui o depoimento delas.
  • “Minha filha pensa que sou infeliz e amargurada, pois geralmente estou de cara fechada e sem muito ânimo para conversar ou fazer qualquer coisa com ela”.
  • “Minha filha pensa que sou desleixada, que não cuido da minha aparência e não me preocupo com meu corpo e peso”.
  • “Minha filha pensa que sou inteligente e que sei sobre diversos assuntos, pois tenho resposta para tudo o que ela me pergunta”.
  • “Minha filha pensa que sou autoritária e pouco amigável, pois tenho horário para tudo e, imponho o meu ritmo de vida para ela”.
  • “Minha filha pensa que sou amável e amiga, pois estou sempre presente e nunca tivemos uma briga que abalasse a nossa relação”. 
 
Como conversar com as meninas
 
Caso você venha tendo problema para conversar e se relacionar com a sua filha, vou citar algumas dicas que podem facilitar essa relação.
  •  Meninas gostam de conversar, então use essa possibilidade a seu favor. E quando for começar uma conversa, fale sempre por você e permita que ela fale por ela. Por exemplo: “Eu estou preocupada com o que vem acontecendo”. Nunca diga: “Você está me deixando preocupada. Percebe a diferença?
  • Acolha os sentimentos, sejam eles de raiva ou tristeza ou qualquer outro. Nós nos revelamos através de sentimentos e interprete esses momentos emocionais como boas oportunidades para uma conversa.
  • Elogie a sua filha. Fazê-la se sentir bem e admirada por você abrirá portas para boas conversas e uma relação de qualidade.
  • Evite afirmações acusativas ou rótulos: “Você é preguiçosa”, “Você é como todas as meninas que conheço”. Ninguém gosta de ser rotulado e as chances de uma menina se relacionar bem com quem a rotula é quase nula.
  • Nunca generalize, pois assim você está evitando que ela tenha chance de se defender e isso fará com que ela não queira conversar com você: “Você não faz nada direito”, “Tudo para você é ruim”.

Meninas precisam de modelo para aprender a se tornar mulher. Então pense sobre que tipo de modelo feminino você está sendo. Caso você nunca tenha parado para pensar nisso, saiba que elas costumam observar tudo nas mães; desde o jeito de andar, falar e tratar as pessoas, ou a maneira como se vestem, como cuidam de si mesmas e de suas aparências e como se sentem em relação a vida. Algumas atitudes e comportamentos, as filhas tomarão como verdade e copiarão outras elas irão querer descartar e nunca agir de igual maneira.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O que os filhos realmente querem?

abraço
Eles pedem para a gente um monte de coisas, não? Iphone, iphod, roupas, sapatos, brinquedos e muito mais. Mas o que eles de fato querem é mais barato que videogame e mais saudável que sorvete. O que será?
 
Uma descoberta
 
Antes de tudo quero contar uma história sobre um médico que em 1945, durante o término da segunda guerra mundial ficou responsável por pesquisar a melhor maneira de cuidar das crianças órfãs da guerra. Ele viajou toda a Europa e visitou muitos tipos de lugares que cuidavam dessas crianças para ver qual obtinha maior sucesso nesse trabalho. Ele viu muitas situações extremas. Em alguns lugares ele viu campos hospitalares montados e os bebês colocados em berços de aço limpos e enfermarias higienizadas, sendo alimentados em horários regulares por enfermeiras uniformizadas. Em outro local mais afastado, ele viu um caminhão chegando com quase cinquenta bebês órfãos sendo deixados para os moradores da vila criarem. O médico suíço tinha uma maneira simples de comparar as diferentes formas de cuidado. Ele não tinha tempo de pesar, medir ou checar a coordenação motora deles, ele usava uma simples estatística: a taxa de mortalidade. Com as epidemias se alastrando na Europa naquela época, muitas pessoas e crianças estavam morrendo; porém as crianças da vila estavam se desenvolvendo melhor do que as dos hospitais.
 
A ciência comprovando o amor
 
O médico descobriu algo que há muito tempo as mães mais experientes já sabiam: as crianças precisam de amor para viver. As crianças dos hospitais tinham tudo menos afeto e estímulos, já as da vila tinham abraços, alegria, pessoas por perto, coisas para aprender e ver.
Naquela época os cientistas afirmaram pela primeira vez algo que hoje sabemos ser fundamental na vida de nossos filhos: “As crianças precisam de contato humano e afeto, e não apenas alimentos e higiene. Se não receberem esses ingredientes humanos, podem facilmente morrer.”
 
Além do contato físico
 
Os bebês adoram ser tocados e receber carinho, as crianças maiores passam a ser mais seletivas e os adolescentes começam a panfletar que não gostam, mas lá no fundo é só o que querem. Os adultos adoram, mas escolhem para quem dar e de quem receber. A verdade é que todo mundo gosta e precisa de afeto. O afeto tem muitas nuances, é uma delas é expressa por palavras. Quando dizemos eu "te amo" ou "você é especial" ou qualquer outra frase amorosa, estamos demonstrando nosso afeto num nível muito profundo.  Dar e receber afeto é importante pois todos nós precisamos ser reconhecidos, queridos, cuidados e amados.
 
