As crianças possuem algo de mágico. Elas são capazes de transformar qualquer coisa em arte, beleza e amor. A espontaneidade é surpreendente e a sinceridade que permeiam as suas ações, mais ainda. Para mim, todas são merecedoras de muito carinho e amor. Mas porque os pais nem sempre tratam bem os seus filhos?
Pare por um momento e observe os pais com seus filhos. Sempre faço isso e vejo cada cena de arrepiar. Certo dia em um shopping da cidade, vi um pai aos berros com uma menina de no máximo cinco anos. Ela queria continuar brincando e estava chorando contrariada por ter que ir embora; a mãe que segurava o braço da menina, quase a arrastava pelos corredores em direção ao elevador, o pai com o dedo em riste e com uma postura corporal que até eu ficaria amedrontada, tentava dar "lições" à filha de como ela deveria se comportar e ressaltava a sua desobediência e teimosa. Que irônico! A menina assustada colocou as mãos nos ouvidos para não ouvir as "doces" palavras vindas dos pais e recusava-se a entrar no elevador com os dois.
O que acontece então com os pais? Eles não amam os seus filhos? Ou não aprenderam a amar direito? Particularmente gosto de uma psicoterapeuta e escritora suíça chamada Alice Miller que escreve sobre abusos sofridos na infância. Sobre esse assunto, ela diz: "Qualquer pessoa que maltrata os filhos foi ela mesma gravemente traumatizada na infância... não há outro motivo para os maus-tratos às crianças senão a repressão das lembranças dos maus-tratos e da confusão sofrida pelo próprio agressor". Então, como um adulto maltratado na infância pode superar as experiências dolorosas e conseguir dar a seus filhos mais amor do que ele mesmo recebeu? Será que essas crianças, ao se tornarem adultas, estão fadadas a reproduzir um ciclo interminável de raiva, agressão e retaliação? Ou existem meios de se interromper esse ciclo e aprender maneiras empáticas e sensíveis de tratar bem os seus pequenos? A boa notícia é que embora os pais que ferem tenham sido eles mesmos feridos na infância, a perpetuação desse modelo não é inevitável. Algumas crianças que foram maltratadas crescem determinadas a dar a seus próprios filhos a infância que não tiveram.
Uma coisa é certa: apenas a vontade de cuidar bem de seus filhos não é suficiente. É preciso antes de tudo se cuidar; saber onde e quais são as suas feridas infantis. Após a tomada de consciência, o segundo passo nessa direção é o adulto aprender a se relacionar com os filhos de um modo diferente, que talvez ele raramente ou nunca tenha presenciado em sua própria infância. Aprender a tratar os filhos com dignidade e respeito é um aprendizado!
O Dr. Elliot Barker, Diretor da Sociedade Canadense para a Prevenção da Crueldade contra as Crianças, recomenda quatro medidas fundamentais para os futuros pais e mães criarem filhos emocionalmente saudáveis, independentemente de quão inadequada tenha sido a sua própria criação.
1) Um bom nascimento: se o pai e a mãe estiverem presentes ao nascimento e essa experiência for boa, é mais provável que os pais se apaixonem por seu bebê. O trabalho duro de cuidar do filho vai parecer bem mais leve, pois os pais estarão encantados com a maravilha que é o seu bebê. A paixão começa ou se renova aí!
2) Amamentar no peito por um período prolongado: A amamentação mantém apaixonada a mãe pelo filho. Amamentar durante meses ou anos contribui para que a relação entre eles sobreviva a tempos difíceis, que de outro modo poderiam causar separação e distanciamento emocional.
3) Períodos mínimos de separação e qualidade no modo de tratar a criança: De acordo com o pediatra William Sears, só os pais estão perfeitamente sintonizados com as necessidades da sua criança. Afastar-se em momentos difíceis priva a criança de seu apoio mais valioso e também priva você de uma oportunidade de fortalecer sua amizade. Os bebês aprendem a suportar suas necessidades insatisfeitas, mas ao custo de um rebaixamento da auto-estima e da capacidade de confiar.
4) Planejar o espaçamento de nascimento entre os filhos: cuidar bem de uma criança de menos de três anos exige de pais bem intencionados uma quantidade enorme de tempo e energia. Planejar o espaçamento entre os filhos é importante para os pais não se exaurirem tentando cumprir a tarefa dificílima de atender às necessidades emocionais de filhos com pouca diferença de idade.
Essas quatro medidas atingem profundamente toda a família. Não só estabelecem a capacidade de amor e confiança do filho como também ajudam os pais a curar as feridas da sua própria infância. Criando um forte vínculo de amor e confiança entre pais e filhos, essas medidas podem deter o ciclo de maus-tratos em uma geração.
