Muito além de uma simples foto tirada de si mesmo, o viciado em selfie (a tendência de tirar fotos pessoais através dos smartphones) busca aprovação e reconhecimento através de suas fotos.
Os que postam esse tipo de foto, buscam obter o reconhecimento público e sentem-se frustados ou motivados de acordo com o números de comentários e curtidas em suas fotos.
As redes sociais estão cheias deles, e o comportamento tem chamado a atenção de estudiosos da saúde mental, pois pode estar diretamente relacionado a problemas de saúde mental, tais como depressão, obsessão ou mesmo paranóia.
Os adolescentes mostram maior tendência ao vício, mas a coisa não para neles: adultos que apresentam baixa autoestima, ou sentem-se envelhecendo e não aceitam bem o fato, tendem a postar muitos “selfies” em redes sociais também. Eles sentem a necessidade de reconhecimento social e da “afirmação”, vinda pelos elogios, de que continuam “belos e jovens”.
O que se observa é que as fotos 'selfies' tem tido um impacto emocional na vida das pessoas. A recompensa dos que as publicam, são os elogios e “likes” em suas fotos. Sem eles, os viciados em selfie, podem se sentir rejeitados pelos amigos ou familiares, afetando relações sociais e a autoimagem.
Existe também um comportamento compulsivo por trás da ação de postar muitos selfies, e eles podem gerar outros disturbios mentais como o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC - se refere a preocupação excessiva por um defeito corporal mínimo ou por defeitos corporais imaginários) e o TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo – refere a repetição de um comportamento e obsessão de pensamentos).
Isto é simples de entender: se fazemos algo e encontramos uma pequena recompensa, voltaremos a repetir a ação. A recompensa dessa ação seria a aceitação social. Alguns contentam-se obtendo poucos 'likes', outros necessitam atingir o máximo que puderem e ficam "viciados" neste reconhecimento social.
A pessoa que não atingir a quantidade de apoio esperado, invariavelmente irá optar por publicar uma nova foto 'selfie'. Se a resposta continuar a ser negativa isso poderá afetar a autoconfiança ou criar pensamentos negativos sobre si mesmo.
Confira os sintomas:
- Você presta demasiada atenção às suas fotografias publicadas?
- Controla quem as vê ou a quem agrada ou comenta?
- Entra inumeras vezes online nas redes sociais para conferir as vizualizações de suas fotos?
- Fica ansioso com a esperança de atingir o maior número de 'likes'?
- Caso não atinja o reconhecimento desejado, deleta a sua foto?
- Você tira inumeras fotos de si mesmo em várias situações e lugares e as posta nas redes sociais?
- Perdeu a motivação por outras atividades e tem estado demasiadamente preocupado com a aparência?
- Perdeu a noção do “bom senso” do que é público e privado e publica fotos “selfies” em situações como: ao acordar, no banho, tomando café, etc?
Um caso clínico
Um jovem britânico de 19 anos tentou cometer suicídio depois que ele não conseguiu obter o “selfie perfeito”. Danny Bowman ficou tão obcecado em capturar a foto perfeita, que passou 10 horas por dia tirando fotos de si mesmo. Ele perdeu quase 30 quilos, abandonou a escola e não saiu de casa por seis meses em busca da sua imagem perfeita. Logo ao acordar, ele já tirava umas 10 fotos suas.
Frustrado em suas inúmeras tentativas, Bowman, eventualmente, tentou tirar a própria vida por uma overdose, mas foi salvo por sua mãe. Ele disse: "Eu estava constantemente em busca da foto perfeita e quando eu percebi que eu não poderia obté-la eu queria morrer. Perdi meus amigos, meu ano letivo, minha saúde e quase a minha vida ".
Uma das maneiras de evitar cair no vício é estar atento aos sintomas e perguntar a si mesmo, antes de publicar uma foto selfie, o porquê de estar fazendo isso. Escute as respostas, elas darão a você uma boa noção do que é bom senso ou do que ultrapassa a barreira do estranho e sem sentido. Caso você sinta que a situação está ficando fora de controle, procure ajuda médica.
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