Quem não gosta de receber um elogio sincero? Quem não gosta de ouvir palavras amigáveis e gentis? Quem não gosta de ter suas ideias ou opiniões ouvidas? As palavras podem construir ou destruir pessoas, então é necessário tomar cuidado com o que sai da nossa boca.
 
É importante que cuidemos das nossas crianças dando alimento, casa, educação e entretenimento, mas se só fizermos isso, elas vão sentir falta de alguma coisa. Elas tem necessidades psicológicas essenciais como: conversas, elogios, afeto, carinho e contato físico (abraços e beijos). Se isso for dado espontaneamente, com amor e cotidianamente, certamente teremos crianças mais saudáveis e felizes.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pare de gritar com seus filhos

grito
 
Gritar é a parte escondida e disfarçada, mas que acontece num número considerável de vezes na relação entre pais e filhos. Muitos pais gritam com seus filhos num ambiente que deveria ser de aconchego, segurança e conforto: o lar.
 
O estresse do dia a dia, uma dose extra de impaciência e a sobrecarga com problemas pessoais, são alguns dos gatilhos que disparam gritos que ecoam pela casa.
 
Os gritos são ineficientes, terríveis e não ajudam em nada na educação ou disciplina dos filhos; muito pelo contrário, eles cortam vínculos, criam barreiras e alimentam uma mágoa que ao longo do tempo pode se transformar em raiva e desamor.
 
Bomba caseira
 
Já escutei de uma menininha de cinco anos a seguinte frase: “Não acredito que a mamãe gosta de mim. Ela diz que me ama, mas ela grita muito comigo e isso não é amor”. A mesma voz que dá boa noite aos filhos antes de deitar é a voz que grita durante o dia.
 
Pais que tentam disciplinar com gritos, geralmente são pais que sentem culpa no final do dia, pois mais uma vez gritaram e não conseguiram controlar a raiva e o mau humor.
 
O poder e sua voz
 
Muitos pais pensam que por serem “os pais” tem o direito de alterar o tom de voz num nível que os vizinhos consigam também ouvir. Eles tendem a pensar: “eu sou a mãe/pai e apenas eu posso fazer isso. Não permito que ninguém, além de mim grite com meus filhos.” Particularmente acho esse modo de pensar e agir um contrassenso. Os pais teoricamente deveriam ser os únicos a nunca fazer isso, e, são os que mais fazem. Essa é uma visão distorcida sobre o poder materno/paterno. Quando eu grito com uma criança eu assumo que ela é igual a mim e que pode se defender no mesmo nível em que está recebendo a agressão, porém, os pais que gritam com seus filhos, não admitem nenhuma alteração de voz dos mesmos.
 
Por trás dos gritos
 
Em geral pais que gritam são pais estressados; mas o estresse não é o único vilão da história, ele tem vertentes que permeiam nas famílias desestruturadas emocionalmente, nos problemas financeiros e amorosos, numa má educação recebida pelos próprios pais, nos traumas infantis - como ter apanhado e ouvidos gritos durante a infância – e uma total falta de noção sobre como educar filhos. Essas são matérias primas criadoras de pais gritões.
 
Controlando os gritos
 
Você gostaria de controlar seus gritos e começar a disciplinar seus filhos por meios mais saudáveis? Então fique atento para:
 
- Toda vez que sentir vontade de gritar vá até a cozinha e tome um copo com água. Este é um pequeno truque que tem duas vantagens: vai lhe dar tempo de mudar a emoção impulsiva do momento e, a água lhe ajudará a trazer o controle emocional para seu corpo, pois hidratando o mesmo, você oxigena o cérebro e pensa melhor, deixando a emoção negativa de lado.
 
- Sempre pense que seus filhos não tem o mesmo nível de experiência e maturidade que  você e que eles estão aprendendo sobre disciplina e respeito com você, então o que deseja ensinar à eles?
 
- Quando sentir vontade de gritar pense sobre porque você tem filhos e o que deseja que eles se tornem no futuro. Os seus gritos irão ajudar a formar ou deformar a personalidade deles.
 
- Observe que o seu dia a dia e suas frustrações podem ser geradores de gritos, então tente colocar cada coisa em seu lugar: se você está com problemas financeiros, foque em resolver eles e não em descarregar seus receios e medos nos seus filhos.
 
Perceba que quanto menos você gritar, mais disciplinados eles irão se tornar. Então se você deseja filhos mais “comportados”, então comece a se comportar também e pare de gritar, afinal a comunicação existe e a cada dia se torna mais cheia de ferramentas e recursos e gritar torna-se cada vez mais um gesto primitivo e que demonstra um baixo nível de educação e tolerância.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Nada é por acaso

Dust in the wind
              Picture: Diva and Dreams
Acredito que muitos já escutaram a frase: “Nada é por acaso e tudo está como deveria ser”.  Pensando sobre sobre ela, me veio à mente algo que quero compartilhar com vocês.
 
