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terça-feira, 17 de abril de 2012

Briga entre irmãos


          As constantes brigas entre irmãos tem preocupado você? Então saiba que você não está sozinho e que a hora para fazer algo em relação a isso é agora. Os irmãos ciumentos, que se veem como rivais, podem ter dificuldades para se relacionar com outras pessoas na sua vida adulta, pois a rivalidade entre irmãos pode não terminar na infância.

         Você quer saber como a rivalidade entre os seus filhos está afetando as suas crianças? Você sente que perdeu o controle sobre o que acontece entre eles? Saiba que é possível administrar de maneira saudável esta situação. Vamos começar pelo entendimento deste cenário e depois conhecer algumas maneiras de ajudar esses pequenos a ter um bom relacionamento entre eles.

         A maioria das crianças se ajusta rapidamente a um novo irmão ou irmã. No entanto, geralmente existe uma rivalidade entre irmãos, isso é comum e compreensível. Quando o bebê nasce, a criança mais velha pode vir a se sentir “destronada” ou deslocada. Os pais geralmente dedicam boa parte de sua atenção para o novo integrante da casa. Os pais agora irão dividir sua atenção entre dois ou mais filhos. E o novo bebê freqüentemente recebe a maior parte dela, devido ao seu estado vulnerável.
       
         Os pais passam a ter menos tempo para seus filhos mais velhos e tanto a qualidade e quantidade de suas interações podem diminuir. Os irmãos mais velhos são propensos a notar a diferença e a se sentir deslocados. O novo bebê se torna um rival pela atenção dos pais. Isso pode definir as bases para a rivalidade entre irmãos.
Além disso, a rivalidade entre irmãos na infância também pode definir o cenário para a rivalidade entre os mesmos quando adultos. Conheci adultos que continuavam a se sentir ameaçados pelos irmaõs. Este é um comportamente mais comum do que imaginamos.

          A idade é um fator relevante na briga entre irmãos. Esta costuma ser mais intensa entre as crianças mais jovens e na adolescência, por eles se tornarem mais independentes, a rivalidade geralmente diminui.

          As crianças pequenas são as mais susceptíveis na luta por posses. Elas disputam qual programa de televisão querem assistir, brigam pelo brinquedo, pela brincadeira, etc. Tudo pode vir a ser uma batalha constante. Mas isso não acontece apenas com crianças pequenas. Pré-adolescentes também se ressentem com um irmão mais novo, principalmente quando eles percebem que os pais favorecem o(a) filho(a) mais novo(a). Eles podem se sentir injustiçados.

          Hoje eu presenciei uma cena típica de provavel futura rivalidade entre irmãos. Eu estava tomando um café num local público e na mesa na minha frente tinha uma mãe com um lindo menininho de uns 2 anos e meio e uma bebê de colo (que tinha aproximadamente uns 3 meses de idade). A mãe estava chateada com o menino porque ele derramou o copo com suco sobre a mesa. Ela estava visivelmente irritada com o pequeno e ao mesmo tempo dava muitos beijinhos no bebê que ela carregava no colo. Pude observar o quanto o pequeno se incomodava com a situação. Ele se irritava toda vez que a mãe não lhe dava atenção e dava atenção à sua irmã. Tentou obter a atenção da mãe de todas as maneiras possíveis, mas não teve sucesso. Por ser muito pequeno, o garotinho não conseguia comprender a situação como de fato ela era. No seu entendimento a mãe dava carinho e atenção para a irmã e não para ele. Reflita: Se você fosse aquele menininho, como se sentiria? O que pensaria e sentiria sobre a sua irmã mais nova? O que pensaria sobre a sua mãe? Pensar como uma criança pode ajudar você a compreender o universo delas.

           Conflito entre irmãos costuma ser mais intenso com crianças em torno de 2 anos de idade ou menos. Isto provavelmente acontece porque crianças com idades semelhantes dependem de quantidades similares de atenção e apoio de seus pais. Com o passar dos anos, isso tende a diminuir e muitas vezes os irmãoes mais velhos assumem uma prestação de cuidados ou o papel de protetor do irmão mais novo.

