Normalmente a nossa perspectiva sobre a "mudança" é desenvolvida com base em eventos marcantes na vida, como a perda de um emprego, um movimento em todo o país, um casamento ou divórcio, o nascimento de uma criança ou de um grave problema de saúde. Mas a maior mudança é sutil e acontece durante um período de tempo, por isso, na verdade, leva um pouco de prática para percebermos as coisas e as pessoas que estão mudando ao nosso redor.
Quantas pessoas já passaram por separações conjugais sem perceber que o(a) parceiro(a) havia mudado? Inúmeras. O relato é sempre o mesmo: “Não percebi que você não me amava mais”. A vida pode passar por nós sem que tomemos consciência dela.
Muitas vezes pensamos ter controle sobre as nossas vidas, mas na verdade não temos. Fazemos planos para daqui a um mês, um ano ou dez, mas não sabemos o que vai acontecer no minuto seguinte. Se pararmos para pensar na constante surpresa que é a vida, vamos nos deparar com um universo de possibilidades que desconhecemos.
Outras mudanças são bruscas e nos tiram o chão. Quem já leu o livro “O ano do pensamento Mágico” da autora Joan Didion vai compreender sobre esse tipo de mudança. Algumas vezes pessoas que amamos saem das nossas vidas sem aviso prévio e nunca mais tornamos a vê-las. A morte provoca esse tipo de mudança.
Existem as mudanças físicas, aquelas que começam inevitavelmente a aparecer com o decorrer do tempo. Crianças que dão um salto de crescimento do dia para a noite e adultos que acordam com cabelos brancos. Vamos envelhecendo e por mais que não queiramos pensar muito sobre isso ou que usemos os recursos que a tecnologia nos oferece, não evitaremos a ação do tempo sobre nossos corpos.
Falo também sobre a mudança de pensamentos. E que bom que ela existe, pois nos permite pensar e perceber a vida de maneiras diferentes a partir do momento em que assumimos que nossos pensamentos e crenças não são fixos. Como já diz a velha frase de Thomas Dewar: “A mente é como um paraquedas, só funciona quando aberto”.
E não posso deixar de mencionar a mudança entre gerações. Como é nítido perceber que o tempo correu entre elas e que muitas coisas novas apareceram durante o salto de uma para a outra; porém mesmo que todos reconheçam que essas mudanças aconteceram, acontecem e continuarão acontecendo, ainda é possível ouvir frases do tipo: “No meu tempo não era assim”. Claro que não era, pois mudou.
Muitas pessoas dizem: “Precisamos estar preparados para as mudanças”; mas como estar preparados para algo que desconhecemos? Pois não sabemos como, em que, quando e de qual maneira algo ou alguma coisa vai mudar, certo? Talvez precisemos estar conscientes que nada é para sempre, que tudo move, se transforma e assume outra forma. Essa maneira de pensar pode nos gerar angustia ou consolo, depende de como reagimos aos pensamentos de mudança. Quanto mais desejamos ter controle sobre a vida, mais as mudanças gerarão angustia e ansiedade; quando nos entregamos a esse processo natural da vida, podemos nos tornar mais receptivos para o que a vida tem a nos oferecer, seja o que for.
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