Muitas coisas acontecem nas nossas vidas, certo? Coisas “boas e coisas não muito boas”. Geralmente lutamos incansavelmente para que as coisas “ruins” desapareçam. É mais ou menos como se desejássemos que tudo fosse diferente, tudo fosse do nosso jeito, do nosso modelo de vida e pensamentos.
 
Tentamos lutar contra as situações que nos incomodam, contra algo que julgamos não ser bom para nós. A nossa tendência é reclamar e lamentar sobre o porquê de não ter sido diferente.
 
Se pararmos para pensar e analisarmos tudo ao nosso redor, vamos perceber que lutar contra o momento presente é mais ou menos como lutar contra a nossa energia vital e contra o universo.
 
Afinal somos seres conectados ao universo e conectados uns aos outros. Nada que acontece comigo ou com você é genuinamente nosso, pois fazemos parte de um todo, de uma infinita teia de relações.
 
Se alguma coisa está acontecendo com você aqui e agora é porque não poderia ser diferente, faz parte de algo que precisa ser harmonizado, integrado, entendido.
 
Cada experiência de dor, tristeza, mágoa, raiva, decepção, isolamento e etc. que experimentamos é resultado de nossa resistência, da nossa negação de que o momento presente não está “lutando” contra nós e sim nos auxiliando sobre muitos aspectos, principalmente em relação ao que precisamos enxergar e cuidar com muito carinho e atenção, em nós mesmos.
 
Como seria parar de resistir ou de reclamar porque esta ou aquela situação aconteceu, porque não fiz deste ou daquele jeito.
 
Como seria não julgar a si mesmo ou tentar se punir tão severamente por supostos erros cometidos, e simplesmente se render ao que a vida está mostrando e revelando. Penso que pouparia em cada um de nós e em outras pessoas, muita dor e sofrimento.
 
O que estou dizendo pode ser confundido como um descaso ou irresponsabilidade pelos próprios atos, mas é exatamente o contrário.
 
Vou falar algo que muita gente discorda ou ainda não compreende: Somos 100% responsáveis pelo que fazemos, e é exatamente por isso que precisamos ser receptivos, compreensivos e ter compaixão para conosco e para com o que acontece nas nossas vidas.
 
Se acreditarmos que nada é por acaso e que tudo está como deveria ser, então porque o sofrimento e não o entendimento, e a mudança?
 
Acredito que quando alcançamos esta compreensão, poderemos retomar a nossa sincronia e conexão com o universo e poder experienciar um sentimento de paz interior.

sábado, 17 de agosto de 2013

Meninas adoram comprar roupas. E os meninos?

                        
                        
Foto: Arquivo Pessoal
Sou mãe de um menino de nove anos que me acompanha para a maioria dos lugares que preciso ir e, que ele pode frequentar, é claro.  Ele é realmente um companheiro fiel e disposto.  Porém, quando o assunto é ir ao shopping para comprar roupas, mesmo que sejam para ele… Ops! A disposição muda e as desculpas começam a aparecer.
 
 
Eles mudam com o tempo
 
Antes era mais fácil convencê-lo a ir para alguns lugares e, com o passar dos anos essa missão vem se tornando mais difícil. Por quê? Porque com o passar dos anos, os meninos se diferenciam ainda das meninas e começam a se desidentificar da figura materna desenvolvendo mais interesse por atividades tipicamente masculinas.
 
 
Igual a mamãe
 
Em contrapartida, as meninas adoram ir às compras. Elas de deliciam com cada peça de roupa ou acessório encontrado pelo caminho. Divertem-se experimentando coisas e dando palpites nas escolhas da mãe.  Ao compartilhar “assuntos e momentos de mulher” com a mãe, elas se sentem valorizadas e próximas daquela que é um modelo de mulher para a vida adulta.
 
 
A impaciência revelada em perguntas
 
Quando o assunto é ir às compras, a última pessoa que você deveria pensar em convidar seria seu filho maior de nove anos. Eles não têm o menor interesse nesse assunto e, nem paciência para esperar que a mãe vasculhe minuciosamente o que deseja comprar. Caso você insista nessa aventura, esteja preparada para ouvir por diversas vezes as perguntas: “Já terminou?”, “Podemos ir agora?”, “Você ainda vai demorar muito?”.  Exigir que os meninos gostem dessa atividade é quase o mesmo que pedir às meninas para ir alegremente à oficina esperar o conserto de um carro.
 
Trocando de parceiros
 
Uma experiência interessante que todos os pais deveriam tentar (sei que alguns já fazem isso) seria a mãe fazer coisas de meninos com o filho e o pai coisas de meninas com a filha. O menino se sente valorizado e animado quando a mãe aprecia o que ele faz. Caso a mãe o leve para os treinos de futebol, ele vai se empenhar mais para “fazer bonito” para a “mamãe ver”. E as meninas adoram ir às compras com o pai, pois com um irresistível charme poderá conseguir mais facilmente que ele compre a bolsa que tanto deseja ou o sapato da moda. O pai em geral tende a ser mais flexível do que a mãe quando o assunto é por a mãe no bolso para agradar a sua princesinha.
 