           Bem, agora que entendemos um pouco sobre o porque dessa rivalidade acontecer, vamos ao entendimento sobre como ajudar os nossos filhos durante essa fase.
Como ajudar uma criança mais velha a ajustar-se com um novo irmão?
1. Talvez a coisa mais importante que os pais podem fazer é envolver a criança mais velha antes e depois do nascimento do bebê. Por exemplo:
  • Antes do nascimento do novo bebê incentive os filhos mais velhos para fazer parte do evento. Envolva-os na preparação para a chegada do bebê (preparar as roupinhas, os enfeites do quarto, etc)
  • Leia livros infantis adequados à criança sobre a chegada de um novo irmão ou irmã.
  • Depois que o bebê nascer continue a envolver os irmãos mais velhos. Peça-lhes para ajudar com o bebê. Incentive-os a tomar consciência dos sentimentos do bebê e suas necessidades, peça para ajudá-la a confortar o bebê quando ele estiver chorando.
2. Atenda as necessidades da criança mais velha.
  • Tente não ignorar seus filhos mais velhos enquanto você cuida do novo bebê.
  • Lembre-se do tempo que você dedicava ao seu filho mais velho antes do bebê nascer. Continue mantendo esse momentos especiais, arranje tempo para estar a sós com o filho mais velho. Dedique-se a ele também.
  • Mantenha rotinas com o filho mais velho e sempre lhe dê amor e atenção.
3. Esteja atenta para os sinais de ciúmes, pois muitas vezes ele está na raiz da luta entre irmãos.
Os sinais de ciúme em uma criança que se sente deslocado pelo novo bebê incluem:
(a) Preocupações comportamentais:
  • Mudanças no comportamento
  • Tende a ser mais exigente
  • Passa a ser mais dependente, apegando-se demasiadamente aos pais
  • Passa a lamentar-se com mais frequência
  • Alterações de humor, crises de birra ou irritabilidade
  • Problemas para comer, dormir e para cumprir as rotinas ao banheiro.
(b) Comportamentos difíceis e provocação de dor no bebê ou irmão mais novo:
  • Provocação excessivas ou dizer coisas desagradáveis ​​sobre o bebê.
  • Pode ser agressivo ou machucar o bebê (por exemplo beliscar, dar tapas)
  • Com crianças mais velhas os sinais de ciúme e rivalidade pode incluir o uso de palavrões, gritos, chutes e socos.
Você pode intervir na luta entre irmãos?
Sim, você pode e deve fazer isso! Os pais podem ajudar seus filhos a lidar mais eficazmente com o conflito entre seus filhos. Estes incidentes podem ser uma grande oportunidade para ensinar as crianças a conviver com os outros e a resolver conflitos. O combate entre irmãos pode ser uma oportunidades para aumentar a competência social e psicológica da criança, assim como ajudá-los a desenvolver a inteligência emocional. Use a briga entre seus filhos para ensinar-lhes a resolver conflitos, para resolver problemas, afirmar-se, lidar com sentimentos negativos e desenvolver a empatia.

             A permanência destes comportamentos inadequados podem contribuir para os futuros comportamentos e problemas sociais em crianças na escola e na comunidade.


Erros comuns que os pais costumam cometer:
  • Ignorar a rivalidade e encará-la como normal
  • Deixar de ensinar as crianças a resolver problemas e conflitos com seus irmãos
  • Deixar de desenvolver nos seus filhos as habilidades para resoluções adequadas de conflitos
  • Continuar favorecendo uma criança em detrimento da outra
  • Exigir demais de uma criança mais velha, em comparação com o mais novo
  • Culpar uma criança mais velha pelos eventos ocorridos, argumentando que ela por ser mais velha deveria saber e entender melhor a situação
  • Dar carinho e atenção excessivos para a criança mais nova e menos para a mais velha
  • Deixar de manter uma relação de carinho e proximidade com seus filhos mais velhos após o nascimento do novo bebê
  • Deixar de ensinar as crianças a resolver problemas, controlar e entender a raiva e a lidar com seus sentimentos.
  • Consistentemente culpar uma criança pelos problemas com os irmãos, e não permitir a essas a oportunidade de se justificar
Agora que você já entende porque as brigas entre irmãos acontecem e já conhece algumas prováveis soluções, use a situação de uma maneira positiva e veja essa experiência como uma oportunidade para educar de maneira saudável os seus filhos.
Abraços,
Lila

