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sábado, 19 de abril de 2014

A maldade humana - O caso do menino Bernardo

Foto retiradada internet
 
A morte do menino Bernardo Uglione Boldrini de 11 anos, tem me deixado reflexiva sobre as motivações humanas para a prática do mal. Tenho pensado em como nós seres humanos sofremos mutações ao longo dos anos. Mudamos a nossa essência primitiva e nos fragmentamos em diferentes e multiplas formas de ser, umas boas e outras nem tanto. Vou me deter a falar sobre o que poderia nos motivar a praticar o mal, a parte “ruim” que habita dentro de nós.
 
O nosso senso de certo e errado.
 
Sabemos que a nossa capacidade humana de distinguir o que é certo e errado é algo que pode ser aprendido e desenvolvido; porém os mais recentes estudos no cérebro, revelaram que o comportamento humano e a noção sobre o que é certo e errado, já nasce com a gente; ou seja, a espécie humana sofreu uma mutação natural e já vem com as informações sobre o senso moral no DNA. Contudo, não podemos deixar de considerar que o meio cultural em que estamos inseridos tem uma enorme influência sobre o nosso comportamento e decisões; assim não devemos confundir a nossa capacidade inata de distinguir o certo e o errado, com a decisão que tomamos de agir correta ou incorretamente. Então já que nascemos com o sendo moral de certo e errado, por que algumas pessoas decidem praticar o mal em detrimento do bem?
 
A ausência do bem pode estimular a prática do mal?
 
“O mal é a ausência do bem”. Essa frase sempre ecoou em minha mente, e já foi base de muitas conversas inteligentes em grupos de estudos.  Então supostamente a prática do mal acontece porque não exercemos a nossa nata capacidade de senso moral, do certo e errado? De uma maneira simples pode-se dizer que sim, mas a questão pode ser melhor aprofundada no momento em que paramos para pensar sobre as escolhas que fazemos. Quando decidimos fazer o bem, estamos escolhendo um caminho em detrimento do outro, e o contrário é verdadeiro. Voltando ao caso do pequeno Bernardo, os seus assassinos claramente escolheram fazer o mal àquela criança, e abriram mão da escolha de praticar o bem a ela, recusando de dar carinho, atenção e amor; ações básicas e necessárias para o desenvolvimento saudável de uma criança. O que poderia ter levado aqueles pais a escolher a má ação? Provavelmente seus interesses egocêntricos; a necessidade de atender unicamente a si mesmo foi o que importou. Pessoas extremamente individualistas focam apenas em si; perderam o que eu chamo de “estar consciente do outro e de si na vida”.
 
A presença da consciência faz a diferença em nossas ações.
 
Antes de tudo é importante ressaltar a diferença entre estar consciente e ser consciente. O primeiro faz uso da razão; é a nossa capacidade de pensar e entender o que vivemos ou pensamos. O segundo é uma maneira de ser, de estar no mundo; está relacionado a maneira como levamos a vida, e principalmente é a nossa maneira de estabelecer vínculos com as outras pessoas. Gosto de um termo que aprendi ainda na universidade: “A consciência transita entre a razão e a sensibilidade”. Então poderíamos dizer que a prática do mal é também a ausência da consciência? É claro que em apenas uma palavra não é possível explicar essa cruel, profunda e intrigante manifestação do ser humano; mas posso sim dizer que a ausência dela não gera bons frutos, pois o contrário, o estar consciente nos permite cuidar e amar os outros seres.
 
Mente doentia, a psicopatia.
 
Os casos de crimes frios e premeditados como o do menino Bernardo, me faz lembrar das perturbadas mentes psicopatas, as quais são destituídas de consciência. Na Classificação Internacional de Doenças, a psicopatia é denominada de “Transtorno de Personalidade Dissocial”, e como o nome diz, indivíduos com transtono dissocial apresentam dificuldade para conviver em sociedade, pois o que prevalece são seus interesses individuais. Os psicopatas são incapazes de estabelcer vínculos verdadeiros e de se colocar no lugar do outro, e seus crimes são calculistas e visam o seu o seu próprio benefício.  Para mim, os assassinos de Bernardo são genuínos psicopatas; que agiram com crueldade e sem compaixão, ou mesmo culpa ou remorso por terem ceifado a vida de uma criança.
 
Eles estavam conscientes de seus atos, pois a psicopatia não é um estado de loucura, que deixa o indivíduo fora de si e perdido em meio a crises mentais e emocionais; eles, como todo bom psicopata, usaram a inteligência para enganar e tirar do caminho quem os incomodava.
 