Criando vínculos
 
De uma coisa estejam certos: Fazer coisas junto com seus filhos aumentará o vínculo, criará mais intimidade, fortalecerá a amizade e a confiança entre vocês. Quanto mais convivemos com nossos filhos mais companheiros nos tornamos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Primeiro Amor

Foto com efeito14
Arquivo Pessoal
 
 
 
Quando eu estava na Universidade estudando psicologia e ainda nem me imaginava como seria ser mãe; lia nos livros e escutava os professores falando sobre o amor do menino pela mãe e da menina pelo pai. Sem a menor ideia de como seria isso na vida real, eu ia acreditando na teoria dos grandes mestres como Freud, Jung e muitos outros.
 
Hoje em dia, já no exercício da maternidade e observando meu filho no seu dia a dia,  posso confirmar o que tanto estudei por anos: as meninas amam os pais e os meninos amam as mães.
 
Pai e mãe são os primeiros amores na vida das crianças. E não há nada de mal nisso; aliás, é fundamental que esse amor exista, pois é a partir dele que as crianças irão formar o modelo de amor que desejam receber no futuro.
 
Treinando futuros relacionamentos
 
As crianças sem que tenham a menor noção sobre isso, estão “treinando” para o exercício de uma vida amorosa quando adultos. Não podemos negar que isso existe, pois faz parte da natureza humana, assim como não podemos deixar passar essa importante oportunidade para ensinarmos aos nossos filhos sobre este valioso sentimento, o amor.
 
Como isso funciona para as meninas
 
A menina precisa sentir-se valorizada pelo pai. Ela adora os elogios que recebe para os cabelos, roupas e o sucesso adquirido nos esportes e atividades escolares.
 
É muito importante que o pai enxergue as qualidades da filha e demonstre essa percepção para ela. Exemplo: “Filha, seus cabelos estão bonitos com esse laço” ou “Parabéns querida, você fez uma excelente apresentação no balé/judô”.
 
A menina espera os elogios do pai e, justamente por isso, críticas não são bem recebidas ou mesmo, são sempre evitadas por elas. Ser a “queridinha do papai” é algo muito importante na formação da personalidade das meninas.
 
Como isso funciona para os meninos
 
Já o menino espera que a mãe o elogie dizendo o quanto ele é inteligente, forte e corajoso. Ouvir da mãe que é um fraco, medroso ou tolo é como destruir um lindo castelo de areia.
 
Os meninos se sentem bem ao ajudar a mãe em tarefas que exijam força e rapidez, tipo carregar as sacolas de compras ou correr para atender ao telefone antes de todo mundo. Ficam felizes em fazer cartões para as mães e se derretem diante de qualquer elogio recebido por elas.
 
Quem se atreve a tirar o “brilho dos olhos” de quem está apaixonado?
 
As críticas construtivas fazem parte da educação.  Se você tem uma filha menina, deixe-as para a mãe ou para uma figura feminina responsável pela criança. Escutar do pai que está feia ou com mau hálito, é um embaraço sem igual para as meninas.
 
O mesmo acontece para os meninos. Se eles precisam engordar ou emagrecer, não é a mãe quem irá dizer que ele está gordinho/magrinho demais e precisa de uma dieta especial. Essa é tarefa de “homem para homem”, então deixe isso para o pai.
 
 
Dica importante!
 
Sempre devemos usar o bom senso e muito tato quando o assunto é criticar positivamente uma criança.  Como a própria palavra diz, elas precisam construir de maneira positiva essa personalidade que está em formação e, jamais destruí-la.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Precisamos educar as nossas meninas


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Não é novidade que nós pais somos os responsáveis pela educação e formação geral de nossos filhos; porém nesse texto quero enfatizar a influência feminina sobre os filhos, sem absolutamente excluir a importante e fundamental participação masculina.  
 
Nós pais podemos formar (ou deformar – como diz a autora Alice Müller) a vida emocional dos nossos filhos. E nós mães sem a menor dúvida, temos uma influência enorme sobre as nossas “crias”.
 
A responsabilidade materna
 
Tornar-se mãe é uma decisão que passa por diversas variáveis e vai exigir muito de quem deseja educar e não apenas criar os filhos. O que observo é que muitas mães sem ao menos se dar conta, usam a maternidade com propósitos egoístas. Certa vez escutei de uma mãe o seguinte comentário: “Precisamos ter pelo menos dois filhos, pois será difícil deixar nas costas de um a responsabilidade de cuidar da gente (pais) na velhice”. Tenhamos em mente algo: Filho não é plano de aposentadoria! Porém, muitos pais fazem essa inconsciente relação.
 
Que relação é essa?
 
As mulheres carregam os filhos no ventre por no máximo nove meses e esse é sem dúvida, um tempo para uma ligação além de visceral; mas energética, mental e emocional. Nós mães somos o primeiro contato de qualquer ser humano com o mundo. Olhem a grandeza e importância dessa experiência.
 