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bullying através da internet

Em outros posts, já escrevi sobre o tema Bullying nas Escolas (ver arquivos de agosto de 2009 e maio de 2010). Neste, venho falar sobre outra forma de bullying que a maioria dos pais não conhece:
O “cyberbullying” ou bullying online. Trata-se de uma forma de violência psicológica propagada através da internet.
Sabemos que a internet pode ser uma ferramenta de pesquisa maravilhosa, mas não é tão positiva como algumas pessoas que a usam. Infelizmente o bullying encontrou uma nova casa na internet que permite ao bullies perseguirem as suas vítimas em seus próprios lares.

O que é Cyber Bullying?
Essencialmente Cyber bullying é o mesmo que Bullying, mas ele pode ocorrer via telefone, e-mail ou sites de conversação. Por esses meios, os valentões provocam, insultam e ameaçam as suas vítimas. O Cyber bullying pode ser tão simples como uma brincadeira ou grave como ameaças. É muito comum vermos postagens embaraçosas como fotos, boatos e provocações. Este tipo de bullying provoca um impacto maior do que os ocorridos dentro das escolas, pois a vítima não pode escapar às provocações mesmo em seu próprio quarto.

Seu filho está sendo intimidado?
As crianças e adolescentes vitimas de bullying online geralmente não contam para ninguém. É um sofrimento silencioso que precisa de atenção e solução imediata. Então, como podemos saber se o nosso filho está sendo vítima de cyberbullying?

Esta lista de verificação de sintomas pode ajudar
- O seu filho parece relutante em usar o computador ou verificar suas mensagens?
- Parece nervoso ou ansioso quando verifica e-mails ou mensagens de telefone?
- Parece infeliz, depois de ter usado o computador ou o telefone?
- Eles estão tendo problemas para dormir ou vem tendo pesadelos?
- É um sofrimento ir para a escola?
- Eles estão evitando socialização com os amigos fora da escola?

A sua criança está praticando o cyberbullying?
Todos os pais odeiam pensar que seu filho pode estar sendo intimidado, mas também é difícil reconhecer um comportamento de bullying nos próprios filhos. Se o seu filho é um bully do cyber você precisa primeiramente admitir esta possibilidade para poder ajudá-lo.

Como você pode identificar e combater este tipo de comportamento do seu filho?
Primeiro passo é observar o comportamento dele e o mundo que o cerca. A maioria dos praticantes de Cyberbullying tem várias contas de e-mail e podem ter mais de um celular. Os e-mails e telefones serão ambos registrados em nomes de outras pessoas. O Cyber bullie vai usar o computador com freqüência, e geralmente exibe entusiasmo pelo que está fazendo online. Se você passa pelo seu filho enquanto ele está no computador e este tenta esconder o que está fazendo trocando de tela ou minimizando o seu navegador de internet, então eles estão escondendo algo de você. A maioria dos bullies Cyber vão ser evasivos sobre o que estão fazendo na net. Uma proposta de solução para identificação do que está acontecendo quando você vira as costas, é instalar um software que monitora o uso do seu filho na internet. Consulte um técnico para isso. Atenção, para alguns só o fato de estarem sendo monitorados já inibe este tipo de comportamento, para outros pode apenas empurrar o comportamento para fora de casa ou para um telefone secreto sobre os quais você tem menos acesso e controle.

Se você acredita que seu filho é praticante de cyberbullying é sua responsabilidade ajudá-lo a sair disso e a resolver o seu problema de comportamento. Cyber bullying pode ter consequências extremas que provavelmente ele (a) não pensou. Torne-o consciente de seus atos e do impacto de suas ações para si e para o outro. Pesquisas no mundo inteiro mostram que muitas vítimas de cyberbullying desenvolvem algum tipo de transtorno emocional e muitas vezes podem vir a cometer suicídio.