Crianças cuidadas com amor, carinho e respeito crescem com a convicção profunda de que é errado ferir outro ser humano. É o desenvolvimento da empatia!
Viver em um ambiente de honestidade, respeito e afeição torna praticamente impossível qualquer pessoa vir a ter impulsos de judiar de alguém mais fraco, pois ela aprendeu desde muito cedo que é correto e bom proteger e ajudar todos os seres. Esse é um aprendizado que ficará gravado em sua mente e em seu corpo e valerá pelo resto de sua vida.
Infelizmente muitos pais ignoram essas quatro medidas fundamentais. Pais agressores, que nunca receberam eles mesmos amor e confiança incondicionais, podem ter dificuldade em encontrar um modo diferente de se relacionar com os próprios filhos. O quê se pode fazer por essas famílias? Muitos estudiosos e cuidadores que se empenham na causa infantil, acreditam que mudanças na legislação poderiam obrigar os pais a "resolver o seu passado" se a lei não permitisse mais que as crianças fossem usadas como bodes expiatórios. Na Escandinávia as leis protegem as crianças dos maus tratos, não só agressão física e abuso sexual, mas também surras e intimidação. Essas leis não implicam em penalidades; elas têm como objetivo despertar a consciência das pessoas para as necessidades e direitos legítimos das crianças.
É comprovado que o ciclo dos maus-tratos pode ser interrompido com o tratamento amoroso das crianças. Faço um pedido àqueles profissionais que atendem a famílias, aos pais e a todos que tenham acesso a crianças abusadas, que enfatizem as quatro medidas de empatia entre pais e filhos, pois enquanto não temos uma mudança na legislação brasileira em prol das crianças, é o mínimo que podemos fazer por elas.
Felizmente a capacidade de amar e confiar, uma vez incutida na criança, passa de geração em geração tão facilmente quanto passam a desconfiança e a crueldade. As feridas cicatrizam e não precisam ser reproduzidas, desde que não sejam ignoradas. É perfeitamente possível estar aberto para a mensagem que nossos filhos nos passam e que pode nos ajudar a nunca mais destruir a vida e sim protegê-la e permitir que ela floresça.
Abraços,
Lila
Pare por um momento e observe os pais com seus filhos. Sempre faço isso e vejo cada cena de arrepiar. Certo dia em um shopping da cidade, vi um pai aos berros com uma menina de no máximo cinco anos. Ela queria continuar brincando e estava chorando contrariada por ter que ir embora; a mãe que segurava o braço da menina, quase a arrastava pelos corredores em direção ao elevador, o pai com o dedo em riste e com uma postura corporal que até eu ficaria amedrontada, tentava dar "lições" à filha de como ela deveria se comportar e ressaltava a sua desobediência e teimosa. Que irônico! A menina assustada colocou as mãos nos ouvidos para não ouvir as "doces" palavras vindas dos pais e recusava-se a entrar no elevador com os dois.
O que acontece então com os pais? Eles não amam os seus filhos? Ou não aprenderam a amar direito? Particularmente gosto de uma psicoterapeuta e escritora suíça chamada Alice Miller que escreve sobre abusos sofridos na infância. Sobre esse assunto, ela diz: "Qualquer pessoa que maltrata os filhos foi ela mesma gravemente traumatizada na infância... não há outro motivo para os maus-tratos às crianças senão a repressão das lembranças dos maus-tratos e da confusão sofrida pelo próprio agressor". Então, como um adulto maltratado na infância pode superar as experiências dolorosas e conseguir dar a seus filhos mais amor do que ele mesmo recebeu? Será que essas crianças, ao se tornarem adultas, estão fadadas a reproduzir um ciclo interminável de raiva, agressão e retaliação? Ou existem meios de se interromper esse ciclo e aprender maneiras empáticas e sensíveis de tratar bem os seus pequenos? A boa notícia é que embora os pais que ferem tenham sido eles mesmos feridos na infância, a perpetuação desse modelo não é inevitável. Algumas crianças que foram maltratadas crescem determinadas a dar a seus próprios filhos a infância que não tiveram.
Uma coisa é certa: apenas a vontade de cuidar bem de seus filhos não é suficiente. É preciso antes de tudo se cuidar; saber onde e quais são as suas feridas infantis. Após a tomada de consciência, o segundo passo nessa direção é o adulto aprender a se relacionar com os filhos de um modo diferente, que talvez ele raramente ou nunca tenha presenciado em sua própria infância. Aprender a tratar os filhos com dignidade e respeito é um aprendizado!