Quem dera todas as mães pudessem ser amorosas e emocionalmente equilibradas. Seria quase perfeito e provavelmente teríamos uma sociedade mais saudável. Mas para chegarmos próximo desse ponto é preciso trilhar um longo caminho que começa a ser percorrido desde a infância.
 
Mãe, eu vejo o mundo com os seus olhos
 
Quero falar de algo que muitos ainda duvidam ou duvidavam, mas quando mencionamos que a “ciência comprova”, tudo passa a ter um novo e diferente crédito. Então vamos lá...Comprovados estudos, mostram que a partir do terceiro mês de gravidez, o feto já consegue absorver sensações maternas arquivando-as em suas memórias perinatais (dentro do útero). Essa é uma maneira que o feto e futuro bebê, começa a formar a sua percepção de mundo, e isso tem seu início através da mãe.
 
Ego discriminador...O que é  isso?
 
Como dito acima, o primeiro contato do bebê com o mundo é través da mãe e, as nossas percepções, ações, crenças, comportamentos e etc passam a ser também as de nossos filhos. Isso significa que temos uma enorme responsabilidade em nossas mãos. E, para tornar a grande aventura da maternidade algo mais emocionante, ainda vamos lidar com o seguinte aspecto: a ausência do ego discriminador durante a infância. O *Ego discriminador, em um breve resumo, é a capacidade humana de separar o que é meu e o que é do outro. Quando uma criança escuta a mãe dizendo: “Você é chato e pare de me atrapalhar!” Ela vai realmente pensar que é uma criança chata e que atrapalha a mãe. A criança não consegue entender, separar e assimilar que naquele momento em que mãe lhe diz isso, é porque ela está estressada ou com raiva e que está descarregando a  emoção dela em cima da criança.  A criança entende: Eu sou!” e não: “Ela sente isso!” Somente a partir dos 12 anos que a criança começa a descobrir a sua identidade, podendo quem sabe, iniciar a responder à pergunta “Quem sou eu?”.
*Ego: De acordo com a psicanálise, o Ego é responsável por manter o equilíbrio do nosso aparelho psíquico.
Por que devemos educar as nossas meninas?
 
Pelo simples e importante fato de que elas serão as futuras mães, e elas estarão educando as próximas gerações; e seus filhos, educando as seguintes e assim por diante. Tudo o que vivemos durante a nossa infância estará nos guiando na fase adulta. Se tivermos vivido situações dramáticas, difíceis ou excessivamente tristes, ou mesmo alegres, respeitosas e íntegras, estas experiências serão a nossa referência de mundo e são elas que ensinaremos aos nossos filhos.   
 
“Eu apanhei e não morri”
 
Quando sofremos abusos durante a infância e sobrevivemos a eles, temos o nosso corpo físico vivo, mas provavelmente o nosso corpo emocional está fragmentado, doente e sofrido.
Já conversei com muitas mães que se sentiram pressionadas pelas “cobranças atuais sobre educação de filhos”. Elas frequentemente me diziam: “Hoje em dia tudo é proibido – bater, castigo e etc. Na minha época eu apanhei e não foi pouco, e estou aqui viva e inteira para contar a história!” -
Compreendo perfeitamente o que elas dizem e como se sentem. Mas em geral após esses comentários terem sido ditos, eu fazia a seguinte pergunta: “Se você pudesse ter escolhido entre apanhar ou não, entre ter tido pais amorosos ou estressados, o que você escolheria?” - Adivinhem as respostas.
 
Sobreviventes emocionais
 
É claro que nenhuma criança quer apanhar ou mesmo sofrer castigos. Quem sobrevive a pais abusadores são chamados de “sobreviventes”, literalmente falando (Rosa Cukier fala melhor sobre esse tema em seu livro Sobreviventes Emocionais) E como tais possuem sequelas, dores armazenadas e sufocadas no íntimo de seu ser, e essas irão se manifestar mais cedo ou mais tarde sem o olhar atento de quem vê a verdade dentro de si mesmo.
 
Vidas em ciclo
 
Pensem em quantas mulheres que foram surradas durante a infância e que se casaram com homens que continuaram a bater nelas e com isso, perpetuaram esse ciclo batendo em seus filhos ou mesmo permitindo que eles apanhassem de outras pessoas, seja o pai, avós ou tios.  
 
Pensem em quantas mulheres que foram sexualmente abusadas e que hoje são descuidadas com suas filhas meninas, fazendo “vista grossa” para que o abuso com elas aconteça dentro de casa por aqueles que deviam protegê-las.
 
Pensem em quantas mulheres que sofreram com as inúmeras chantagens emocionais de suas mães, devido a carência, imaturidade ou transtornos psiquicos que elas sofriam e, que hoje tem dificuldades para cuidar de si mesmas sem se sentirem culpadas por estarem abandonando a mãe para viverem as suas próprias vidas.   
 
