quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Nuances da relação entre mães e filhas

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Foto by Lila Rosana
 

  Este pode ser considerado um dos mais intensos e complexos de todos os relacionamentos entre os seres humanos.
 
  Até a adolescência, a relação mãe-filha tende a ser próxima e afetuosa. Filhas livremente expressam seu amor e admiração por suas mães. Chegam a dizer: “Quando eu crescer quero ser como você, mamãe”. Porém, na adolescência, quando a filha se depara com a tarefa de diferenciar-se da mãe, essa relação pode se tornar um mix de intimidade e distanciamento.
 
  Certa vez escutei o seguinte relato de uma mãe: “Minha filha e eu somos tanto as melhores amigas quanto as piores inimigas. Não há meio-termo. Às vezes, ela confia em mim como uma aliada. Ela quer sair comigo, principalmente quando eu me ofereço para levá-la às compras. Há ocasiões em que conseguimos discutir sobre seu futuro de forma civilizada. Mas em outros momentos, não podemos nem ao menos estar na mesma sala, sem insultarmos uma a outra. Sim, eu admito, às vezes eu sou tão ruim com ela tanto quanto ela é comigo, talvez eu seja ainda pior.”
 
Garotas adolescentes querem tanto a distância de suas mães, como manter uma relação próxima com elas. Parece conflitante não? E de fato é. É uma relação bastante contraditória, principalmente quando as filhas adolescentes estão exercendo sua autonomia em suas tentativas de construir uma autoimagem diferenciada da mãe. E é  nessa fase que elas empurram suas mães para bem longe de si.
 
  O autor John Gray (Homens são de Marte Mulheres são de Vênus) acredita que meninas que mantiveram um relacionamento conflitante com suas mães durante a infância, tendem a ser afastar delas durante a adolescência. E diz mais: “Para desenvolver um sentido sobre si mesmas, meninas adolescentes sentem uma maior necessidade de lutar, desafiar, ou rebelar-se contra o controle de suas mães.”
 
  Por outro lado, quando as filhas estão à procura de conexão, eles normalmente voltam para suas mães. Quando a mãe está disponível para este retorno, elas podem viver um dos momentos mais preciosos, grandiosos e íntimos na relação mãe e filha.
 
 Uma universidade canadense está desenvolvendo uma teoria interessante sobre este tipo de relacionamento – mães e filhas.  Eles temporariamente chamam de “P M two”, é a relação entre a menstruação (ou period em Inglês) e a menopausa. Estão estudando meninas adolescentes que estão em seu início da menstruação e suas mães entrando na menopausa. O que vem se observando nestes estudos, é que mães e filhas vem passando por mudanças físicas e hormonais praticamente ao mesmo tempo. Esses hormônios e as alterações físicas que acontecem no mesmo período de tempo, é uma receita para a inconsistência interpessoal e conflitos entre essas duas gerações de mulheres.
 
  Uma participante da pesquisa relatou: “Havia apenas uma ou duas semanas entre o momento em que experimentei minhas primeiras ondas de calor e minha filha teve sua primeira menstruação. E para mim, a menopausa foi repleta de todos os sintomas – calor, irritabilidade, alterações de humor, até mesmo o zumbido nos ouvidos. Com a minha filha passando por todas as oscilações de seu humor e as mudanças físicas decorrentes da menstruação, éramos como dois gatos de rua presos em um espaço apertado”.
mãe
 
  Tem muito que se falar sobre este tipo de relacionamento, mas o intuito do texto é chamar a atenção para a dinâmica que existir entre mães e filhas. Quando as mães, em suas tentativas de manter o relacionamento vivo e saudável, podem vir a sufocar suas filhas. Por isso as mães precisam aprender a ficar por perto e, ao mesmo tempo dar às suas filhas o espaço necessário para ser tornarem independentes e criarem a sua própria identidade.

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