O Dr. Elliot Barker, Diretor da Sociedade Canadense para a Prevenção da Crueldade contra as Crianças, recomenda quatro medidas fundamentais para os futuros pais e mães criarem filhos emocionalmente saudáveis, independentemente de quão inadequada tenha sido a sua própria criação.
1) Um bom nascimento: se o pai e a mãe estiverem presentes ao nascimento e essa experiência for boa, é mais provável que os pais se apaixonem por seu bebê. O trabalho duro de cuidar do filho vai parecer bem mais leve, pois os pais estarão encantados com a maravilha que é o seu bebê. A paixão começa ou se renova aí!
2) Amamentar no peito por um período prolongado: A amamentação mantém apaixonada a mãe pelo filho. Amamentar durante meses ou anos contribui para que a relação entre eles sobreviva a tempos difíceis, que de outro modo poderiam causar separação e distanciamento emocional.
3) Períodos mínimos de separação e qualidade no modo de tratar a criança: De acordo com o pediatra William Sears, só os pais estão perfeitamente sintonizados com as necessidades da sua criança. Afastar-se em momentos difíceis priva a criança de seu apoio mais valioso e também priva você de uma oportunidade de fortalecer sua amizade. Os bebês aprendem a suportar suas necessidades insatisfeitas, mas ao custo de um rebaixamento da auto-estima e da capacidade de confiar.
4) Planejar o espaçamento de nascimento entre os filhos: cuidar bem de uma criança de menos de três anos exige de pais bem intencionados uma quantidade enorme de tempo e energia. Planejar o espaçamento entre os filhos é importante para os pais não se exaurirem tentando cumprir a tarefa dificílima de atender às necessidades emocionais de filhos com pouca diferença de idade.
Essas quatro medidas atingem profundamente toda a família. Não só estabelecem a capacidade de amor e confiança do filho como também ajudam os pais a curar as feridas da sua própria infância. Criando um forte vínculo de amor e confiança entre pais e filhos, essas medidas podem deter o ciclo de maus-tratos em uma geração.
Crianças cuidadas com amor, carinho e respeito crescem com a convicção profunda de que é errado ferir outro ser humano. É o desenvolvimento da empatia!
Viver em um ambiente de honestidade, respeito e afeição torna praticamente impossível qualquer pessoa vir a ter impulsos de judiar de alguém mais fraco, pois ela aprendeu desde muito cedo que é correto e bom proteger e ajudar todos os seres. Esse é um aprendizado que ficará gravado em sua mente e em seu corpo e valerá pelo resto de sua vida.
Infelizmente muitos pais ignoram essas quatro medidas fundamentais. Pais agressores, que nunca receberam eles mesmos amor e confiança incondicionais, podem ter dificuldade em encontrar um modo diferente de se relacionar com os próprios filhos. O quê se pode fazer por essas famílias? Muitos estudiosos e cuidadores que se empenham na causa infantil, acreditam que mudanças na legislação poderiam obrigar os pais a "resolver o seu passado" se a lei não permitisse mais que as crianças fossem usadas como bodes expiatórios. Na Escandinávia as leis protegem as crianças dos maus tratos, não só agressão física e abuso sexual, mas também surras e intimidação. Essas leis não implicam em penalidades; elas têm como objetivo despertar a consciência das pessoas para as necessidades e direitos legítimos das crianças.
É comprovado que o ciclo dos maus-tratos pode ser interrompido com o tratamento amoroso das crianças. Faço um pedido àqueles profissionais que atendem a famílias, aos pais e a todos que tenham acesso a crianças abusadas, que enfatizem as quatro medidas de empatia entre pais e filhos, pois enquanto não temos uma mudança na legislação brasileira em prol das crianças, é o mínimo que podemos fazer por elas.
Felizmente a capacidade de amar e confiar, uma vez incutida na criança, passa de geração em geração tão facilmente quanto passam a desconfiança e a crueldade. As feridas cicatrizam e não precisam ser reproduzidas, desde que não sejam ignoradas. É perfeitamente possível estar aberto para a mensagem que nossos filhos nos passam e que pode nos ajudar a nunca mais destruir a vida e sim protegê-la e permitir que ela floresça.
Abraços,
Lila
Olá Lila,gostaria de pedir uma grande opinião,eu tenho 10 anos e a menina da minha classe fica me enforcando,me ameaçando e me ofende quando estou sozinha,meus pais foram falar com a dona do colégio e contar para ela o que já vem aconteendo a um tempo,e depois a dona da escola foi me procurar,eu contei tudo mas não se ela acreditou em mim,essa menina diz que vai me matar mas antes ela diz que vai cortar todo o meu cabelo com a tesoura.