O estar consciênte não impede que uma pessoa pratique o mal, ela pode ter consciência do que faz e aceitar isso como uma ação necessária e digna de ser manifestada. O ser consciente sim, nós impede por exemplo de bater num filho em um estado de estresse ou raiva; nos impede de agredir alguém fisica ou verbalmente quando discordamos do que ela diz ou faz. O ser consciente nos coloca no lugar onde devemos estar, o de Ser Humano”.

domingo, 23 de maio de 2010

Transtorno de Conduta. O que é isso?

Quem assistiu ao filme Toy Story conhece bem o personagem de um garotinho chamado Cid. Ele destrói todos os seus brinquedos e os da sua irmã. Cid tem um dos comportamentos típicos de crianças e adolescentes com Transtorno de Conduta. Esses pequenos que se divertem com o sofrimento dos outros, seja um animal ou um amigo chamam a atenção pela agressividade exagerada e falta de empatia.

O que é o Transtorno de Conduta? - "É um padrão repetitivo e persistente de comportamento que viola regras sociais importantes em sua idade ou os direitos básicos alheios" (ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria)

Bem, nenhum menor de 18 anos pode ser chamado de psicopata, uma vez que sua personalidade ainda não está formada. Nesses casos, usamos o termo "Transtorno de conduta". Calma! Não quero dizer que as crianças com transtornos de conduta serão psicopatas no futuro, mas não posso deixar de ressaltar que esse transtorno revela um forte risco. Assim como nem toda criança com TC será um psicopata, mas todo psicopata sofria de TC.

Quando o comportamento de uma criança ou adolescente deve nos preocupar?
Quando mentem ou furtam com frequencia, desrespeitam regras constantemente, maltratam animais ou a outras crianças e demonstram agressividade excessiva. É claro que certo grau de malvadeza é aceitável na infância e adolescência, pois faz parte do desenvolvimento. Vamos dar um desconto! Até mesmo porque o TC é caracterizado pela repetição, e não por atos isolados. Eles podem vir acompanhados de hiperatividade e déficits graves de atenção.

Costumo dizer que não devemos cobrar nada de ninguém que a idade não permita. Por isso, não exija capacidade de julgamento (consciência do que pode ou não fazer) ou analise de limites de crianças menores de 7 anos. Somente a partir desta idade é que essa capacidade se desenvolve. Por exemplo: Quando um menino de 6 anos coloca o gato no microondas, ele não sabe o risco que está expondo o animal, mas um menino de 8 anos sabe. É claro que existem exceções em relação a idade como no famoso caso da menina inglesa de 2 anos chamada Mary Bell (1968). Já nesta idade era muito diferente de qualquer outra criança. Nunca chorava quando se machucava e destruía todos os seus brinquedos. Aos 4 anos precisou ser contida ao tentar enforcar um amiguinho na escola. Aos 5 anos, viu um colega sendo atropelado e não demonstrou nenhuma reação emocional. Depois da alfabetização, ficou incontrolável: pichava paredes na escola, incendiou a sua casa e maltratava animais. Aos 11 anos, Mary matou por estrangulamento dois meninos (3 e 4 anos) sem dó e piedade. Antes de ser julgada, Mary foi avaliada por psiquiatras e psicólogos e teve como diagnóstico um gravíssimo transtorno de conduta. Mary foi um caso clássico e raro de psicopatia na infância. Muitos psicopatas sofreram abuso na infância, seja físico, sexual ou psicológico. O caso citado reuniu todos os fatores.

O que torna uma criança com tendência a psicopatia?
Existem três fatores de risco: a predisposição genética, um ambiente hostil e possíveis lesões cerebrais no decorrer do desenvolvimento. Esses fatores não atuam sozinhos, eles precisam de terreno fértil. Quando a criança se encontra em um ambiente hostil, violento e com carência de afeto, os sintomas podem se manifestar.
Até então, não se conhece a cura para a psicopatia em adultos, no entanto existe a chance de mudar o comportamento de crianças com o transtorno de conduta e evitar que se tornem transgressores mais tarde.

Um abraço,
Lila
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Fonte & Sugestão de Leitura:
Gritos no vazio - A história de Mary Bell - Gitta Sereny. Editora: Gutenberg
Teorias da Personalidade - Howard S. Friedman & Mirian W. Schustack