Vocês já ouviram falar do Formspring? Caso não, fiquem atentos a esse tipo de rede social bastante nova, mas muito utilizada por adolescentes no mundo inteiro. Este site permite aos usuários uma interação anônima. Todos podem enviar perguntas, comentários e ameaças para quem está cadastrado na rede. O site tornou-se um parque de diversão para o cyber bullie. É uma combinação perigosa entre anonimato e hostilidade.

Muitos pais optam que seus filhos não tenham acesso à internet na privacidade do seu quarto, já que isso impede a monitorização. Mas também não adianta “cortar o mal pela raiz”, impedindo que os filhos tenham acesso à Internet. Esta medida pode, inclusive, ser contraproducente, já que potencia o conflito entre pais e filhos.

A grande maioria das crianças e adolescentes tem hoje um contacto regular com a Internet. Para muitos desses jovens, este meio de comunicação é imprescindível. Para muitos, quase não dá para viver sem o computador. Há 20 ou 30 anos atrás os jovens “lutavam” para poder ir à casa dos amigos ou ficarem horas ao telefone, hoje é a Internet que potencia o contacto entre amigos e colegas de escola. O que precisamos fazer é cuidar para que o uso da internet traga benefício aos nossos filhos e não problemas.
Abraços,

terça-feira, 15 de junho de 2010

Expressando a Raiva

Todos nós já vimos uma criança com raiva. Se você ainda não viu uma, espere até ter um filho... Elas não estão nem um pouco preocupadas em esconder esse sentimento. Quando estão iradas a fisionomia, postura corporal, o tom de voz e os gestos mudam. Aquele anjinho vira uma fera. O primeiro impulso delas é bater, chutar e gritar.

A raiva é importante e natural, mas não podemos permitir que nossos filhos saiam batendo em todo mundo que encontram pela frente em um acesso de raiva. Eles precisam saber diferenciar entre raiva e violência. Violência é a raiva que saiu errado.

Então como podemos ajudar os nossos filhos a estarem confortáveis com esse sentimento?

Costumo dizer que a raiva tem voz e uma razão. Estimule a criança a dizer em voz alta que está com raiva e por que. Ex: “Eu estou com raiva de você porque não me deixou brincar no computador!”. Entender a raiva e um treino e pode levar algum tempo, então tenha paciência e persistência.

Quando as crianças não conseguem dizer o motivo da raiva, você pode dar uma ajudinha. Ex: “Você acha que eu cheguei tarde demais do trabalho hoje? É por isso que está chateado?”

Escute a raiva de seus filhos. Entenda que eles não querem lhe desafiar e nem medir forças, querem apenas ser ouvidos, compreendidos.
Certo dia meu filho ficou muito bravo comigo porque eu não queria deixá-lo fazer algo que me parecia perigoso. Ele muito irritado gritou: “Vou embora dessa casa e não volto mais!” Penso que ele queria me dizer: “Estou com muita raiva de você, principalmente quando não me deixa fazer o que eu quero. Deve ter um lugar melhor para morar” (ou algo assim). Diante daquela fala percebi que precisávamos conversar e deixar algumas coisas esclarecidas. Abaixei-me na altura de seus olhos e lhe disse: “Se você for embora desta casa eu irei junto, pois você é muito importante para mim e vou sentir a sua falta”. Ele me abraçou e chorando disse: “Mas mamãe, você não me deixa brincar”. Conversamos sobre o que aconteceu e naquele momento tudo ficou bem. Mas, não pensem que a cena não se repetiu (Lembram que entender e expressar a raiva é um treino?). Houve outras situações onde ele ficou com raiva e não soube se expressar. Hoje em dia, ele já consegue dizer: “Estou com raiva por (tal motivo)”.

Você é o melhor modelo a seguir para seus filhos, então seja bom nisso. Dê o exemplo! Filhos aprendem melhor sobre a raiva quando tem pais expressivos, muito mais do que com pais sempre contidos. As crianças precisam saber que seus pais são humanos. Quando você estiver com raiva, expresse isso a elas sem insultá-las ou maltratá-las, é claro. Diga as razões da sua raiva e use o tom de voz firme. Ex: “Estou brava com você porque não cumpriu o nosso acordo”. Expressar as nossas emoções de maneira saudável vai nos ajudar a educar os nossos filhos com respeito, empatia e amor.