ResponderExcluirO que eu posso fazer,minha família vai até a delegacia fazer um RO??
nao tenho imail mas responda que eu olharei nessa pagina Lila,obrigada ass art.
Resposta ao comentário da menina de 10 anos:
ResponderExcluirOlá! Escrevi um novo artigo sobre o bullying neste site. Depois dê uma olhadinha no mês de maio e confira.
O que está acontecendo com você merece atenção e providências urgentes. Tanto você quanto a sua colega da mesma idade, precisam de ajuda. São duas crianças que estão sofrendo de maneiras distintas. Quem pratica o bullying provavelmente tem um hitórico de violência ou abuso familiar e a prática na escola é apenas um reflexo disso. As vítimas de bullying geralmente são pessoas mais passivas e que podem ter dificuldades para se defender. Isso não é uma regra, mas caso você se identifique com esta qualidade (dificuldade para se defender) é importante cuidar através de terapia, para que futuramente você não seja mais ameaçada por essa prática. A terapia pode lhe ajudar a fortalecer a sua auto estima e a sua capacidade de auto defesa. É uma sugestão!
É claro que você está sendo vítima de bullying e isso é muito sério. A situação não pode permanecer assim, pois muitas vezes as ameaças se tornam reais. Então o que fazer? Sugiro que seus pais procurem a direção da escola e informem o que está acontecendo. É importante que eles estejam cientes do que é o bullying e de que a escola deve tomar proviências para proteger você e a sua colega. Caso a escola se omita, é preciso procurar a ajuda da lei. Através de uma ocorrência policial, os pais da menina serão chamados para depor e tomar providências para que a mesma deixe de ameaçar você. A escola não pode se omitir, negar a situação e muito menos não se dispor a ajudar. É obrigação dela intervir no assunto.
Seus pais precisam ser firmes com a escola e pedir uma solução.
Enquanto isso, procure olhar para a sua colega como uma criança igual a você. Ela é provavelmente menos feliz que você, pois está usando a agressão para se impor, ter atenção ou se proteger de uma dor. Sei que é difícil te solicitar isso, mas tente não ter medo, mas se previna e se proteja. Veja se tem espaço para você conversar com ela. Provavelmente ela não espera isso de voê e pode se surpreneder com a sua compreensão e tentativa de solucionar a situação. Tente perguntar para ela o porque de ela estar tentando machucar você. Ela escolheu você para molestar por algum motivo que apenas você e ela saberão. Pense um pouco sobre o que poderia ter dispertado nela a agressão por você. Isso pode lhe ajudar a entender a situação. Entendendo, você pode mudar.
Abraços e espero ter ajudado.
Qualquer dúvida me escreva.
Lila
me ajude o que fazer aminina da sala da minha filha a machuca sempre eu fui ate ela para saber se a mãe viria busca-la e ela esta passando para a mãe outra história o que fazer? obrigada responda porfavor com urgência.
ResponderExcluirolá Lila sou mãe e sei que você e uma psicóloga conceituada como posso falar com você no seu consultorio. obrigada
ResponderExcluirOlá! Obrigada por escrever.
ResponderExcluirSugiro que você procure a direção da escola e informe o que está acontecendo. É importante que eles estejam cientes do que é o bullying. Caso não saibam (algumas escolas não conhecem este tipo de problema, o que é um erro), explique à eles.
A escola deve tomar proviências para proteger a sua filha. Caso a escola se omita, é preciso procurar a ajuda da lei. Através de uma ocorrência policial, os pais da menina serão chamados para depor e tomar providências para que a mesma deixe de ameaçar a sua filha. A escola não pode se omitir, negar a situação e muito menos não se dispor a ajudar. É obrigação dela intervir no assunto.
Não adianta falar com a menina, e é claro que ela irá contar a versão dela aos pais, à escola, etc.
Mantenha a calma e busque a solução pelos caminhos corretos.
Abraços,
Lila
Você pode entrar em contato comigo por e-mail (lila.rosana@bol.com.br) ou pelo telefone do consultório (85)3472.0771.
ResponderExcluirSerá um prazer conversar com você.
Abraços,
Lila
Bom dia Lila,
ResponderExcluirEscrevo-lhe de Portugal. Estive a explorar o seu bloge muitas das suas publicações fazem muito sentido para mim. Ultimamente ando muito angustiada com uma situação. Poderia escrever-lhe para falarmos em privado?
Obrigada.
CCarvalho