Precisamos urgentemente cuidar de nossas meninas. Precisamos encerrar o ciclo de abusos. Preisamos libertar as futuras gerações para uma vida emocionalmente saudável. Precisamos de homens equilibrados que serão frutos de mães conscientes e responsáveis. Precisamos gerar uma nova sociedade e, isso começará dentro de um ventre.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Férias da criançada e o consumismo


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As férias escolares estão batendo à porta, e crianças com tempo livre demais são “um pé” para o consumo descontrolado; seja o consumo ilimitado de comida, excessivos passeios aos shoppings, horas a mais em frente ao computador ou na televisão.

Existe algo que nós pais precisamos apreender: a ensinar aos nossos filhos a curtir o tempo livre sem que a relação entre ele, versus lazer e o consumo venha imediatamente à mente.

Sabemos que devido à agitação do dia a dia e ao bombardeio de alternativas consumistas ao nosso redor, esquecemos que bons momentos também podem estar atrelados a atividades simples como idas ao parque, museus, caminhadas pela praia, jogos no quintal e etc.

É claro que se você for perguntar aos seus filhos: filho(a) você quer caminhar no parque ou ir ao shopping comprar algo? Eles vão optar pela segunda. Porém, é claro que ninguém vai se atrever a fazer essa pergunta, certo?

Novo público consumista

Sabemos a criança é alvo de muitas empresas que desejam atraí-la desde cedo para ser um possível consumidor amanhã. Hoje em dia podemos encontrar diversas linhas de produtos feitas especialmente para crianças até 12 anos de idade, pois até essa idade, elas são mais suscetíveis à propaganda, devido a falta de senso crítico para entender o significado real da publicidade.

Além da mídia envolvente, as crianças ainda enfrentam a pressão que vem do grupo em que estão inseridas, que muitas vezes é forte a ponto de ser irresistível. Por exemplo, dentro das escolas é bem comum ter crianças que são líderes natas, que têm influência forte sobre as outras e ditam moda e comportamentos; as demais que não estão “dentro do esquema” tendem a ser excluídas do grupo. Isso é uma pressão enorme para qualquer criança, jogando-as nos braços do consumismo.

E as férias como ficam?

Quando o assunto são as férias de verão ou final de ano, novos tópicos vêm à tona: para onde você vai viajar e o que vai comprar passam a ser as perguntas do momento. Dupla atenção para isso! É importante lembrar aos filhos que férias são para relaxar, aproveitar momentos juntos, não ter a preocupação com o relógio e conhecer lugares antes não visitados. Férias não são excursões de compras.

Consumo em excesso

Há alguns anos atrás, tive a oportunidade de ver fotos de uma menina de 11 anos que viajou para a Disney. Eu fiquei impressionada com a quantidade de malas que ela sozinha trouxe da viagem. Ela viajou com uma mala pequena e voltou com quatro grandes. Eu perguntei para ela o porquê de tantas malas e ele me respondeu que eram todas as coisas que ela havia comprado na viagem de 10 dias.

Reaprendendo

Precisamos urgentemente inverter os valores relacionados ao consumo. Não apenas para o bem de nossos filhos, mas da sociedade e do planeta. Afinal, quanto mais consumimos, mais lixo produzimos. Não me refiro apenas ao lixo material, mas ao mental. Uma mente consumista é uma mente vazia de propósitos.

Vamos ensinar aos nossos filhos que momentos descontraídos, onde o riso, o abraço e a conversa sem objetivo valem mais que qualquer presente material que nós possamos lhes oferecer. Esse é um aprendizado que pode levar um tempo e vai precisar de muita dedicação da sua parte, mas que com certeza valerá a pena. Esse formato de relacionamento desvinculado do consumo, pode ser resumido numa frase: “as melhores coisas na vida não são coisas”.  

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Adolescência e a necessidade de separação dos pais

 
 
Se você tem filhos adolescentes ou já esteve por algumas horas na companhia de um, você certamente está familiarizado com o “desdenhoso olhar” que eles costumam usar para expressar inquietação, incômodo ou desprezo pelo o que está sendo dito. Muitas vezes o referido olhar vem acompanhado de suspiros ou falas que deixam claro o incômodo da turma teen. Esse olhar é quase um equivalente ao bater de portas de forma dramática.
 
 
Rebelião adolescente

Adolescentes são gênios em fazer coisas que sabem que vão irritar você. Por exemplo, se você o está esperando para um calmo jantar em família, eles provavelmente vão fazer uma careta e reclamar da refeição. Se você tentar prever seu humor e agir em conformidade, eles vão mudar o humor. Se eles não concordam com o seu pedido, eles irão esquecer ou ignorar suas promessas.
 
Ao contrário do que muitos adultos pensam, adolescentes definitivamente não gostam de excessiva atenção, principamente quando esta é no sentido de censurar, avaliar ou criticar o que eles fazem. Tal como a excessiva atenção, os conselhos fazem parte do pacote que eles “odeiam”.
 