Abraços,
Lila

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Por que os adolescentes ficam tão irritados?


Gosto de observar pessoas e a minha profissão me encoraja a fazer isso, mas gosto de observá-las principalmente por ser muito interessante. As crianças e os adolescentes têm uma atenção especial nas minhas observações, pois eles me surpreendem. As crianças são leves e espontâneas, elas de fato não se preocupam com quem está por perto, diferentemente dos adolescentes que parecem estar sempre querendo dizer algo para todos, sejam através de suas roupas, gestos, falas, posturas ou humor. Ah, o humor, quase todo mundo conhece ou vai conhecer um adolescente irado, pois quase todos expressam a sua ira em algum momento do seu crescimento como ser humano. Para eles, este é um poderoso meio de comunicação dos seus sentimentos, mas em geral ela é assustadora para os pais e as demais pessoas que convivem com o jovenzinho.

Quando observo os jovens, acabo refletindo sobre os lares de onde eles vêem, é como se eu pudesse afirmar quais vêem de lares estruturados e cuidadosos e quais vêem de lares conflitantes e desorganizados. Mas, quando os observo com mais detalhe e fito os seus olhos, toda aquela minha confiança vai embora. Mesmo porque conheço adolescentes rudes que tem pais com o coração de ouro e outros calados, retraídos que tem uma família que faria qualquer um estremecer.

Os pais sempre perguntam: “É normal um adolescente sentir tanta raiva?”. Pasmem, mas a resposta é “Sim”. Todos os adolescentes experimentam esta emoção. Na verdade o adolescente deve sentir-se zangado, pois sem essa expressão emocional, seus sentimentos negativos ficariam sufocados dentro de si e poderia prejudicá-lo físico, emocional e espiritualmente. O que estraga é o excesso de raiva e o fato de não sabermos como lidar com ela.

Nós adultos ensinamos aos nossos filhos que a raiva é uma emoção negativa. Atrevo-me a afirmar que você já disse ao seu filho: “Você não pode falar nesse tom de voz comigo!”. Bem pelo menos eu já disse, pois temos uma necessidade de comunicar aos nossos filhos que as pessoas “más” é que ficam zangadas e as “boas” livram-se da sua raiva. É o que aprendemos e vamos repassando sem muita reflexão do que estamos fazendo.

Bem, dizer simplesmente aos nossos filhos que deixem a sua raiva de lado não adianta muito, precisamos ensiná-los a usar construtivamente este emoção. E como fazemos isso? Hoje pela manhã, tive um exemplo prático em casa de como podemos permitir que a raiva de nossos filhos se expresse, mas com consciência e responsabilidade. O meu pequeno de quatro anos e sete meses estava jogando no computador, ele têm um “pavio meio curto” e como não estava acertando a jogada, ele “espancou” o teclado do computador. Eu lhe disse: filho, assim o computador quebra e você não poderá jogar mais, porque não bate no colchão? Ele me olhou por um segundo e coitado do colchão, apanhou bastante. Bem, meu filho não é um adolescente ainda, mas sinceramente até lá espero que ele aprenda a lidar positivamente com toda a sua raiva.

Mas como podemos ajudar os nossos adolescentes irados? Quero começar pelo que “Não” devemos fazer, pois tais comportamentos somente aumentarão a ira: (Obs.: estas dicas servem para as crianças também)

- Não forcem o adolescente a pensar ou a agir de determinada forma;
- Não tirem dele objetos apreciados, esperando coagir o jovem a colaborar;
- Não diga que ele precisa pensar em maneiras construtivas de lidar com as suas emoções (quem está com raiva não pensa);
- Não use força física;
- Não o faça se sentir culpado para que se arrependa;
- Não use chantagem;
- Não retire o afeto para que ele aprenda a respeitar as suas emoções;
- Não dê sermões;

Então o que podemos fazer? Você deve estar se perguntando...
Convido vocês a compreendê-lo. Os adolescentes irados em geral, lançam a acusação: “Você não me entende!” quando começamos a entendê-los a cura começa a operar.