 
Necessidade de Sepação
 
Os pais precisam perceber que essa fase “rebelde” que os filhos passam nada mais é do que a imensa necessidade de demonstrar que já cresceram, que não são mais os bebês dependentes e sim seres auto-suficientes. É claro que nós pais sabemos que eles ainda precisam da nossa ajuda e apoio, mas eles não querem admitir isso, pois precisam se sentir capazes de encontrar seu caminho sem o constante direcionamento dos pais. Para a maioria dos adolescente, a nossa ajuda é percebida como uma interferência.
 
Eles procuram criar suas próprias regras e valores na tentativa de estabelecer a sua própria identidade. A tão conhecida “rebeldia adolescente”, seja na forma de estilos de roupas, censuráveis ​​cabelos, músicas, quartos desarrumados, ou mesmo o consumo de álcool e a prática da mentira, são tentativas de iniciar o processo de separação dos pais.
 
 
O que fazer?
 
Você pode estar se perguntando: “Então devo deixar meu filho ser um rebelde para ele conquistar a tão sonhada liberdade dos pais?” A minha resposta é não. A rebeldia se instala quando eles não vêem outra saída; quando eles percebem que as amarras que os pais colocam é tão forte que não os permite andar, e para tirá-las eles precisam “do grito”.
 
Já tive a oportunidade de escutar inúmeros adolescentes e posso afirmar que eles não são iguais. Ao contrário do que a grande maioria das pessoas panfletam sobre essa fase humana, a adolescência é uma fase linda e de grande importância na vida de um ser. O que nós precisamos aprender e entender, é que os nossos filhos estão crescendo e tendo a necessidade de fazer escolhas, correr riscos, conhecer o mundo pelos olhos deles.
 
O que nós precisamos aprender é a apoiar essa jornada dos nossos filhos, não controlá-los e super protegê-los. O mundo não deixará de ser perigoso se mantivermos nossos filhos sobre nossas asas; não temos o direito de tentar controlar a experiência que eles desejam ter e nem tão pouco deixar de permitir que explorem o mundo sobre a perspectiva deles.
 
Precisamos definitivamente aprender que os filhos não nos pertencem. Eles pertencem ao mundo e para ele precisam ir e explorar. É claro que amamos esses pequenos que esticaram e perderam as bochechas rosadas, mas nosso amor não pode ser uma prisão e sim um lugar seguro para que eles possam voltar ao sentirem a necessidade de recarregar as forças e de um abraço amoroso.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mantendo a autoridade e o respeito com os seus filhos

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O modo como tratamos nossas crianças poderá determinar como eles irão se relacionar conosco no futuro, com os próprios filhos e com as demais pessoas ao redor deles.
 
Para que boas relações sejam mantidas hoje e fortalecidas amanhã, precisamos educá-los com autoridade e respeito.
 
Se você está confuso ou não tem certeza de como fazer isso, abaixo coloco algumas dicas.
  • Fale calmamente em vez de gritar. Gritar é a total perda da autoridade.
  • Seja firme e nunca cruel. Use seu tom de voz para demonstrar firmeza. Nunca contato físico ou dedo em riste.
  • Tranquilize as crianças quando estiverem assustadas. Nunca ignore seus medos.
  • Seja tão educado com seus filhos quanto gostaria que eles fossem com você.
  • Não precisa ser insensivelmente crítico quando eles fazem algo que você não concorda. Trate o assunto com seriedade, mas com delicadeza.
  • Aceite que você não apenas ensina seus filhos, mas que aprende com eles.
  • Nunca corrija seus filhos em público. Isso é humilhante e ele não estará lhe escutando num momento desses e sim preocupado em se esconder de quem possa estar assistindo a cena.
  • Sempre que possível, respeite os desejos e escolhas que eles fazem. Isso ajuda na auto-confiança e auto-estima.
  • Valorize a opinião deles em qualquer conversa.
As crianças também são pessoas – o fato de serem menores e dependerem da gente, não nos dá o direito de fazermos ou dizermos o que bem entendemos.
 
Se você trata seus filhos com respeito agora, tenha certeza de que eles estão assimilando essa grande e valiosa lição.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

É permitido Errar

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Errar faz parte da vida e, como não poderia ser diferente, faz parte do processo de educar os nossos filhos. “Filho não vem com manual de instrução” diz o velho e conhecido dito popular. Exatamente por isso que é importante reconhecer que não vamos acertar sempre. Permitir que os erros se tornem aprendizados valiosos é dar a grande chance a si mesmo para acertar da proxima vez.
 
Mantenha os 3
 
Bom senso, tranquilidade e ser menos exigente consigo mesmo são três pequenos e valiosos ítens necessários na bagagem de todos os pais.
  • O bom senso nos permite fazer escolhas sensatas e adequadas para cada situação. Uma boa forma de exercitar o bom senso é nos colocarmos no lugar da criança. Pense como se você tivesse a idade que os seus filhos tem, isso ajuda a dar mais leveza para situações irritantes aos olhos dos adultos.
  • A tranquilidade que demonstramos ao lidarmos com nossos filhos em diversas situações, nos ajuda a transmitir à eles que é possível manter uma relação saudável e livre de inquietações; e o melhor de tudo é que permite com que nossos filhos se sintam mais seguros.
  • Exigir menos de si mesmo. Não se permitir errar é naufragar diante das falhas. Quando não estamos preparados para nos permitir errar, não ajudamos aos nossos filhos a lidar com os erros deles. Acredite, qualquer “falha” que você cometa é possível ser corrigida.
 