Muitos pais dizem que se compreenderem seus filhos eles vão achar que concordam com o que estão fazendo. Primeiro passo é realmente entender que compreender e concordar não são sinônimos, podemos compreender sem concordar. Os adolescentes sabem quando estamos fazendo isso. Por que muitas vezes o processo de terapia com adolescente é eficaz? Exatamente por que ele é compreendido, por mais que saiba que muitas vezes seu terapêuta não concorda com ele.

A raiva de um adolescente sempre tem uma fala por trás e fazermos realmente um esforço para compreendê-las é tentar efetivamente ajuda-los, sem a necessidade da força física, castigos ou argumentos sobre a vida e etc., pois eles pensam: esta não é a minha experiência, é a sua! E eles têm razão.

Eis algumas declarações que escuto desses adoráveis jovens:
- “Ninguém nota as minhas necessidades”, pode parecer exagerado, mas ele está pedindo para ser tratado com justiça. Eles se sentem desrespeitados.
- “Tenho vergonha do erro que cometi, mas como posso admitir sem levar sermão?” O embaraço vivido por uma experiência muitas vezes é disfarçado de ira. Eles não gostam de parecer fraco, mas quem gosta?
- “Eu perco o controle” Na adolescência provamos de uma independência que não tínhamos na infância e tememos perdê-la. É só lembrar de você adolescente, tenho certeza de que já passou por isso.
- “Eles acham que eu não sei tomar decisões” Eles estão tentando ganhar autoconfiança e maturidade e precisam ser assegurados por nós que podem ser capaz de tomar decisões e que isso é um aprendizado.
- “Eu não quero perder a minha juventude” Acho esta expressão muito significativa, principalmente quando vêem da boca de meninos e meninas de 13, 14 anos. Eles se referem ao aqui e agora, para eles a juventude está acontecendo e querem explorar o mundo. Precisamos ensiná-los a fazer isso com responsabilidade.

Não pense que a raiva do adolescente vai passar imediatamente só porque você o está compreendendo, as coisas não são tão rápidas assim. Quando você está com raiva, você se acalma imediatamente? Claro que não, não é? Você precisa de um tempo, até para a respiração se normalizar, o coração desacelerar, etc. Com o adolescente é da mesma forma. Então tente agir da seguinte maneira em momentos de crise de raiva do(a) seu(a) filho(a):

- Evite uma explosão de ânimos entre vocês, ou seja, evite brigas inúteis (na verdade elas sempre são inúteis), pois em uma discussão com um adolescente você pode ganhar uma batalha, mas você perde a guerra. Espere ele se acalmar para depois conversar.
- E nessa conversa foque a situação de maneira objetiva, sem sermões que eles simplesmente odeiam e não use a sua experiência de vida para dar exemplos do tipo, “Quando eu tinha a sua idade...” esse argumento só levará o adolescente a pensar que você não o entende e não entende nada.
- Repense na relação de vocês, o que ele pode estar dizendo por trás de tamanha raiva, esse é um grande passo para a compreensão. Uma dica: coloque-se no lugar dele, pensando “Se eu tivesse X idade o que eu queria dizer com isso?”.- Tenha mais tempo de qualidade com seu filho adolescente. Preocupamos-nos de fazer isso quando eles são pequenos, mas deixamos de lado quando eles crescem, porém as necessidades continuam, em formato diferente, mas estão aí. Eles querem a nossa atenção e o nosso respeito. É claro que não posso deixar de mencionar o amor, mas amar simplesmente não basta, o amor precisa estar associado a compreensão, paciência, comunicação e orientação positiva.

Penso que muitas vezes nos afastamos de nossos filhos quando eles crescem porque não sabemos lidar com o adolescente e adulto que existe dentro de nós. E quando nos vemos refletidos em nossos filhos, ficamos assustados e irados tanto quanto ou mais que eles. É como se estivéssemos com raiva de nós mesmos.

Estarei focando novamente este tema por aqui, pois ele é amplo e o considero importantíssimo para nós pais e para os nossos jovens.

O vídeo abaixo é de uma propaganda japonesa que foca a qualidade de tempo dos pais com os filhos. Reflita sobre como você está lidando com os seus.

Abraços;
Lila Rosana