Educar é estar se relacionando
 
É importante que tenhamos em mente que educação é relacionamento e relacionamento é uma experiência sempre nova e completamente cheia de variáveis.
 
Algumas vezes não estamos num bom dia para nos relacionarmos seja lá com quem for, e isso pode dificultar a nossa capacidade de avaliarmos bem uma determinada situação. Se isso acontecer o mundo não vai acabar. Reconheça o erro e repare a situação lá na frente. Diga algo como: ”Filho, me enganei e peço desculpas. Vamos tentar fazer isso novamente?”
 
Ajudar um filho a reparar um erro é algo que poucos pais fazem. Quando você reconhece seu erro e mostra aos seus filhos que está tentando consertá-los, você está dando uma grande e positiva lição de como eles podem lidar construtivamente com os erros deles.
 
Se você durante muito tempo agiu de uma determinada maneira e, ao longo dos anos foi mudando de idéia ou opinião, fique atento para não tornar isso maior do que na verdade é. Não há nada de mais em dizer aos seus filhos: “ Até agora eu pensei e agi dessa maneira, mas vejo que isso não estava muito certo e quero mudar”.
 
Lembre-se que os erros não precisam ser penalizados e sim apenas reparados.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Como perdoar a si mesmo

Forgive
     A culpa é uma das piores cargas emocionais que podemos carregar ao longo da vida. Ela pode ser destrutiva se não for digerida rapidamente e da melhor maneira possivel.
   
    Ao longo do meu trabalho como psicóloga, pude observar como a culpa tende a ser uma destruidora de sonhos; uma verdadeira amarra que nos prende e, quando se atreve a nos soltar para respirarmos um pouco, nos deixa andando em círculos.
 
    Você sente que machucou alguém? Você está carregando culpa, vergonha ou constrangimento por isso? Bem, penso que seja a hora de deixar ir essa bagagem emocional. É hora de curar. E a melhor maneira de fazer isso e trazer a paz interior é perdoar a si mesmo.
 
      Perdão é uma palavra forte eu sei, porém prefiro usá-la nesse texto pois sei que ela é a perfeira e extrema parceira da culpa.
 
     Talvez você se sinta tão culpado que não consegue nem pensar na misericórdia de perdoar a si mesmo. Eu sei, eu entendo isso. Mas se você mudar de idéia e decidir dar uma nova chance a si mesmo, te convido a ler algumas pequenas dicas que me atrevo a escrever.
 
     Não são receitas mágicas, apenas estou compartilhando alguns pequenos aprendizados que a vida generosamente me presenteou, ao me permitir conviver com pessoas que me ensinaram isso. À todas elas a minha gratidão.
 
RECONHECER o que aconteceu. Ok, você “estragou tudo”. Ninguém é perfeito. Entenda por que você fez o que fez. Aprenda com a experiência para que você não cometa o mesmo “erro” novamente.
 
ACEITAR a responsabilidade. Responsabilidade aqui significa a capacidade de responder diante do que aconteceu. Observe como você reage ao que aconteceu. Você pede desculpas? Tenta compensar a pessoa com algo ou alguma coisa? Ok. Faça o que é construtivo e razoável para resolver a situação.
 
PEDIR PERDÃO. Caso sinta a necessidade não hesite em pedir perdão à pessoa que você magoou. Ela pode ou não perdoar você, porém independente disso, buscar o perdão é um passo para curar as feridas emocionais.
 
PERDOE-SE. Se alguém te perdoar ou não não anula o mais importante de tudo: você deve perdoar a si mesmo. Não seja tão exigente consigo. A vida é uma caixa de surpresas e ninguém sabe o que vai acontecer no minuto seguinte. Então porque nos exigimos acertar sempre?
 
TOMAR CONSCIÊNCIA que você não é a única pessoa que errou na vida. Todos nós cometemos, estamos cometendo ou ainda vamos cometer erros ao longo da vida e vamos nos sentir culpados por isso. Você não está só nesse barco.
 
SEGUIR EM FRENTE. O que está feito está feito. Você tem como voltar no tempo e fazer diferente? Acredito que não, certo? Então só te resta seguir em frente. Ficar parado remoendo a culpa só vai lhe trazer prejuizos emocionais.
 
SE PERMITIR acertar da próxima vez. Digo isso porque em geral a pessoa culpada sente que merece ser punida e isso é uma bola de neve que traz pelo caminho não só a auto punição, mas a auto-sabotagem e a auto-destruição. Tudo isso vem com um pensamento frequente: “Eu não mereço ser feliz, pois fiz alguém sofrer”.
 
Então, será que dá para tentar começar a perdoar a si mesmo? Espero que sim!